“As redes de televisão, a internet e os demais meios de comunicação estão fazendo os seus papéis na divulgação do horror perante aos céus e ao mundo do finalmente combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro”.
Fantástico, todos dizem ao mesmo tempo, em um consenso geral.
A população do Rio de Janeiro há muito esperava por uma ação desta natureza, mas a verdade é que durante décadas nada foi feito e, agora, graças à necessidade de um clima de maior segurança aos visitantes que virão para a Copa e para as Olimpíadas, o governo finalmente começou a atuar, resgatando em três dias, maciçamente, a imagem dos policiais e militares brasileiros.
A inversão da imagem do herói para as crianças foi lentamente sendo substituída pela figura forte e poderosa do traficante que começou a formar seus núcleos de ação criminosa, ajudados pelos moradores destes redutos, fazendo deles seus escudos vivos, seus dominados, situação opressiva, mas salvadora em áreas de absoluta carência, onde estes criminosos passaram a fazer o papel do estado nas ações sociais básicas.
O despreparo dos policiais e suas marginalizações constantes, através dos seguidos escândalos, envolvendo-os em corrupções, participações em esquemas criminosos ou em ações absolutamente desastrosas, envolvendo civis, foram tirando até mesmo nossos heróis dos GIBIS ou revistas em quadrinhos.
Os nossos cada vez mais jovens promissores bandidos, foram se encantando pelos ganhos aparentemente fáceis e pelo poder bélico que estes marginais passaram a ostentar, enquanto nossos policiais foram caindo no ostracismo de uma inércia constrangedora, aparentemente freados em suas ações por uma espécie de falência idealista que por muitas gerações levou milhares de jovens a crer ser a profissão ideal.
CIVIS ou MILITARES, existe um número expressivo que desperta nas pessoas um sentimento de pena ou medo por suas carências ou agressividades em suas próprias apresentações físicas, assim como, também despreparados e sem uma devida orientação no dia a dia em suas responsabilidades, passando uma imagem grotesca e mal educada no trato ao cidadão, sem que haja qualquer intenção participativa nas comunidades.
Entrar em uma delegacia de polícia em qualquer lugar de nosso país é sempre um exercício de paciência e tolerância pela total falta de postura e até mesmo de educação para com o cidadão, tratando a todos com a mesma consideração que tratam qualquer meliante, faço ressalvas, entretanto, às exceções, que são raras, mas existem.
Não existe um bom dia e tão pouco respondem ao recebê-lo, afinal, passam a imagem constante de se sentirem acima do bem e do mal exibindo uma extremada autoridade, obviamente no local errôneo.
Suas atuações limitam-se a ações pós crimes e isto já pertence ao passado, até nós, míseros cidadãos, sabemos disto. Polícia atual tem que prevenir as ações criminosas tanto quanto possível, e quando eles querem tudo acontece; o exemplo está nos combates empreendidos agora e em l992, por ocasião da ECO 92, ao tráfico e ao crime organizado no Rio de Janeiro.
Infelizmente, naquela ocasião, tão logo o último avião decolou levando os participantes deste internacional evento, a polícia e as demais forças armadas se retiraram também, e tudo voltou ao normal no quartel de Abrantes.
E de lá, até há pouco tempo, entre a civil e a militar, a única ação conjunta foi justo o jogo de empurra de responsabilidades.
Faço deste espaço um pedido de socorro ao Secretário de Segurança Pública e ao Comando Geral da Polícia Militar que antes mesmo do Natal, quando então a Ilha de Itaparica ainda não estará lotada, os mesmos mirem os seus interesses e forças para, em uma ação conjunta, fazer uma varredura na bandidagem que hoje impera, forçando seus moradores e visitantes a uma permanente insegurança, vivendo e convivendo com ladrões de pé no chão, mas que assustam em suas invasões corrosivas, que aos poucos proliferam e certamente se especializam, amparados pela falta de ações continuadas e de uma certa conivência que todos comentam com vozes sussurrantes, pois afinal, se a população identifica os meliantes que roubam, receptam e traficam, por que justo a polícia desconhece.
Este é um pedido de socorro, antes que tenhamos que recorrer ao governo Federal, como ocorreu no Rio de janeiro, em gritos de angústia, através da imprensa escrita, virtual e televisionada de sua população acuada que, certamente, serão ouvidos.
Afinal, este é um paraíso internacionalmente reconhecido que pouco a pouco morre pelo abandono a que é submetido pelo desinteresse claro de investimentos mais consistentes nas áreas de segurança pública e infra-estrutura.
Estamos relegados ao descaso, com viaturas insuficientes e, algumas, velhas, sem efetivo necessário e sem coordenação de ações eficazes.
Não há limites nas escalas ascendentes da violência, tudo é somente uma questão de tempo e de espaço, para que o bandido vá crescendo em seus domínios e se tornando herói palpável de nossas crianças que enxergam neles os seus futuros, com o agravante de também estarem reféns de administrações capengas que deixam a desejar em todas as áreas de suporte social que não seja tão somente para Inglês ver.
Os atuais bandidos são o resultado de toda esta inversão de valores sociais.
O que se viu ao vivo e a cores nos últimos 30 anos, em relação ao crescimento no Brasil da criminalidade, certamente será cada vez mais rápido, já que estamos vivendo a era da integração instantânea, enquanto nossas polícias se arrastam preguiçosas, ainda no tempo da brilhantina.
Acorda meninos...
Que se resgatem então os nossos heróis, através de um olhar de seriedade do governo a todos nós.