quarta-feira, 2 de junho de 2010

O IMPONDERÁVEL

Nossa... São Pedro abriu as comportas do céu!
Olho para esta chuva que desaba forte sem pedir licença, liberando um friozinho gostoso e que, sem a presença da luz radiante do sol, me leva a pensar enganosamente que estou finalmente vivenciando um inverno na Bahia.
Qual nada! logo passa, cedendo lugar ao sol bendito que faz desta terra ser a mais gostosa do mundo. E olha que eu sou do Rio de Janeiro que, afinal, será sempre a topografia mais bela, talvez a mais charmosa, e etc e tal, mas que na sedução perde feio para a Bahia, pelo menos para mim.
Enquanto falo da chuva, do sol e do meu amor pela Bahia, penso também pela primeira vez e até me trazendo uma espécie de surpresa que, ao contrário dos poetas, não sou lá muito boa para escrever sob a chuva ou nos períodos chuvosos, preferindo sempre o sol pleno ou a noite aconchegante, onde, então, libero como São Pedro as comportas das inspirações e deixo fluir minha alma em suas preferências e impressões através das letrinhas benditas que fui aprendendo a agrupar em uma parceria bendita com o universo, que como um fiel parceiro fornece-me os subsídios.
Confesso que durante as chuvas, de uma forma inconsciente, libero muitos momentos de tristeza, justo por tudo ter, sabendo com consciência o nada que muitos só tem e que se acentua nos períodos chuvosos, fazendo-os mais sentir o caos de suas existências sistêmicas.
Mesmo não querendo pensar, penso naqueles que ainda moram em casebres de sapê, barracas de lona ou coisa pior, sentindo-se ainda abençoados, pois bem sabem que outros tantos nem isto possuem.
Não gosto muito das chuvas, por que neste período questiono os critérios de Deus, e aí, ponho em cheque todos os dogmas nos quais busco me amparar, não aceitando qualquer explicação que como, mãe protetora, todas as religiões, sem excessão, oferecem para aplacar remorsos, garantir caridade, disfarçar o não ponderável.
Bom dia a todos!

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