segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RESGATANDO HERÓIS

“As redes de televisão, a internet e os demais meios de comunicação estão fazendo os seus papéis na divulgação do horror perante aos céus e ao mundo do finalmente combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro”.

Fantástico, todos dizem ao mesmo tempo, em um consenso geral.

A população do Rio de Janeiro há muito esperava por uma ação desta natureza, mas a verdade é que durante décadas nada foi feito e, agora, graças à necessidade de um clima de maior segurança aos visitantes que virão para a Copa e para as Olimpíadas, o governo finalmente começou a atuar, resgatando em três dias, maciçamente, a imagem dos policiais e militares brasileiros.

A inversão da imagem do herói para as crianças foi lentamente sendo substituída pela figura forte e poderosa do traficante que começou a formar seus núcleos de ação criminosa, ajudados pelos moradores destes redutos, fazendo deles seus escudos vivos, seus dominados, situação opressiva, mas salvadora em áreas de absoluta carência, onde estes criminosos passaram a fazer o papel do estado nas ações sociais básicas.

O despreparo dos policiais e suas marginalizações constantes, através dos seguidos escândalos, envolvendo-os em corrupções, participações em esquemas criminosos ou em ações absolutamente desastrosas, envolvendo civis, foram tirando até mesmo nossos heróis dos GIBIS ou revistas em quadrinhos.

Os nossos cada vez mais jovens promissores bandidos, foram se encantando pelos ganhos aparentemente fáceis e pelo poder bélico que estes marginais passaram a ostentar, enquanto nossos policiais foram caindo no ostracismo de uma inércia constrangedora, aparentemente freados em suas ações por uma espécie de falência idealista que por muitas gerações levou milhares de jovens a crer ser a profissão ideal.

CIVIS ou MILITARES, existe um número expressivo que desperta nas pessoas um sentimento de pena ou medo por suas carências ou agressividades em suas próprias apresentações físicas, assim como, também despreparados e sem uma devida orientação no dia a dia em suas responsabilidades, passando uma imagem grotesca e mal educada no trato ao cidadão, sem que haja qualquer intenção participativa nas comunidades.

Entrar em uma delegacia de polícia em qualquer lugar de nosso país é sempre um exercício de paciência e tolerância pela total falta de postura e até mesmo de educação para com o cidadão, tratando a todos com a mesma consideração que tratam qualquer meliante, faço ressalvas, entretanto, às exceções, que são raras, mas existem.

Não existe um bom dia e tão pouco respondem ao recebê-lo, afinal, passam a imagem constante de se sentirem acima do bem e do mal exibindo uma extremada autoridade, obviamente no local errôneo.

Suas atuações limitam-se a ações pós crimes e isto já pertence ao passado, até nós, míseros cidadãos, sabemos disto. Polícia atual tem que prevenir as ações criminosas tanto quanto possível, e quando eles querem tudo acontece; o exemplo está nos combates empreendidos agora e em l992, por ocasião da ECO 92, ao tráfico e ao crime organizado no Rio de Janeiro.

Infelizmente, naquela ocasião, tão logo o último avião decolou levando os participantes deste internacional evento, a polícia e as demais forças armadas se retiraram também, e tudo voltou ao normal no quartel de Abrantes.

E de lá, até há pouco tempo, entre a civil e a militar, a única ação conjunta foi justo o jogo de empurra de responsabilidades.

Faço deste espaço um pedido de socorro ao Secretário de Segurança Pública e ao Comando Geral da Polícia Militar que antes mesmo do Natal, quando então a Ilha de Itaparica ainda não estará lotada, os mesmos mirem os seus interesses e forças para, em uma ação conjunta, fazer uma varredura na bandidagem que hoje impera, forçando seus moradores e visitantes a uma permanente insegurança, vivendo e convivendo com ladrões de pé no chão, mas que assustam em suas invasões corrosivas, que aos poucos proliferam e certamente se especializam, amparados pela falta de ações continuadas e de uma certa conivência que todos comentam com vozes sussurrantes, pois afinal, se a população identifica os meliantes que roubam, receptam e traficam, por que justo a polícia desconhece.

Este é um pedido de socorro, antes que tenhamos que recorrer ao governo Federal, como ocorreu no Rio de janeiro, em gritos de angústia, através da imprensa escrita, virtual e televisionada de sua população acuada que, certamente, serão ouvidos.

Afinal, este é um paraíso internacionalmente reconhecido que pouco a pouco morre pelo abandono a que é submetido pelo desinteresse claro de investimentos mais consistentes nas áreas de segurança pública e infra-estrutura.

Estamos relegados ao descaso, com viaturas insuficientes e, algumas, velhas, sem efetivo necessário e sem coordenação de ações eficazes.

Não há limites nas escalas ascendentes da violência, tudo é somente uma questão de tempo e de espaço, para que o bandido vá crescendo em seus domínios e se tornando herói palpável de nossas crianças que enxergam neles os seus futuros, com o agravante de também estarem reféns de administrações capengas que deixam a desejar em todas as áreas de suporte social que não seja tão somente para Inglês ver.

Os atuais bandidos são o resultado de toda esta inversão de valores sociais.

O que se viu ao vivo e a cores nos últimos 30 anos, em relação ao crescimento no Brasil da criminalidade, certamente será cada vez mais rápido, já que estamos vivendo a era da integração instantânea, enquanto nossas polícias se arrastam preguiçosas, ainda no tempo da brilhantina.

Acorda meninos...

Que se resgatem então os nossos heróis, através de um olhar de seriedade do governo a todos nós.

sábado, 27 de novembro de 2010

SAUDADE

Carrossel de sonhos e devaneios muito coloridos.
Paixão violenta que devora o não conseguido.
Prisioneira constante das correntes enfreáveis, do rio caudaloso.
Saudade gostosa do cheiro de terra úmida, do silêncio do inexplorado, do ainda não tocado, do quase irreal, do magnífico.
Saí do turbilhão da cidade grande, encontrei-te solitária e bela.
Imediatamente me possuíste de forma total.
Entreguei-me, ávida de emoções ainda não sentidas.
Rolei, predispus-me toda para te receber, e tu vieste devagar, cobrindo meu corpo e nutrindo o meu eu.
Deste-me certamente, muito mais do que esperei de ti.
Ofereceste-me tanto em cada vez em que nos encontramos que tudo ficou nada morreu, nada foi esquecido, mesmo sem te ver a quase 18 anos.
Sei que invadiram o nosso mundo, e que mãos imprudentes tocaram em ti, também fui tocada, como em ti, arrancaram-me hastes de brotos ainda tenros, ferindo muitas vezes as folhas mal formadas de minha alma.
E os meus olhos, tu te lembras?
Redondos e negros, que ficavam horas à fio, te contemplando e adorando.
Estão um pouco ofuscados, pela fumaça das constantes queimadas que como eu, certamente também sofrestes.
Mas incrível a nossa persistência, voltamos sempre a brotar de forma ereta e com novas forças impetuosas, indestrutíveis...
É o que à todos aparenta, mas apenas nós sabemos o quanto perdem a cada queimada.
Somos nós duas, as razões maiores da natureza,ambas temos tanto a oferecer...
Por que as pessoas precisam modificar, tentando moldar a seu bel prazer, tudo que vê e toca?
Não nos esquecemos, porque não nos violamos.
Respeitei o teu verde, o teu frescor, a tua poética solidão.
Respeitastes as minhas carências e a minha inquietude, própria de quem muito quer extrair da vida.
Eu me dei...
E tu, Guapi-Mirim, iluminastes de compreensão a minha adolescência naturalmente confusa.
Tu também te lembras, de nosso primeiro encontro?
Eu tinha 12 anos, magra e frágil enquanto tu lá estavas, firme, gloriosa, apaixonante.
Este foi o início de momentos marcantes na minha vida que guardo com carinho e enormes saudades.
E que saudades...Posso avaliar como ninguém o por quê de tia Hilda sempre ter te amado tanto, fazendo de ti, a favorita.
Ambas nos alimentávamos de teu néctar de paz para podermos conviver, com o lado de fora tão grande e vazio.
Que saudades... Não sei te dizer quantas vezes quis fugir para te encontrar, buscando a tua proteção,inspiração e paz.
Minha Guapi querida, vivo com a tua lembrança, alimento-me dos fragmentos que de ti me restam, após tantos anos de constantes queimadas.
Eu ainda te tenho e isso me basta.

Retirado do livro Força Estranha de minha autoria.
Escrito em 1979, no Hotel Nacional, na cidade do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O QUE SERÁ... SERÁ ?

Nossa!

A turma do Quero o Poder estava ontem em polvorosa em uma certa casa em Ponta de Areia na calada da noite e sem que seus motoristas, carros e seguranças ficassem em ostentação na porta.

Lá foram deixados e, até às 10horas da noite, as luzes da varanda principal estavam desligadas, podendo apenas ser vistos da rua silhuetas, aliás bem conhecidas de todos nós.

O que será? O que virá?

Como se nós, não pudessemos advinhar.
AH! Meu Deus...

Ligaram para o Jornal comunicando o movimento e, é claro, fomos conferir

Particularmente, aguardo com ansiedade uma notícia que seja alvissareira à todos nós, pois a baderna que ora se apresenta, precisa ser estancada.

Entretanto, fica uma pergunta no ar?

- Conseguirão os próximos dirigentes frear a ânsea dos vereadores e biscateiros de permanente plantão?

Afinal, pelo que se vê, a turma é esfomeada e forte, além de muito bem ancorada por políticos lá de fora que a tudo aplaudem, subvencionados por esferas prá lá de poderosas.

Só resta esperar.
Fazer o que?

Enquanto isso, dá-lhe reuniões, articulações e muitas especulações.

Resta saber, se nas pautas destas reuniões, pelo menos um itenzinho se refira ao bem estar do município e de seu povo.

Torçamos que sim, pois no passado, ainda bem recente, esta mesma turma ignorou este detalhe fundamental à todos nós, abestalhados contumazes, e, unidos, criaram esta situação de desespero, através da permissão omissa do abandono e dos desmandos de nossas instituições.

Eu e, creio, a maioria já entregamos à Deus todo este angú de caroço. Que seja feita então a sua vontade, pois a nossa, coitada... Já foi pro ralo há muito tempo.

Só vendo prá crer.

Morro de inveja dos ministérios públicos americanos que se apresentam atuantes nos filmes que assisto, ao lado da justiça por todo o tempo, investigando com um corpo eficaz de advogados investigadores que amparam verdadeiramente os direitos constitucionais de seus cidadãos.

Por aqui, tudo é muito tão difícil, complicado, lento, sem estrutura e rigorosamente restrito a leis que só funcionam a favor dos crimes de colarinho branco que, atualmente, já nem tão brancos assim se apresentam, pois qualquer Zé da Esquina se torna autoridade, através dos votos dos ingênuos ou comprados ou de alguma nomeação supimpa, prá ele ou ela, é claro, tudo podendo e tudo conseguindo e nada lhe atingindo em forma de punição, bastando tão somente estar com um astuto advogado, sendo muito bem pago com o erário público. E aí, com a maior cara de pau, bem própria de gente prá lá de bem sucedida, passam de cabeça erguida, cantando de Galo e nós,bem... Nós, já entregamos prá Deus!

Será que ele é também um pouquinho itaparicano e virá nos salvar ou já aderiu à minoria, cansado de estar por todo o tempo escutando as lamúrias de gente que insiste em não aprender a respeitar-se como eleitor?

Que coisa heim?!












quarta-feira, 24 de novembro de 2010

UMA QUESTÃO DE OPÇÃO...

Em todas as vezes que eu manifesto minhas opiniões a respeito de política social, o que isto acontece principalmente quando me refiro à Ilha, inevitavelmente, pesa sobre mim um estigma preconceituoso e, portanto, maldoso com o único intuito de desqualificar minhas idéias, taxando-me, dizendo:

Ela está contra nós, porque é de Cláudio Neves.

Quero dizer aos ilustres fofoqueiros, mas acima de tudo inimigos desta cidade linda e repleta de gente querendo ter uma chance de vida menos sofrida e que os senhores em suas estreitezas de visões comunitárias e seus poucos recursos éticos, impedem, justo usando e abusando das limitadas condições de entendimento de cidadania destas mesmas pessoas, que não fui e não sou de ninguém, apenas e tão somente, estou e estarei sempre ao lado de todo aquele que, primeiro, me inspirar um mínimo de confiança e, depois, que eu sinta e veja algum projeto que possa beneficiar a área educacional da cidade.

Por ser uma pessoa que acredita que somente através da educação, possamos nos reconhecer como seres integrados e participativos e, portanto, respeitosos a nós mesmos e a tudo que nos cerca, certamente, não posso apoiar todo e qualquer político que, de alguma forma, não possa promover ou não queira o desenvolvimento nesta área, desviando verbas ou não as direcionando aos seus devidos destinos.

Quanto à fidelidade que dizem ser canina a este líder político, sempre a tive no exercício de minhas escolhas e obrigações, independentemente do tempo em que permaneço. Forma digna que enxergo de conviver com os demais, merecendo através da maioria o devido respeito ao que escrevo e vivo e que me é indispensável.

Portanto, estarei sempre pronta, como sempre estive, a apoiar, defender, subir em palanques e empenhar meus mais sinceros entendimentos sociais à todo aquele que, imbuído de espírito de decência pública, não esqueça à que veio ao ocupar seja lá que cargo político seja.

Como um ser que precisa trabalhar para sobreviver, nada realizo sem que meus proventos sejam respeitados, mas daí a fazer destes minha escravidão, existe uma infindável distância que me é ofensivo.

Portanto, quando defendo alguém em suas idéias e ideais, estou tão somente exercendo o meu direito de escolha que, inclusive, pode ser alterada, pois afinal estou partidária momentânea, o que difere de eu ser partidária eterna, atitude política que faria de mim suspeitamente uma pessoa limitada e de pouca visão progressista, e aí, se assim fosse, eu não poderia me sentir à vontade para apontar visões e atitudes que ferem sobremaneira os direitos constitucionais do povo de minha amada Itaparica.

Jamais quis ser a palmatória do mundo e jamais serei uma encrenqueira gratuita, apenas aplaudo quando me agrada e vaio se me decepciono, mas, acima de tudo, respeito a todo aquele com o qual estou trabalhando e o meu respeito se expressa em minhas discordâncias e na não minha cumplicidade, custando-me o preço que eu tenha que pagar, e acreditem, tenho pago bastante, na ausência de benesses que certamente se calada e omissa permanecesse, as teria, mas aí eu não seria a Regina do Jornal, cidadã simples e respeitada por onde circula e que acima de tudo preza o chão que pisa e, portanto, preza a terra que a acolheu.

E como afirmo em todos os meus escritos, tudo é uma questão de opção e coerência.

BOM DIA!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

MENTES FEMININAS

Sou uma apaixonada pelas mentes femininas em suas capacidades infinitas de serem ao mesmo e por todo o tempo, independentemente da diversidade de suas responsabilidades, absolutamente amorosas e dedicadas.
Observadoras natas, não perdem quase nada que se passa à sua volta e também muito além, fazendo dos detalhes, que batidos passam aos homens, ferramentas extras a serem consideradas.
Perseverantes em seus reais objetivos, pacientes e decididas, uma mente feminina não se cansa de tentar, pois quando elege para si um roteiro, seja ele qual for, dificilmente ela desiste, raramente sucumbe e quase sempre consegue.
Mas é preciso ter cuidado com essas mentes tão brilhantes, principalmente nós, as outras mulheres, pois não sei o que acontece que elas, por genética ou tradição, quando pensam em trair, lembram logo das mulheres.
Não é mesmo mulherada?
Então, fico pensando se elas fossem como os homens que primam pela fidelidade aos outros homens, como teria sido mais fácil e certamente mais curtas suas trajetórias de liberdade.
Ah! Se fossem unidas e participativas em suas idéias e ideais.
Se abrissem a guarda de seus corações para abrigar a outra, muitas vezes sozinha, sem amparo, mas repleta de garra, como fazem aos homens, que não raramente as traem.
Arrepio-me só de pensar em como estaria este mundo, no qual elas dominam.
A começar dentro dos lares em que por tradição entre um filho e uma filha, as birras e malcriações, vem quase sempre das filhas, direcionadas as mães, e estas, por sua vez, só vêem mais predicados nos filhos homens que tem.
Não digam que é mentira ou invenção de escritor, pois até a medicina, através de algumas pesquisas, trata com seriedade deste aspecto que ligado ao emocional fazem mestrados de psicologia, querendo tal como eu entender por que as mulheres quando decidem trair, antes dos homens, traem, primeiro, as outras mulheres.
Penso então na vaidade, característica marcante que envolve o exterior e domina toda a mente, fazendo de cada mulher uma Deusa especial, onde o trono é de um só assento.
Que bom seria se fossemos unidas, teríamos conquistado os nossos espaços e ainda teríamos os homens do nosso lado.
Os sutiãs, não teriam sido rasgados, o feminismo não teria existido e nós, unidas, certamente não teríamos sofrido tanto e hoje estaríamos bem mais solidariamente fortes em nossas conquistas.
Avançamos muito, não restam dúvidas, galgamos degraus antes jamais sonhados, mas estamos inseguras e isoladas, mais do que nunca, ora ostentando títulos e bons salários, ora representando o papel do macho e da fêmea, na mais cruel das misérias e por todo o tempo, em qualquer estágio, perdendo as bases que nos mantinham doces mulheres dominadoras, equilíbrio indispensável, por trás de cada porta.
Este é um ponto de vista muito questionado, tanto quanto o desmoronamento da família, reino mais sólido de nosso domínio que abrimos mão, pela primeira vez, sem medir condições e nos ater aos detalhes.
Fascinante é a mente de nós, criaturas mulheres, que teimosas e persistentes, ainda insistimos em crer que os nossos homens algum dia irão concordar com esta disputa diária a que nos dedicamos, justo para sermos iguaiszinhas a eles.
Nunca, jamais, penso eu que, com tantos homens com quem tive o prazer e a honra de conviver, deixarão suas zonas de conforto que nós, lindas mulheres, oferecemos a eles. E por serem silenciosamente apenas seres mais objetivos e calculistas, abrirão sempre espaço para que exerçamos nossas duplas e muitas vezes tríplices jornadas que imprimimos a nós mesmas.
Eles não fizeram nada, sequer tentaram impedir, apenas continuaram suas caminhadas, tal qual unidos sempre foram, deixando nós as guerreiras mulheres, a meu ver, abestalhadas, abrindo trincheiras e disparando canhões, tendo como alvo, nós mesmas.
Já pensaram se fossemos unidas, planejando com cuidado os nossos amanhãs, quantas injustiças teríamos evitado, quantas dores teriam sido poupadas, quantas famílias estariam de pé, quantos filhos não teriam sido perdidos, quantos amores não teriam morrido.
Mas como não estávamos unidas, ficamos então perdidas, cada qual com sua vitória, com sua coroa e com seus espinhos.
Mas todas, irremediavelmente, sonhando em ter um homem forte, justo e amoroso que as estreitassem em seus corpos e as acariciassem em seus egos.
Afinal, somos especialmente amorosas e biologicamente femininas, sempre apreciando e necessitando um belo macho, tal qual eles em relação a nós, e nesta junção das diferenças é que surge a grandeza da vida, razão maior de qualquer luta.
Não é verdade mulherada?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DENÚNCIA

imagem: carlosbritto.com

No fim da semana passada, recebi um e-mail de um ilustre senhor que participa ativamente dos interesses da Ilha, especialmente de Vera Cruz, onde possui residência.
Omitirei seu nome porque não tenho autorização para divulgá-lo, entretanto, nada me impede de comentar, já que o mesmo se tornou público.
O título do mesmo é: EDUCAÇÃO EM ITAPARICA - O CAOS TOMOU CONTA COMO NUNCA.
Neste e-mail, o senhor denuncia a falta de giz, dispensa dos alunos do ensino fundamental no horário das 10 às 10:30 devido a falta da merenda escolar, a não existência de papel ofício A4 para que as professoras apliquem provas e quando acontece é porque elas compram com recursos próprios.
O referido senhor conclama as pessoas a fazerem em bloco e sem anonimato uma denúncia à:
Ministério Público Estadual e Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério da Educação, Controladoria Geral da União.
E pergunta onde estão os políticos e os vereadores eleitos, justo para fiscalizarem as contas, além de perguntar sobre o destino do dinheiro, já que não faltam verbas para esta área.
- O que é isso??? ( pergunta ele).
Bem, de minha parte, já falei tanto no vazio da indiferença ou dos interesses pessoais que, vendo-me irremediavelmente só, não desisti , mas confesso, dei um tempo.
Não vejo como posso encaminhar-me a qualquer um desses órgãos que o referido senhor indica sem ter nas mãos uma única prova concreta destes desmandos, apesar de sabê-los existir por todo o tempo.
Os interessados se calam e nada fazem. Os políticos, só aparecem nas eleições, justo para tirarem algumas vantagens pessoais, mas jamais pude enxergar uma única ação de suas partes que não seja nas esquinas e botecos ou nas filas dos bancos.
Teoricamente, a oposição política em Itaparica seria exercida por três correntes, pelo menos no meu pobre entender de cidadã.
A supostamente ala governamentista que brigou e se separou da atual gestão e as demais que foram adversárias nas últimas eleições para o cargo de Prefeito.
Além destas, existe um número expressivo de professoras, diretoras, coordenadoras e funcionárias da Secretaria de Educação do Município que são efetivadas e que nada perderiam se fizessem uma denúncia.
Ainda existe um sem número de pais destes alunos que sofrem diariamente desde janeiro de 2009 e que nada fazem, permanecendo atentos a tão somente suas benditas e seguras retiradas mensais referentes ao Bolsa Família, crendo talvez que as perderão se reclamar algo.
Incrível! Mas é a pura realidade.
E se não bastasse, ainda existe o Sindicato dos Professores - APLB -, que nada faz para que a classe tenha uma escola decente para cumprir suas obrigações de educadores.
E aí, fica difícil, e por saberem disto melhor que qualquer um de nós abestalhados é que os senhores vereadores não estão nem aí.
Fazer então o que?
E meu DEUS DO CÉU, pra quem, se ninguém reclama?
Afinal, se calados estão, é porque está tudo bem, pelo menos dentro de suas visões e necessidades.
Vocês não acham?
Breve, lá pelo ms de março em diante, a galera do QUERO O PODER voltará a agir nas articulações, visando as eleições municipais e, então, mais adiante, subindo em palanques, adentrando em casas, escalando picadas ao suor do meio dia, pulando poças de esgoto a céu aberto com toda a disposição, e aí, quem sabe alguma coisa possa mudar, mas isso vai depender tão somente de uma conscientização de cidadania que infelizmente por aqui foi vendida por uns trocados a mais.
E como eu não vendi a minha e não comprei a de ninguém, fazer o quê, não é mesmo?
E em meio a tudo isto, penso nas autoridades que o referido senhor sugeriu que procurássemos e que deveriam ser competentes, exatamente para fiscalizarem os municípios, e se não o fazem, tendo tantos recursos de todas as naturezas, quem somos nós, abestalhados de plantão, a conseguir melhorias?
É lamentável!
Entretanto, seja quem for que, munido de provas concretas, precise de apoio para justamente fazer justiça às crianças de Itaparica, só tenho a dizer que podem contar comigo, mas para OBA OBA ou denúncias vazias, estou fora, como sempre estive.
Todos que me conhecem, sabem do amor que tenho por esta cidade e por este povo, assim como a minha paixão pelas causas educacionais.
É isso aí.

domingo, 21 de novembro de 2010

NOVOS AMANHECERES

Novamente, que bom, o dia já amanheceu e, incrível, eu estou viva!
São sessenta e um amanheceres, repletos de animação, afinal, sou a tal Dona Feliz que, em muitas ocasiões, até aporrinha alguns com a mesma ladainha de vida, felicidade e que merda de mulher chata, acredito que pensem, quando lhes mando meus escritos ou os faço escutar minhas falas de amor, coerência e alegria de viver.
Pois é, fazer o que se é assim que eu me sinto independente do mar estar calmo ou revolto?
Fui aprendendo ao longo do tempo, e põem tempo nisto, a medir as braçadas neste mar de vivência sempre instável ou, no mínimo, surpreendente e com este aprendizado constante, a cada instante, fui ficando menos cansada com os incessantes movimentos e até fui aprendendo a senti-los com certo prazer sacana e debochado de quem, como um ser absolutamente livre, se permite sentir.
- Nossa!
Dirão outros tantos, a senhora anda um bocado desbocada, que coisa feia...
Pois é, esta é uma enorme vantagem de se chegar a esta idade, pois descobrimos sem qualquer constrangimento que podemos tudo, inclusive falar umas coisinhas que, entaladas na garganta, nos faziam tossir de forma irritante.
Porém na maioria das vezes, pelo menos no meu caso, representava tão somente uma coceirinha aflitiva que fui eliminando na medida em que também fui compreendendo e tendo a consciência de que não estava à minha altura e competência alterar, pelo menos a favor do que os meus conceitos foram delineando em minha mente como dentro da razão.
E aí, frente ao inalterável, recorro à orientação maior de minha natureza que, disposta ou não, apenas aceita, não sem antes pensar sobre algum impropério como deixei registrado a cima.
E tudo, então, logo fica bem. Pois, nada é retido que não faça sentido aos meus sentidos, porque sei lá quanto tempo vou ainda permanecer por aqui e se depender de meus esforços sobreviventes, acreditem, ficarei ainda um mundão de tempo, apenas vivendo e deixando aos incautos as frescuras existenciais as quais fui aprendendo a identificar, justo nas perdas, nas lágrimas doídas e nos momentos de absoluto medo por me sentir sozinha ou apenas perdida, que a qualidade de meus instantes presentes não depende dos outros e muito menos de qualquer coisa.
Dependem tão somente de minha bendita vontade voluntária que a tudo supera, acreditando com uma devoção extraordinária de quem, por se sentir amparada, porque aprendeu a reconhecer as poderosas, mas não menos amorosas vibrações que a cercam, que a vida pode ser maravilhosa e muito descomplicada.
E se ela pode ser tudo de bom, por que, então, vou engolir sapos e bananas verdes?
Fabuloso!
Penso assim, a cada instante seguinte a um fato que ocorra, seja ele bom ou ruim, fazendo desta teimosia consciente um caminho permanentemente iluminado que também teimosamente repasso à outros na esperança de vê-los como eu, sem tantos fardos absolutamente inúteis à carregar.
Identificar os joios entre o trigo saudável, antes de qualquer outra vantagem é a garantia de se poder viver com uma infinita e prazerosa sensação constante de lucidez que nos direciona as intenções regeneradoras no sentido evolutivo e aí, ao não tê-las, perde-se um mundão de tempo e de gozo e isto, cá pra nós é simplesmente, imperdoável.
Acabei de ganhar lindos presentes de minha filha e olhe que são só, sete e vinte da manhã.
Que maravilha!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

POR TODO O TEMPO

Não há nada que me ofenda mais do que alguém desconsiderar o meu trabalho ou a minha capacidade em ter minha própria opinião a respeito de qualquer coisa, pelo simples fato de eu ser uma mulher.
Isto não mais existe?
É claro que existe, basta que se queira ver. Maldito preconceito que se camufla em mil formas, mas que permanece latentemente corrosivo, mantendo as mulheres cansativamente tendo que provar por todo o tempo que elas são capazes e, ainda assim, com raras exceções, ganhar menos que os homens e ainda se expor, quando jovens e bonitas, às possíveis cantadas, naturalmente bem mais sutis do que as que eu e outras da mesma geração tiveram que suportar em seus cotidianos profissionais.
Sinceramente, nem sei exatamente porque estou escrevendo sobre isso, talvez seja porque estou me lembrando de um amigo que em dado momento me disse que as pessoas precisam de mim falando e escrevendo sobre a natureza.
Bobagem eu ter me aborrecido, pois na certa, ele só quis me agradar, elogiando o meu lado poético.
Mas para falar a verdade, fiquei puta da vida, e pensei:
- Quem ele pensa que eu sou?
- Alguma idiota, incapaz de reconhecer uma ironia?
- Ou uma ameaça velada?
E aí, todo o meu ser se revolta, frente a qualquer vestígio de preconceito ou desrespeito ao que eu penso a respeito de qualquer coisa.
Cometo muitos exageros e este certamente foi um deles.
Sinto-me na contramão desta via vivencial, como jamais me senti antes, e deduzo que seja porque estou velha e com uma bagagem imensa de conhecimentos sobre as posturas humanas.
Recuso-me terminantemente a ser uma vaquinha de presépio ou a fingir que estou concordando com o que como águas límpidas se apresentam em distonia com o bem comum.
Pensava assim aos l8 anos e penso agora aos sessenta e, é claro, que sistemicamente me ferraram de todas as formas possíveis, mas e daí, eu não me ferrei, não me violentei e tão pouco deixei de ter a poesia, o amor e a vida, como estimuladores do meu dia a dia.
Há quem chame esta forma de ser e de agir de garra, outros chamam de irreverência, outros até dizem que é burrice, eu chamo apenas de opção.
Fiz algumas em minha existência e entre elas, talvez a mais importante, foi exatamente a de ser feliz a maior parte de meu tempo, e isto, logo muito cedo, percebi só seria possível se eu não deixasse que me tirassem a espontaneidade de ser o que eu era e eu era uma pessoa muito simples e amorosamente apaixonada pela vida e por tudo que nela vibrasse, mesmo que esta vibração não fosse exatamente a meu favor.
O tempo passou, como num estalar de dedos, justamente porque não pesou mais que o necessário para que a vida tivesse sentido repleta de infinitas emoções.
Jamais temi sentir as dores que as verdades poderiam causar, assim como jamais camuflei o quanto me sentia fabulosa em meus prazeres emocionais ou carnais.
E agora, neste compasso de despedida desta mesma vida na qual me deliciei, dou-me ao luxo de continuar a só aplaudir o que aprovo, de amar sem me importar se sou correspondida e de poder a cada instante agradecer a este universo inteligente e amoroso todo o carinho e respeito que me dedicou até o momento presente, iluminando o meu olhar, adocicando as minhas intenções e perdoando os meus egoísmos e enganos.
E quando penso na morte, escrevo sobre a vida que, afinal, no meu entender, é tão somente um ciclo ininterrupto de múltiplas vestes.
Hoje, sou a dona Regina do Jornal, amanhã quem vai saber...
Talvez um beija-flor, um raio de sol, um grão de areia, seja lá o que eu vier a ser, com certeza serei vida, gerando mais e mais vida, e por tudo isso alguém ainda pode duvidar que eu aceite que me digam o que devo ser ou pensar?
Quero mais por todo o tempo permanecer feliz.
Boa Noite!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

EM PROFUSÃO

São, neste exato momento, quatro e quarenta e dois da manhã e os pássaros acabaram de chegar em uma verdadeira profusão de sons.
Neste horário, a maioria das pessoas ainda dorme, alguns por que sofrem de insônia, sequer conseguiram dormir e eu cá estou prontinha para começar o meu dia, depois de um sono profundo e regenerador.
Este é o meu horário preferido, nada mais ouço que o barulho natural da vida e, portanto, quietinha em meu canto, reflito com mais tranqüilidade, escrevo sem qualquer interrupção e confesso que me sinto cercada de muita paz com os meus parceiros energéticos a dividir, comigo, inspirações.
Neste instante penso que se fosse analisada por um psiquiatra, teria como diagnóstico, no mínimo, uma esquizofrenia paranóica, afinal, possuir como amigos de longos papos, pássaros, cachorros, peixes, esquilos, flores e plantas, e ainda conversar com o vazio, crendo estar com parceiros sem corpo físico?
Bem...
Que ninguém nos ouça, mas há cerca de uns vinte e cinco anos atrás, um vizinho, espantado, chamou-me de maluca depois de apreciar-me por muitos meses à cada anoitecer, de mangueira ligada, aguando as plantas, mantendo com cada uma em particular uma conversa prá lá de amistosa, com direito a carinhos e beijos.
Não fiquei chateada e até pude entender o seu ponto de vista. Eu era nova no bairro e com certeza esta era uma prática inusitada.
Pois é, o tempo passou, ele morreu, eu mudei de cidade, mas o hábito de estar com os meus amigos, continua inabalável, apenas mudei meus horários de convivência recreativa que, confesso novamente, muito me faz bem e sem o qual não consigo pensar como seria a minha vida.
Finalmente começou a clarear. Abro a janela e sou abraçada por esta brisa marinha que me faz arrepiar.
- Que delícia, Meu Deus!
Enquanto curto o abraço, percebo que meu pé de amoras, com seus inúmeros galhos flexíveis, está carregadinho e eu penso de imediato na geléia que posso fazer e que meu filho, certamente, adorará e que fará com que minha filha morra de ciúmes.
Ouço um barulho de janela se abrindo. É o meu velho que acabou de acordar. Olho no relógio, e nossa!
Já são cinco e quinze e eu nem me apercebi, embevecida que me encontro com minhas amoras oferecidas, minhas brisas da madrugada, meus pássaros e, Meu Jesus, esqueci-me do Raul, meu peixinho adorável. Preciso dar-lhe de comer. Sempre me atraso, mas fazer o quê, se ele permanece calado, enquanto os demais arruaceiros prendem minha atenção?
Será que como o meu vizinho lá da casa da Pampulha, vocês daqui também me consideram um tanto maluca por eu ter este hábito um tanto quanto esquizofrênico de conversar com as flores, de abraçar os nasceres dos dias, de tentar reter por entre as minhas mãos as gotas das chuvas, sem nunca entender desde a infância por que elas às vezes vêem com tanta braveza. E ainda querer dar nomes aos pássaros que me visitam e principalmente por acreditar que o dia de hoje será exatamente como eu imagino e desejo?
Pois é...
Até posso não ser maluca, mas, um tantinho assim, meio esquisita, podem me considerar que eu não vou ficar chateada.
Agora, sinto um fundinho no estômago. A fome já chegou, fazendo alarde exatamente como os cães dos vizinhos que, com os seus latidos, talvez estejam como eu, festejando o nascer de um novo dia e, é claro, também sentindo as brisas e beijando as flores.
Haverá então quem diga:
- Quanta bobagem!
Eu apenas digo:
BOM DIA à todos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

OPÇÕES SEM PRECONCEITO

Não importa o quanto tenhamos estudado, ainda assim, somos muitíssimos desligados de alguns aspectos básicos das condições humanas e logísticas de habitat.
Esta quase alienação é reforçada através da escola que nada a respeito aborda, deixando crescer nossos conhecimentos didáticos, mas mantendo um lúdico a respeito de tudo e de todos que não se encontram em nosso universo periférico.
O conceito que formamos a respeito do modo de ser, agir e viver das pessoas que habitam em outros países e até mesmo em outros estados é baseado tão somente em patamares ilusórios e mesmo frente a tantas informações instantâneas, ainda não somos capazes de criar um senso real.
E se colocarmos o passado em termos avaliativos e comparativos à nossa própria realidade, sempre nos veremos surpresos e até estarrecidos em constatar o como somos e vivemos em relação ao como são e vivem.
Se formos mais adiante e pensarmos no que foi suas vidas antes da chegada dos meios de comunicação e locomoção, aí é que a nossa ficha começa a cair e passamos, então, a considerar o momento presente destas criaturas e de seus habitats com mais consciência e entendimento quanto as suas posturas e formas de ser e de agir no aqui e agora.
Portanto, não pode haver um estudo sério da história sociológica de um povo de um determinado local se não houver também um aprofundamento comparativo destes locais com os pólos centralizadores do poder, que podem estar até relativamente próximo ou muito distante.
Por sua vez, estes pólos regionais que passaram a ser desenvolvidos em alguns aspectos, precisam ser avaliados em relação ao pólo Estadual e este ao Nacional e, portanto, em uma escala de graus de desenvolvimentos gradativos, vai-se traçando um perfil que, certamente, se nos fosse repassado enquanto estudantes da História evolutiva de nosso país, teríamos uma noção de política social mais simples e lógica.
Estes conhecimentos nos direcionariam a um entendimento muito mais sensato e real de nossa própria condição em relação as nossas opções políticas, carreirista e tudo o mais, levando-nos aos entendimentos quanto às opções ou a falta ainda delas em meio a um relativo desenvolvimento que passou a existir de fato. Afinal, não se tem em local algum, real noção de como usá-las.
A exemplo disso, está qualquer lugarejo que até há determinado tempo, até mesmo recente, não dispunha de telefone, hospital, estrada e, conseqüentemente, meio de transporte rápido e eficaz, escolas, postos de saúde, televisão, etc.
Ficamos nos perguntando, por que nesses locais as pessoas permanecem passivas diante de recursos deficientes, pois é notório o descaso das autoridades públicas, quando eles sabem que poderiam ter os mesmos em condições satisfatórias.
Na realidade, eles não enxergam assim, pois se observarmos que antes eles não tinham nada e passaram a ter e, portanto, sentem-se gratificados por estar recebendo tais benefícios ou parte deles, não existindo parâmetros comparativos reais, apenas ilusórios que são vistos através da mídia, mas que jamais fizeram parte de seus universos locais.
Ora, em um país absolutamente complexo como o nosso, não há como se surpreender com a gama imensa de diversificação logística e naturalmente conceitual quanto a esta ou aquela visão progressista. Contudo, estamos sempre nos surpreendendo, inclusive, mantendo um enorme preconceito e olhando estas criaturas como “algo inexplicável ou surreal”, mas acima de tudo menores, como se estivéssemos acima delas como criaturas humanas, quando na realidade estamos tão somente em uma escala educacional mais progressista, com uma gama maior de ofertas, devido a localização de nossos habitares.
Por outro lado, podemos estar muito próximos de núcleos cujos desenvolvimentos parecem não fazer nenhum efeito sobre as pessoas que o habitam, podendo ser até mesmo vizinhos de bairro ou rua.
A explicação é um atavismo que se enraizou e, até mesmo por proteção, se concentrou naqueles núcleos e que são repassados através das posturas aos descendentes, criando uma casta isolada que não se insere além de seus conhecidos e seguros aspectos vivenciais.
Alterar-se este hábito sistêmico, só poderá acontecer através de uma escola abrangente e humanamente solidária que congregue todos os aspectos de sua comunidade quanto aos direitos e deveres, fazendo com que interajam suavemente em uma cidadania igualitária, respeitando as origens, fazendo delas modelos a serem interligados, mas acima de tudo entendidos por todos.
Afinal, todo e qualquer preconceito advém principalmente da ignorância que se tem em relação ao preconceituado. Portanto, se nada sei além do que vejo ou ouço de forma leviana, como posso traçar parâmetros avaliativos que não estejam deturpados por um preconceito já existente?
Não preconceituar, também não significa aprovar, apenas respeitar, frente ao entendimento do que se trata.
Para que haja o sentido exato quanto ao ato primário em optar-se em relação a qualquer coisa, primeiro, tem que haver-se o conhecimento e, em seguida, o entendimento.
Este mesmo desconhecimento é que nos leva a superestimar todo e qualquer estrangeiro que encontramos em nosso país. Existe uma sensação surda, mas evidente em nossas atitudes, que nos leva a admirá-los ou invejá-los como se por serem oriundos de outros países, que nos são lúdicos e fantasiosamente perfeitos, eles automaticamente fossem mais que qualquer um de nós.
Desconhecemos o fato de que eles, sistemicamente, sejam mais ignorantes em vários aspectos, ou que apenas seja uma pessoa que esteja sentindo o mesmo que cada um de nós, agravado ao fato de se encontrar em um país estranho.
Se bem que nossa submissão é tão visível que logo deixamos que eles percebam o quanto nos sentimos diminuídos e logo reside uma inversão de valores e pode-se, então, vê-los ou ouvi-los falar mal de nossa terra e principalmente de nosso povo.
Vai-se lá fazer o mesmo e poder-se-á, assim, perceber o grau de civismo impregnado em cada um, esteja ele em qualquer rincão europeu, asiático ou norte-americano.
Essa percepção em solos estrangeiros é sim um gritante diferencial, mas que em hipótese alguma nos torna um povo inferior ou eles um povo superior, apenas representam um povo mais consciente de suas origens e mais respeitosos ao seu território de origem.
Torna-se necessário não esquecer que simplicidade, pobreza e atavismo, existem em qualquer local onde também resida as dificuldades, o despojamento ou o isolamento.
O apartheid que não seja oriundo de herança social capenga de um passado escravagista e sim atávico de núcleos distintos, existente aqui ou nos confins de qualquer local, é fruto da ignorância pela falta de informações continuadas, de indução à interagibilidade ou tão somente pelo grau de distância dos pólos progressistas que ambienta o isolamento e por conseguinte toda uma visão deturpada em relação a tudo o mais que esteja fora da realidade existente.
O mesmo, portanto, ocorrendo com a visão de quem estiver nos pólos desenvolventistas em relação a aqueles que não dispõem dos mesmos recursos.
Esta ignorância quanto ao outro e aos outros meios de sobrevivência sistêmica, gera os preconceitos básicos de segregação e, a partir daí, tudo o mais que se relaciona a este preconceito se transvestem de “N” roupagens e separatistas.
Este raciocínio que se transformou neste pensamento é oriundo de uma pequena viagem que fiz à cidade de MUTUÍPE e pela observância aos variados e exclusivos estilos e hábitos de vida que fui classificando à cada cidade ou distrito nos 200 km percorridos.
FANTÁSTICO!!!!
- Viajar precisa ser muito mais que ir-se a algum lugar.

sábado, 13 de novembro de 2010

ERA MAIS SIMPLES...

Existem trechos da ESTRADA QUE SÃO VERDADEIROS RETÕES e são neles que me vejo obrigada a ter maior atenção.
Bem, foi isto que me foi ensinado, ainda no século passado, quando o instrutor me orientava para que eu, aos l8 anos, pudesse fazer a prova e, então, possuir a minha habilitação.
Quarenta e dois anos depois, vixe!!!, eu ainda não esqueci.
Também não me esqueci de outras regras que me foram ensinadas, fosse lá em casa, na escola ou tão somente no convívio, onde os parâmetros recebidos eram testados a cada instante.
Formidável esta fórmula simples de aprendizado, pois havia uma lógica nas posturas existentes, sem tantos questionamentos, maiores discussões ou qualquer estudo profundo.
Mas depois de certa feita, acharam que era retrógado e partiram para as reformas e tudo, então, ficou complexo.
Estabeleceu-se nos lares a psicologia e, como meta de orientação na escola, reforçou-se a pedagogia, e entre uma “gia” e outra, com suas vertentes disciplinares, nasceu uma senhora confusão, cresceu a desorientação e tudo se complicou.
O retão de cada estrada que exigia atenção passou a ter curvas sinuosas, altamente perigosas, principalmente para quem não possuía e tão pouco conhecia um razoável instrutor, ficando cada qual como um barco à deriva, ou melhor, dizendo: um veículo desgovernado, amassando postes, derrubando muros, arranhando asfalto e, assim, atropelando a si mesmo.
Até a designação de toda esta confusão mudou, passando de educação para métodos educativos, modernismo progressista que, sozinho, sem parcerias, quase nada pode fazer, além de mesclar as razões com pinceladas grotescas de um modernismo safado que, se de um lado é atraente dizer-se nele se estar, por outro é também arriscado, pois fica-se sozinho em múltiplas variações.
E aí, de repente, frente ao imponderável, passa-se a agir com a rapidez de uma lebre, a força brutal de um gavião, a crueldade de um tigre ou a ingenuidade de um cordeiro, em dualidades infinitas.
Cansado, em meio à tantas curvas sem praticamente nenhum retão para respirar e aprender a pensar, vem o vazio que o impede de enxergar as paisagens, sentindo a emoção do tudo mais, sem, no entanto, sentir o medo e a tensão pela sucessão de curvas sinuosas que pontua por todo o tempo a sua fragilidade.
Na falta do intervalo, onde poderia relaxar, sente surgir então muitos "ias”, dos quais alguns conhecidos lidos ou já sentidos, com nomes variados, filhos das psicopatias , leque bem variado, apresentando-se como legado desta troca desumana do amor e da disciplina pela falsa libertação.
Retrógrada, acredito que sou, por não desprezar os benefícios dos retões e por achá-los necessários, totalmente prioritários, nas mentes e almas ainda em formação.
Penso, então, nas palmadas, benditos toques de amor, lembro da mãe sempre presente, do pai amparo seguro e da família , todos como sólidas margens, que nos induziam por todo o tempo à nos manter atentos aos retões de cada estrada, abrindo espaço às opções que surgiriam, naturalmente, além das curvas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

SEM MEDIDA

Em meio ao imenso cansaço da lida que insistente não dá sequer uma trégua, posto-me então diante do imponderável de nada mais poder alterar, não com apenas uma subordinada resignação, mas com a sabedoria do entendimento que, mesmo quase submersa neste mar revolto, sou capaz de reviver à cada realização, fazendo deste ritual, tão somente um bailado de muitas variantes, cujas cores, perfumes e sabores são graciosamente criados pela minha capacidade de amar a vida e, a ela, permanecer dizendo:

- Obrigado.

E novamente, consciente de estar em meio ao confundível, consigo manter-me lúcida, graças as vibrações que recebo através do vai e vém deste vento que, mesmo imperceptível, me nutre com suas energias que vém de um, de outro, serpenteando-me e, neste estado de quase alucinação, sinto-me real, bela e completa, buscando e oferecendo, amando e sendo amada como um ser metaforicamente perfeito. Não pertencendo a nada e ninguém como posse me pertence, mas tudo passa a ser totalmente meu, na medida em que absorvo e sou absorvida em espasmos de gozo absolutamente completos e intransferíveis, a não ser na medida da minha total falta desta mesma medida.

E entre o Raul do aquário, a Tita, o Toy, o Mob, ou os meus pássaros, deleito-me também com o que não posso tocar ou enxergar, mas posso com certeza sentir, através do cheiro da terra ressequida ou molhada e desta maresia que me acompanhou em todos os rincões agrestes de minha vida.

Sinto-me um universo repleto de sentidos e sentimentos, não dou bola pro azar porque nele não creio, mas dou bola pro amor porque nele me amparo.

E neste, para muitos, surrealismo existencial, sinto-me em posse absoluta de tudo, assim como apossada sem reservas de tudo e de todos com os quais posso abraçar e dizer:

- Te amo.

Na variante, alucinação ou escolha lúcida, me entrego e gozo com o atrevimento de quem só deseja o gozo atrevido, razão constante e companheira fiel desta não menos atrevida criatura que, sem pudor, não esconde as tentações, as paixões e os delírios que só podem ser sentidos se forem incorporados à vida com a mesma necessidade que a fome do alimento, que saciada desperta o desejo do repouso, que nada mais representa que um breve intervalo entre a paz e novamente a paz.

Boa Noite ou Bom Dia, à depender da hora da visita a este amigo virtual, sem rosto, mas com alma, repleto, tal qual minha variante alucinação ou escolha lúcida.



Escrito em parceria com Roger Bonfim

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

QUE COISA, HEIM!...

Quando escrevo que os ideais cívicos desapareceram do convívio ou que, na realidade, as pessoas não estão nem aí mais para coisa alguma, além daquilo que possa afetá-las diretamente e de preferência imediatamente, tem quem diga que estou sendo pessimista ou que esta é uma visão de jornalista implicante que nunca está satisfeita com nada.
Tendo uma comunicação direta com uma gama considerável de pessoas de todas as camadas sociais, constato, após tantos anos de trabalho, que esta é uma postura continuada e cada vez mais perceptiva.
Já perdi a conta de quantas vezes apontei desmandos, abusos, perigos eminentes e etc. Todavia, jamais recebi um retorno que fosse de apoio ou solidariedade. No início, revoltava-me o silêncio, mas, aos poucos, fui aprendendo com este mesmo silêncio, assim como com a eloqüência de muitos sobre este ou aquele desmando, facilmente detectado nos bastidores de qualquer lugar do convívio diário.
Fui aprendendo, também, que não há qualquer maior comprometimento nestas ditas reuniões em prol de alguma melhoria comunitária, justo porque não existe por parte dos envolvidos qualquer interesse real de se indispor com esta ou aquela figura que se encontre no poder, ficando tudo com apenas uma aparência, uma casca sem maior espessura de vontade realizadora.
Provavelmente por esta razão, também são pouco considerados pelo público e até mesmo pelas autoridades, que supostamente protegem ou se tornam cúmplices, pela total falta de cidadania participativa, pois não atuam sem comprometimentos de ordem pessoal e para se estar liderando ou participando de qualquer causa pública, no mínimo a pessoa tem que se sentir livre para a defesa daqueles que se encontram acuados, seja em que área for.
Pois tudo isso é para registrar que quando escrevo abobrinhas, mas coloridas, assim como quando meto o pau de forma genérica, neste ou naquele, que de alguma forma está ferindo os direitos de muitos, a minha caixa de entrada amanhece abarrotada de parabéns, fantástico, muito bom!
Mas quando vou direto ao ponto, com nomes, endereços e telefones, em um clamor doido ou em uma denúncia justa, não só por mim cidadã ofendida, mas por toda uma imensa gama de outros cidadãos, o silêncio se faz presente, afrontosamente doído.
Pergunto, então:
- Onde estão os eloqüentes formadores de opinião?
Os meninos e meninas que nas reuniões de boteco, das esquinas ou dos salões se mostram tão revoltados, alguns até com denúncias nas pontas de suas línguas e muito falantes e sabedores profundos da política local e normalmente repletos de denúncias que me são repassadas?
- Cadê vocês, que sequer têm coragem de escrever um e-mail, dizendo:
- É isso aí.
Que coisa, heim!...
Tudo, menos me comprometer. Não é isso que acontece?
Por esta razão, dizem quando os encontro, pois de sacanagem faço questão de perguntar o que o entendido ou valente achou, e aí, não existe criatividade, a resposta é sempre a mesma:
- Ando muito ocupado, não tenho tido sequer tempo para ler os meus e-mails.
Alguns, caras de pau, têm o desplante de dizer:
- Me conte, criatura, o que você escreveu!
Outros, apenas se justificam e desviam rapidinho o assunto, justo para em hipótese alguma se comprometerem com a Dona Regina e sua pena do Diabo.
E ainda querem ser levados a sério, em seus projetos e pseudos trabalhos sociais?
Me poupem...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DEIXANDO O MEU PROTESTO

Acredito que pela natureza intensa de minhas atividades,seja natural eu estar sentindo, de uns tempos para cá, uma certa impaciência com tudo quanto me parece indelicado e fora de tom.
A cada dia sinto que as pessoas de um modo geral estão mais escorregadias,dissimuladas e absurdamente exclusivistas, e para uma pessoa amorosamente leal, esta postura é simplesmente brochante.
Minha reação imediata, ao perceber a camuflagem ou a desconsideração explícita aos meus olhos e sentidos experientes, sempre foi de uma imediata revolta, mas aos poucos fui aprendendo a respirar fundo e aceitar as pessoas tal qual elas se apresentam, sem, no entanto, dedicar um só instante a mais de meu precioso interesse, já que me é impossível conviver com qualquer tipo de grosseria, seja ela por pura ignorância ou mesmo aquela oríunda de um quase deboche com que as pessoas e as coisas nos dias de hoje são consideradas.
A banalidade, a falta de compromisso e o desrespeito tornaram-se absolutamente comuns nas posturas de qualquer um, ignorando-se o fato do desrespeitado tudo estar sentindo e entendendo, e aí, como esperar um convívio harmonioso se as vibrações emocionais são mais fortes que qualquer camuflagem de disfarce pessoal?
Fujo desesperadamente da possibilidade em me tornar um trator desgovernado, atropelando a tudo e a todos, pois isto não é difícil de acontecer, afinal a doença da inconsequência no trato com os demais, a ganância justificada no abuso disto ou daquilo em nome de qualquer benefício pessoal é altamente contagioso, e novamente digo, CRUZ CREDO, sai prá lá azar, pois nestes tantos anos de vida, jamais conheci alguém que, sendo assim, verdadeiramente usufruisse de uma gota de paz, e a verdade está ai, para qualquer um comprovar, nesta selva sem limites que se transformaram os relacionamentos de quaisquer naturezas.
Mas quem neste rodamoinho se inseriu lá está pensando em paz?
Confesso então que ando sem paciência e como não sei lidar com este estado contemporâneo de molecagem vivencial, saio de cena, apenas lamentando o que se perde neste meio de caminho, pois de um instante para o outro, tudo se torna medíocre, pobre e sem perspectivas.
E para uma filósofa assumidamente apaixonada pelo zêlo social e pelas causas públicas, recolho-me silenciosa, deixando de lutar contra as marés das vaidades e dos oportunismos.
Imaginem vocês que, em meio a enormes desmandos que vem ocorrendo por toda a cidade, assim como a abusiva e constante invasão de lotes particulares em nossa Ponta de Areia, sem que uma só autoridade tome qualquer providência para coibir, agora, corre-se o risco de se perder um belíssimo terreno na beira do asfalto, a meio caminho da única praia verdadeiramente turística, pois tudo indica que a mesma será doada à uma instituição recém constituída com base religiosa que pratica "cirurgias espirituais" e que se diz de utilidade pública.
Este local deveria abrigar uma praça recreativa, assim como um museu da cultura Itaparicana, como por exemplo a casa do caboclo, justo por estar em ponto estratégico e poder vir a representar mais um ponto de atração turística.
Todo este absurdo é amparado por um vereador da região que, ligado a interesses pessoais ao casal responsável por esta instituição, se coloca no papel de lobista, indo contra aos interesses da cidade como um todo.
Apesar de cansada, deixo registrado o meu protesto e meu amor à toda esta beleza, nem sempre devidamente enxergada por aqueles que dela são filhos legítimos.
Eu, na qualidade de apenas agregada, peço socorro em nome de uma Itaparica, também visivelmente sofrida, que, silenciosa, vai perdendo o brilho, o viço, conservando tão somente a teimosia de permanecer esperançosa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"Boas maneiras..."

Hoje, necessitei entregar umas correspondências referentes ao Conselho Municipal de Segurança Pública aos Senhores Delegados, em suas respectivas delegacias, dos municípios de Itaparica e Vera cruz, e CRUZ CREDO!!!!!!!
Como em outras ocasiões, eu e minha filha, sentímo-nos coagidas com a total falta de cortesia, atenção e interesse.
Esta é uma postura comum que afronta o cidadão de bem que, por algum motivo, precisa visitar estes estabelecimentos.
Não sei quando e porque não ensinaram nas academias da polícia Civil, boas maneiras, ficando a prática do: sou autoridade e me respeitem como primeira e última ação desses Funcionários Públicos para com os cidadaos que, afinal, pagam seus salários.
Esta deseducação, afastou o cidadão de qualquer espírito de cooperação e solidariedade e, em muitas ocasiões, quando o assunto é polícia, o que se ouve são lamentações e uma eterna interrogação quanto às suas reais funções, pois quase nada de real interesse alcança o cidadão que por ventura foi vítima de alguma ação criminosa.
É lamentável que os meninos da Civil não saibam diferenciar uma senhora de sessenta anos de um delinquente comum.
As instalações são lamentáveis, a apresentação dos funcionários é assustadora, a falta de atenção básica é incompreensível, pois a função da instituição é atender o cidadão, prestando toda a atenção e acolhimento possíveis.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

DÚVIDAS E CERTEZAS NO FARFALHAR DA VIDA

Como em todos os anos já vividos, neste dia dedicado aos mortos, o céu amanheceu nublado e o cinza quase escuro, de certa forma me deixa um pouco melancólica.
Na quietude deste amanhecer, tendo como companhia meus pássaros cantantes que desconhecem feriados e logo cedinho apareceram para suas visitas matinais e meus adoráveis cães que, tais quais os pássaros, se mantém fiéis ao meu lado, ouvindo ou apenas observando minhas emoções que distribuo sem qualquer pudor, pois foi com eles que aprendi a fazê-lo.
Debruço-me então em questionamentos pessoais, justo porque tudo me chama a atenção e nem tudo me parece coerente com o fato indiscutível de que a vida é perfeita e viver pode e deve ser atos contínuos de espetaculares experiências, sejam elas agradáveis ou não.
Quando faço esta observação, não estou idiotamente desconsiderando todas as dificuldades que são possíveis de ocorrer e que certamente dificultam os instantes vivenciais das criaturas em suas proporcionalidades individuais de todos os níveis, esteja ela logisticamente em qualquer lugar.
Baseio-me tão somente nas posturas emocionais distorcidas daquelas pessoas que independentemente do local, situação sócio-econômico, estão por todo o tempo guerreando consigo mesmo em um afrontamento desgastante sem propósitos racionais e que as flagelam, tirando delas o brilho natural, que todos possuem e que, se bem utilizados, produzem maravilhas como ocorre neste instante em que, atenta, observo um solzinho tímido se chegando devagar, dizendo a mim:
- Ei! Regina, a vida não para e eu estou bem aqui para que você não se esqueça de que a vida neste universo infinito é tão somente um ciclo permanente de mutações e que nesta em que estais te fizestes poeta, amante e apaixonada e que nada, absolutamente nada, pode roubar de ti, a alegria de estar vivenciando toda esta maravilha.
E aí, como não levar em consideração recados tão preciosos da natureza?
Ficar atenta à natureza que se apresenta, independentemente de nossa vontade, em todos os dias é o caminho mais sábio de reconhecer seus efeitos sobre nós, porque, afinal, somos parte integrante dela e com ela interagimos por todo o tempo, através de nossos sentidos que, poderosos, assim como nos demais animais, são bússolas precisas, conselheiras incorruptíveis, amparos naturais.
Ouço o farfalhar dos galhos, esfregando-se maliciosamente uns nos outros em uma dança eroticamente inspiradora.
Sinto a brisa teimosamente fresca que, atravessando as barreiras das portas e janelas, adentra atrevida e me traz uma loucura de arrepio que de tão breve e fantasticamente envolvente, me inspira a registrá-la, a fim de não ser esquecida ou não se tornar banal.
Ação de poeta, filósofa da vida.
Neste dia de celebração aos mortos, registro os 44 anos em que, ainda apenas uma garota de quinze anos, pude conhecer a minha brisa eterna, chamada Roberto, e com ela reconhecer e partilhar o farfalhar de uma vida plena.
BOM DIA a todos.

MUITAS EMOÇÕES

Há quem imagine que levo uma vida solitária em meu reduto tranquilo de paz entre pássaros e borboletas, mas sequer imaginam a profusão das i...