Durante todo o ano de 2018, o Disque 100, canal de denúncia
oficial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, recebeu
17.093 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. Das
denúncias recebidas, 80,86% são relacionadas ao abuso sexual e 15,78% à
exploração sexual. Cada uma dessas violências possui características distintas,
mas os danos causados às vítimas são igualmente devastadores.
Enquanto isso, escamoteia-se o assunto, fingindo-se
hipocritamente que este absurdo, não está de forma brutal ligado à pobreza e
sua consequente marginalização.
As ações públicas de denúncia, prevenção e punição existem,
mas ainda de formas tímidas, se comparadas à outras que ocupam as redes
nacionais de notícias e as mentes das pessoas, como se uma não estivesse intrinsecamente
ligada a outra, num ciclo de violência que só cresce, miserabilizando as
sociedades como a nossa que possui baixíssimo índice educacional.
Em breve, com a chegada do verão, as mídias televisivas,
buscarão em seus arquivos as velhas e carcomidas notícias sobre o assunto,
realçando o turismo sexual, como se este, fosse o mantenedor deste tumor maligno,
que em sua maioria é encontrado no próprio corpo doméstico.
Não há promoção sobre o assunto, pois este é mais um “tema
tabu”, ficando como tantos outros, relegado a flashes noticiosos e pesquisas
quase invisíveis, além de prevenções e punições públicas sem qualquer maior
empenho, enquanto isso, discute-se em defesa ou acusações, sem qualquer
consciência da existência da lógica, os emocionais fascinantes sobre a cor da
cueca que “Lula” irá usar no almoço no Palácio de Ondina, esquecendo-se da
tragicômica situação de um Governador, representante do povo de um estado,
receber com honrarias um ex-presidente condenado por diversos crimes, como se o
palácio em questão, fosse propriedade de um partido e não de uma população
nacional.
Essas incongruências posturais em todos os níveis, podem até
não parecerem perigosas e responsáveis pela situação caótica do flagelo humano
de nossa esmagadora população dos “sem tudo” que dominam o cenário nacional,
mas são, e precisam ser combatidas com a mesma veemência que outros, não menos
importantes, que o foram e são a cada instante, nas telas, nas mídias, nas
esquinas e nas nossas consciências, quanto ao reconhecimento de que tudo que se
vivencia, não surge do nada e que tudo, está irremediavelmente, ligado ao todo..
Breve, Fernandinho Beira-Mar poderá ser convidado para receber
a “medalha da ordem e do mérito”, por ser o mais antigo condenado a liderar do
presídio, o inferno de Dante em todo o país.
Enquanto, a consciência não se estabelece, resta dançar-se o
Bolero de Ravel, melancolicamente no palco da caótica vivência cotidiana.
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