sábado, 19 de junho de 2010

ABRAÇADA POR DEUS

Sentei-me para escrever e apesar de já ter na mente um esboço do que escreveria, no decorrer dos minutos seguintes, as palavras simplesmente não brotavam e foi aí, então, que percebi que justo a janela à minha frente eu havia esquecido de abrir.
Erro fatal às minhas inspirações, que advém exatamente do poder mágico que a natureza, seja ela qual for, exerce sobre mim.
Pronto, agora com ela descortinando o meu jardim, retomo o fio da meada, não sem antes pensar que talvez, assim como eu, cada pessoa possui a sua fonte de inspiração no exercício exploratório de seus dons pessoais, bastando apenas ficar atento para se aperceber tudo quanto mais prazer e paz lhe oferece e acreditem, normalmente é algo tão óbvio em nossas vidas que, arrogantes e preconceituosos, deixamos passar batido sem maiores considerações.
No meu caso por exemplo, apenas abrir a janela para melhor me sentir em meio ao que realmente me pertence e que ninguém pode sequer interferir que é o meu amor à natureza, de onde extraio minhas energias através do prazer em contemplá-la.
Quando estou em contato com ela, mesmo por breves instantes, consigo extrair todos os nutrientes que me inspirarão no decorrer de meu dia a tudo que for preciso vivenciar com mais segurança, carinho, dispensando mais atenção aos demais óbvios que normalmente deixamos de lado até mesmo pelo hábito já enrraizado de não querer enxergar, ouvir, neutralizando o nosso sentir, que, afinal, determinará no final de um dia assoberbado ou monótono o quanto fomos amigos de nós mesmos, permitindo-nos alguns prazeres inusitados e gratificantes.
De certa forma, não somos responsáveis por agir assim, pois desde muito pequenos nossos entes mais queridos sempre dispensaeram enormes cuidados com a finalidade única de nos protegerm disto ou daquilo, tirando de nós o livre arbítrio de pelo menos sentir e optar se é ou não agradável estar no frio, no calor, junto ao terreiro correndo ou tentando apanhar uma só gota de chuva que teimosa escorre por entre nossos dedinhos de inocentes descobridores.
Com este procedimento coberto de amor e infelizmente de repressão, enfraquecemos nosso sistema imunológico físico e emocional, e passamos toda uma vida reféns de gripes, resfriados e de uma infinidade de traumas, fobias, síndromes e o escambal, buscando antídotos que nos devolvam o que jamais conseguimos ter, que foi justo a vida e a liberdade de simplesmente ser para poder sentir sem medo de ser feliz ou infeliz se for o caso em algumas ocasiões.
Fugindo por todo o tempo em mil formas de expressabilidade vamos tocando a vida, tentando inutilmente esconder os nossos medos e as nossas frustrações de permanecermos por todo tempo com aquela espécie de vazio interior, que procuramos compensar desta ou daquela maneira, sem que de verdade consigamos que se insira em nós de forma sistemática e absolutamente fiel.
Neste instante, posso ouvir um BEM-TE-VI abusado, fazendo de sua chegada uma festa em meu jardim, saudando-nos e, é claro, aos demais pássaros em um bom dia repleto de alegrias, que naturalmente é correspondido pelos demais, transformando estes instantes de sonoridade diversificada e, portanto, completa, em um espetáculo musical sem precedentes por ser a cada dia absolutamente inédito, fonte, assim, de inspiração bendita deste universo que neste instante absorvo como se abraçada a Deus eu estivesse.
BOM DIA à todos!!

Um comentário:

  1. Nesse instante posso também ouvir um Bem-Te-Vi, enquanto leio a sua postagem. PAZ, LUZ e Amizade!

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