segunda-feira, 23 de março de 2020

Isolamento forçado



Há uma enorme diferença entre optar em ficar em casa e não poder sair de casa. Até então, que me lembre, só mesmo na infância, quando o castigo pelos males feitos, tinham como punição, não poder brincar na calçada.
Sim, porque sou do tempo que andar de patins ou de bicicleta com os amigos da rua, era mais importante que o tudo mais.
Todavia, afora as brincadeiras na calçada, e o bendito banho de mar, ficar em casa, sempre foi minha opção mais corriqueira, pois, nada podia substituir meu colchão de molas que moldava-se ao meu corpo e me aconchegava a alma, permitindo-me fazer mil planos de sonhadora contumaz, enquanto, percorria com os olhinhos ágeis de menina, o poderoso galho da amendoeira do vizinho, que se esticava majestosamente flexível, adentrando em meu quarto, através da janela, tão logo era aberta e que, não havia determinação de pai ou mãe, que fosse capaz de cortá-lo.
O tempo foi passando, mil experiências fui vivenciando, mas ficar ou voltar para a minha casa, sempre foi um enorme prazer.
Agora, que posso usufruir abusadamente do fato de não sair de casa, estranho, pois, sinto-me refém da obrigatoriedade de não poder sair e minha mente, ansiosa, só visualiza a praia que está logo ali, tão pertinho e eu, sequer posso ir deleitar-me naquelas águas mornas e tranquilas, que tanto bem me fazem.
Preciso me acostumar, mas confesso que vez por outra, a menina rebelde fica tentando a mente da senhora responsável, dizendo:
“Só uma escapadinha”!
Ontem e hoje, fui capaz de resistir.
OH! Deus meu, até quando?

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