sexta-feira, 20 de novembro de 2020

O BEM-TE- VI...

Esgoela-se no galho da mangueira ao ponto de distrair minha focada atenção do livro que teimosamente releio, hábito adquirido desde a juventude, pois, mesmo ninguém jamais tendo me alertado, algo em minha consciência me dizia que a cada vez que um mesmo  texto é lido,  uma nova visão é encontrada, principalmente se entre uma e outra, existir a passagem do tempo como sábio colaborador.

Não sei se ele chama por uma amorosa parceira, mostrando-se robusto, soltando seu canto poderoso ou se simplesmente, nesta manhã chuvosa de novembro celebra a vida, assim como eu, que escrevo, pontuando a minha paixão por ela e por tudo que nela reside.

Incrível é a capacidade humana em reciclar-se a cada instante, não menos incrível e assustador é a obtusidade em não abandonar suas próprias torturas, fazendo delas, chicotes pesados que cortam desejos, ideias e ideais, transformando cada cicatriz deixada, numa justificativa que o consola.

Quero ser eternamente como um arisco Bem -te- vi, soltando meu canto pelos galhos de infinitos jardins, atraindo afinidades que me encantam e me completam na vida.



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