Silêncio?
Nada disso. O barulho é simplesmente ensurdecedor.
Pouca ou coisa nenhuma é a nossa percepção.
Quando a noite chega, vem pelo caminho despertando mil vidas que, ainda sonolentas, vão se apresentando lentamente, formando um coro gigantesco, caracterizado pelo som constante dos grilos que aos nossos ouvidos parecem únicos.
O cão do vizinho late rouco, como se estivesse resfriado e talvez esteja, exposto que permanece preso a correntes de aço, inclusive no sereno destas noites frias de inverno.
Não se ouve um só murmúrio humano.
Os dias transcorrem silenciosos e sem movimentos humanos, além dos meus próprios que de tão acostumada, nada mais ouço de mim mesma que não seja interno.
Converso por todo o tempo com minha mente irriquieta, que se recusa a parar de pensar no que é capaz de absorver através do pseudo silêncio que me envolve.
Tudo por aqui aparentemente é sempre igual, até o canto dos grilos, o coachar dos sapos e pererecas, o latido do cão do vizinho.
Todavia, a variedade de sons e movimentos são intensos e eu, em companhia de minha mente, circulo por entre eles com a intimidade de quem com eles convive tempo demais, para se sentir solitária.
Intimidade prazerosa que aprendi a gostar de ter com minha mente ainda garota, lá em Guapí, à beira do riacho, sentindo o salpicar das gotas benditas que em mim espirravam vindas da cachoeira, arrancando arrepios de prazer através do friozinho constante que aquele pedacinho de floresta sabia produzir.
Que infância maravilhosa me foi proporcionada, MEU DEUS!
Quantas belezas pude vivenciar, quanto amor me dispus a receber.
Hoje, vou variar, desejando tão somente, Boa Noite!
segunda-feira, 21 de junho de 2010
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