terça-feira, 12 de novembro de 2019

INCRÍVEL FANTÁSTICO E EXTRAORDINÁRIO.



No século passado, mais precisamente no final dos anos cinquenta, quando, ainda a TV era um sonho americanizado para a grossa maioria dos brasileiros, havia um programa às sextas- feira na RádioTupi do Rio de Janeiro, comandando pelo então, jornalista Henrique Fôreis Domingues, o “Almirante”, que mexia com o imaginário dos ouvintes. O programa contava histórias fantásticas de terror e mistério enviadas pelos ouvintes.
Ainda me lembro que sentadinha no tapete ao chão, rodeada pelos meus pais e irmão, acomodados em suas poltronas, após o jantar, ouvia as tenebrosas histórias, que foram tão impactantes, que até hoje, posso lembrar da voz poderosa do narrador, que me assustava mais que as histórias que a minha mente de criança de quatro /cinco anos, não era capaz de compreender.
Não esqueci é verdade, assim como, ficou guardadinha no inconsciente, como se fosse um sinalizador mental, que identificava o inadequado que, eficiente, indicava com precisão todas as manifestações do inadequado.
E aí, ao longo de minha vida, fui detectando a cada momento tudo quanto, me pareceu incrível, fantástico e extraordinário, no tocante não só ao inadequado, mas principalmente, a todas as grandezas possíveis de serem encontradas na criatura humana.
Através destas descobertas fabulosas, convivi e aprendi muito, no entanto, confesso que ainda me assusta, o quanto, o misterioso de qualquer natureza, permanece intocável, frente a necessidade humana em acreditar no extraordinário, mesmo que beire as raias do absurdo.
Os sons incríveis que atravessavam fabulosamente a tela tecida de barbante amarelado do rádio de minha casa, definitivamente, adentraram em minha mente infantil, determinando com paixão a minha futura predileção pelas narrativas do cotidiano, sempre impregnadas do incrível, do fabuloso e do extraordinário comportamento humano.
Amanheci pensando na exclusão continuada que não é enxergada e muito menos compreendida com naturalidade, nos sutis ou inflamados discursos aos quais nos acostumamos a ouvir ou ler, mas que na realidade, escondem enganadoras falácias sobre desenvolvimentos sustentáveis e inclusões democráticas humanas, onde o disfarce ao preconceito se apresenta de mil formas envolventes que, por incrível que se possa parecer, ainda engana e distorce a seriedade da busca do que seria o ideal socialista, através do equilíbrio nas convivências.
E aí, lembro que no feriado passado, enquanto secávamos os corpos à sombra de um bucólico coqueiro nas areias em Ponta de Areia, que abusadamente chamo de meu quintal, somos surpreendidos com uma família que chegou com cooler e churrasqueira.
Sorrimos para eles e ficamos pensando, o quanto a praia é democrática, dando espaço a todos sem qualquer cobrança, enquanto, nós, filhos da arrogância, primos da infâmia e irmãos da segregação, cremos que podemos e devemos impedir que a liberdade se estabeleça e o direito seja respeitado, ignorando o simples fato de que sempre há lugar para todos, desde que sejam respeitados os limites necessários para a preservação do individual e do tudo mais.
Final da história, foi que os “Turistas farofeiros” nos ofereceram uma latinha de cerveja, a qual, aceitamos com prazer.
Simples assim...
OBS: O que uma coisa tem com a outra? Na apenas leitura do texto, nada, mas ao interpretá-lo, provavelmente, tudo.


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