Na noite de
ontem, meu Roberto e eu, compartilhamos, um profundo vazio existencial.
Aquela sensação
devastadora de não mais sabermos a realidade de absolutamente nada, em relação a
toda e qualquer informação, oriunda dos três poderes da República, assim, como
das principais mídias de comunicação nacional.
De repente,
tudo e todos são suspeitos de estarem nos manipulando em prol de seus próprios
interesses.
E aí, como estaremos
nós em nossos cotidianos se cada autoridade, blindada pelo poder que lhes
conferimos, cria a cada instante, em nossas mentes e consequentes
sobrevivências, o medo, o pânico, a incerteza e por fim, a dúvida em todo o
sistema político, social e econômico, que nos direciona?
Como não
acreditar nas declarações do maior líder do país, se ao seu lado, está um corpo
executivo que a maioria dos cidadãos, acreditou ser no mínimo, composto de
profissionais competentes e pessoas sérias e comprometidas com o restauro das
instituições do país, e da segurança de seus cidadã?
Mas também,
como esquecer dos enganos anteriores que nos levou quase a banca rota, sem que
nos déssemos conta da dilapidação grotesca, que se fazia insaciável?
Não podemos
fechar os olhos e os ouvidos, para a realidade brutal de uma esquerda tenebrosa,
que não admite estar fora do poder e que, acostumada a comprar a vaidade e
ganância dos demais, instiga-os ferozmente a não se esquecer das benécias que
lhes é negada pela direita?
Como não
perceber que após, um ano e dois meses de maciço ataque, sem que o inimigo dê
sinais de tombamento, esteja voltando a artilharia, justo para o povo de forma
indiscriminada, para enfraquecer sua maior força, minando e enfraquecendo
calculadamente, através da dúvida, quanto, a sua segurança pessoal?
Ou tão
somente, são duas forças poderosas que fazem um desastroso e incansável “cabo
de guerra”, sem que as forças armadas deste continental país, tenham flancos de
combates preparados para reprimi-los?
Ou será que eles,
optaram pela camuflagem de seus próprios “fortes” de combate, na segurança estratégica
e mesquinha, esperando o final da batalha, para aí, sim, amparar o vencedor?
Novamente,
mas agora de forma assustadoramente empírica, sentimo-nos até mesmo, pela
fragilidade de nossas avançadas idades, reféns da malvadeza humana, mais cruel
e devastadora que qualquer doença, que por ventura, venhamos a contrair.
Em quem
confiar, meu Deus, se de loucos e gananciosos, estamos todos cercados?
Simbolicamente
acorrentados em nossas próprias casas, negros e brancos se veem confusos, e sem
qualquer real perspectiva, em um país de muitos ritmos musicais e de muitos gingados,
mas também pagador da mais dispendiosa, corrupta e inoperante justiça.
Para a
manutenção de escravos agradecidos, distribuem a ração que os mantém
esqueléticos, mas vivos o bastante, para mesmo, mal nutridos, ainda serem capazes
de mantê-los com o chicote em riste, riscando o céu de suas vidas.
E novamente,
como se fosse um mantra de consolo emocional, nesta manhã de 25 de março de
2020, lembro de Castro Alves e, então, entendo a dor visceral que sentia ao
escrever “o navio negreiro”, obra prima dos poemas, donde deixou ecoar através
da externalidade da sua própria dor e total impotência, frente ao gigantismo despudorado
e totalmente malévolo, da ganancia e estupidez humana.
“Senhor
Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade tanto
horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas com a esponja de tuas vagas de
teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!”
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