Estou aqui como sempre aparentemente sozinha, nesta
madrugada de quinta-feira, já escutando a chegada dos meus pássaros cantadores
se aproximando e aí, abro a janela para ouvi-los melhor e, por que sou abusada,
acredito que assim possam também me ver, afinal, nossa relação é tão íntima que
me convenço que também eles apreciam a minha companhia e como eu, anseiam por
este encontro matinal.
Chega de devaneios, mulher!!!
Digo a mim mesma pelo menos umas dez vezes ao longo de um só
dia, já que meu mundo de pessoa humana não existiria se eu não fosse uma velejadora
mental, singrando por todo o tempo nos mares calmos, mas caudalosos de minha
mente.
Mas tu não afirmas por todo o tempo que és livre como os
pássaros, como agora te apresentas como uma nau de mares inspiradores?
Ora bolas!!! Não me aborreça consciência lógica, pois, bem
sabes que sou livre e como tal, posso ser o que quiser, quando quiser e não lhe
devo satisfações.
E neste papo franco e descontraído com a lógica do meu ser
de criatura humana, não posso deixar de comentar a minha sempre pressa em viver
novas e surpreendentes aventuras que eu, sempre tentei disfarçar, como uma boa moça,
apesar de eu mesma me sabotar por todo o tempo, através de meus textos ou dos
arrojos de minhas posturas, deixando escapulir entre vírgulas e pontos, ações e
reações, esta minha natureza afoita e deliciosamente safada que adora sentir
arrepios de emoção a cada experiência pensada e vivenciada.
Pois é... sempre tive pressa e agora, mais do que nunca.
E aí, por todo o tempo agarrei sempre a vida e fiz dela o
meu parque de diversões, meu jardim do éden, meu celeiro de realizações, onde
tudo é ganho somado ao aprendizado.
O dia finalmente amanheceu, atendendo a minha pressa em ver
os raios do sol após, as chuvas da madrugada, mas por enquanto, tudo está ainda
nublado, mas como somos muito parecidos, provavelmente logo surgirá no
horizonte, um apressado e atrevido azul celeste, anunciando o tão desejado sol.
Uma quinta-feira repleta de emoções gostosas para todos nós,
bastando descruzar os braços e a mente, deixando-os livres para simplesmente voarem,
singrarem, ou seja, lá a forma que quiser se libertar.
Então, faça como eu, não “veja a hora” de sentir o diferente
e o inédito, sendo finalmente libertos da tirania monótona, mas devastadora da
mesmice do cotidiano.
E como escreveu Rainer Maria Rilke no livro, Cartas a um
jovem poeta( 1875-1926 ),
“Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas”.
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