Inevitavelmente
associo o meu dia a dia aos ensinamentos maravilhosos que recebi das mulheres
de minha família, no que destaco a linda e encantadora tia Hilda que apesar de
ter o nome igual ao de minha mãe, era absolutamente diferente, afinal, mamãe
era filha de portugueses pragmáticos e deles herdou a praticidade que deveria
empregar no cotidiano e até nos seus sentimentos e emoções, já tia Hilda era a
poeta, artista universal, capaz de desenhar com os olhos de sua imaginação todo
um arco-íris em plena tempestade.
E assim, um
muito de cada uma foi impresso em minha formação, desenhando em mim, um perfil
interessante entre o lógico e o lúdico que trago até o momento, feliz da vida,
pois, foi capaz de ampliar os meus horizontes, enquanto, consolidava os meus caminhares
terrenos.
Percebo
então, que o muito de cada uma, verdadeiramente impregnou a minha forma de amar,
fazendo de mim um ser apressado para amar, querendo sorver os cheiros, as
texturas e os sabores o quanto antes melhor, sem no entanto, ser estabanada
para macular suas naturezas e aí, inevitavelmente, lembro-me dos jardins e das
flores e das muitas vezes que me foi ensinado a querer tê-los lindos e
perfumados para o deleite de meus sentidos sem que para tanto, eu precisasse
feri-los com a morte precoce das flores ou destruir um fruto em ainda
desenvolvimento na beleza exuberante de seu próprio habit.
Ensinaram-me
a gostar de admirar, sentindo de forma completa o prazer de saber que existiam,
estimularam-me a sorver as delícias de seus aromas, a delicadeza em saber tocar
nas suas infinitas e diferenciadas texturas, somente saboreando os frutos que
delas brotavam sem no entanto, grosseiramente arrancá-los, maculando suas
naturezas.
Tenho pressa
para o amor, mas acima de tudo aprendi a respeitar o ser amado em seu tempo e
no seu bendito espaço existencial.
Que nesta sexta-feira,
ainda sem sol, possamos desenvolver os nossos sentidos para simplesmente amar
com pressa ou devagarinho, as belezas de nossos jardins de vida.
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