quinta-feira, 26 de novembro de 2020

NÃO VEJO A HORA....

 

Estou aqui como sempre aparentemente sozinha, nesta madrugada de quinta-feira, já escutando a chegada dos meus pássaros cantadores se aproximando e aí, abro a janela para ouvi-los melhor e, por que sou abusada, acredito que assim possam também me ver, afinal, nossa relação é tão íntima que me convenço que também eles apreciam a minha companhia e como eu, anseiam por este encontro matinal.

Chega de devaneios, mulher!!!

Digo a mim mesma pelo menos umas dez vezes ao longo de um só dia, já que meu mundo de pessoa humana não existiria se eu não fosse uma velejadora mental, singrando por todo o tempo nos mares calmos, mas caudalosos de minha mente.

Mas tu não afirmas por todo o tempo que és livre como os pássaros, como agora te apresentas como uma nau de mares inspiradores?

Ora bolas!!! Não me aborreça consciência lógica, pois, bem sabes que sou livre e como tal, posso ser o que quiser, quando quiser e não lhe devo satisfações.

E neste papo franco e descontraído com a lógica do meu ser de criatura humana, não posso deixar de comentar a minha sempre pressa em viver novas e surpreendentes aventuras que eu, sempre tentei disfarçar, como uma boa moça, apesar de eu mesma me sabotar por todo o tempo, através de meus textos ou dos arrojos de minhas posturas, deixando escapulir entre vírgulas e pontos, ações e reações, esta minha natureza afoita e deliciosamente safada que adora sentir arrepios de emoção a cada experiência pensada e vivenciada.

Pois é... sempre tive pressa e agora, mais do que nunca.

E aí, por todo o tempo agarrei sempre a vida e fiz dela o meu parque de diversões, meu jardim do éden, meu celeiro de realizações, onde tudo é ganho somado ao aprendizado.

O dia finalmente amanheceu, atendendo a minha pressa em ver os raios do sol após, as chuvas da madrugada, mas por enquanto, tudo está ainda nublado, mas como somos muito parecidos, provavelmente logo surgirá no horizonte, um apressado e atrevido azul celeste, anunciando o tão desejado sol.

Uma quinta-feira repleta de emoções gostosas para todos nós, bastando descruzar os braços e a mente, deixando-os livres para simplesmente voarem, singrarem, ou seja, lá a forma que quiser se libertar.

Então, faça como eu, não “veja a hora” de sentir o diferente e o inédito, sendo finalmente libertos da tirania monótona, mas devastadora da mesmice do cotidiano.

E como escreveu Rainer Maria Rilke no livro, Cartas a um jovem poeta( 1875-1926 ),

“Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobrenão a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas”.

 

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