Para quem me conhece um pouco mais na intimidade, sabe que sou uma pessoa bastante liberada quanto a falar e escrever determinados assuntos que ainda são considerados tabus, até porque nesta minha área de trabalho, em que busco um maior entendimento das emoções humanas, seria sem lógica qualquer negação a assuntos absolutamente integrados à maioria delas e que determinam posturas mentais que formam as físicas.
Hoje, por exemplo, acordei pensando no quanto a prática do sexo é de fundamental importância no contexto vivencial das criaturas, entretanto, mais do que o volume da prática, está a qualidade deste sexo no seu contexto interativo na junção corpo e mente, sem que necessariamente coexista o amor como aditivo principal, todavia, com a presença indispensável da atração amorosa, o que certamente é diferente de um compromisso de continuidade, mas sim a garantia de uma aproximação mais afetuosa e, portanto, respeitosa.
Penso, então, em nossos jovens e nas suas práticas sexuais, que a meu ver são geradoras de inúmeras futuras patologias psicológicas e físicas, pois são práticas destituidas de afetuosidade, e o que é pior, sem mesmo o entendimento orgástico, que se houvesse pelo menos serviria de liberação à ansiedade compulsiva na qual nossas ainda crianças já vivenciam nesta corrida vivencial de experimentar sem limites tudo quanto a pseuda-liberdade sem parâmetros oferece.
Sepultados os valores respeitosos a si mesmo, sobram o modismo e a inconsequência, deixando nossos jovens à deriva com seus hormônios sem controle à mercê de consequências das quais não estão estruturados para enfrentar, e como zumbis desfilam nas baladas, ou aonde houver possibilidades, suas tristes e melancólicas experiências sexuais sem qualquer traço de ternura, a começar pelo beijo, que nos dias atuais é medido em quantidade justo pelo volume praticado, perdendo assim o privilégio de ser o poderoso selecionador que determinaria se o par seria ou não afim, para que houvesse mais adiante uma continuidade afetuosa que levaria, ou não, a uma intimidade sexual.
Necessário se faz uma reformulação na aplicabilidade das orientações sexuais nas escolas, onde os pais pudessem e devessem participar, introduzindo valores e alguns pudores que não poderiam ter sido desprezados, como o respeito aos sentimentos, atráves do respeito ao corpo, dando a ambos a merecida consideração.
Como é possível que haja um encontro saudável e gratificante entre esta garotada ainda tão necessitada da ingestão de dados identificatórios quanto às suas preferências e necessidades, se buscam em uma só ocasião bocas e beijos num desprestígio gigantesco quanto às suas reais afinidades?
Aliás, eles, provavelmente, sequer sabem o que isto significa, ficando restritos à vaidade pessoal da disputa pela quantidade ou, o que ainda é pior, pela indiferença pelo ato em si, seja de beijar, acariciar ou transar, como gostam de se expressar.
Nas escolas e nos lares, hoje ou há quarenta anos atrás, pouca coisa mudou em termos de esclarecimento, a não ser, é claro, pela presença da camisinha e da pílula, ficam nossas crianças e adolescentes ainda como no passado, entregues ao curso intensivo fornecido pelos colegas, internete, revistas e nas desastrosas experiências pessoais que antecipam situações totalmente desnecessárias.
A melancolia da precocidade transforma-se rapidamente em distúrbios irreversíveis à estruturação desses jovens, certamente fazendo deles, em breve futuro, pessoas tristes e descrentes, sem o poder mágico da pura e expontânea sedução, que nada tem haver com liberdade exacerbada e muito menos quantidade.
Afinal, tesão e emoção estimulam a ternura que reside em cada criatura humana e se isto não está ocorrendo é sinal que o amor, sentimento maior, corre também perigo de extinção.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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