Tenho
observado nos últimos pelo menos 30 anos a proliferação dos “amigos” e “irmãos”,
na vida das pessoas e que começou na realidade com a introdução nas escolas do “tia”
que, rapidamente, substituiu o “professora”
pelas nossas crianças e que, confesso sempre achei inadequado, pois se
confundia com as titias familiares, descaracterizando uma qualificação das mais
relevantes na vida de todo ser humano e criando um falso apelo emocional de
aproximação que, na realidade, jamais poderia ser concretizado, já que no
mínimo em uma sala de aula, abriga-se pelo menos 20/25 crianças, além de
confundir atribuições e limites no relacionamento, criando uma intimidade, nada
produtiva, pois empana a autoridade do mestre em sala de aula que, não é e
jamais será adequada, pois destrói a figura de autoridade, muito necessária
para que haja o entendimento hierárquico.
Com o
advento da internet, outra falsa noção de intimidade fraterna nos
relacionamentos surgiu com força total, transformando desconhecidos em amigos
irmãos, e aí, muitos dirão:
O que é isso
dona Regina, todos sabem que é apenas uma forma mais íntima de se relacionar.
Digo que
tudo bem, isso é também uma realidade, todavia, escondidinho por traz deste amigável
tratamento, existe uma linha tênue que reserva a cada um, o direito de romper
sem maiores explicações, tão prestigiada amizade, assim como camufla através da
distância e de um anonimato( já que é impossível, saber-se quem realmente está
do outro lado), todas as gamas emocionais das criaturas e falsamente, criando
uma sensação de estreitamento de sentimentos, impossíveis de serem
concretizados sem que haja, o toque, o cheiro e a troca de olhares que é capaz
de transformar ou consolidar qualquer relacionamento.
E assim,
todos são amigos, parceiros e irmãos, enquanto a solidão existencial se instala,
fragilizando sentimentos e confundindo emoções. Todavia, o pior é que esta
forma de relacionamento se expande sem censuras para todos os outros colóquios
vivenciais, transformando encontros sociais e profissionais em banais
relacionamentos, onde são trocados termos envolventes e impactantes, sem
qualquer maior conteúdo.
E para o distraído
que por ventura se deixa envolver, acreditando na fiel amizade, a dor da
decepção se torna maior e mais devastadora, assim como, quando a tia, não
atende as vontades do sobrinho em sala de aula, a pirraça aparece, numa
intimidade familiar absolutamente inaceitável, pois, a professora se faz
presente, no apogeu de sua autoridade e a criança frustrada, pois se sente
enganada, reage abruptamente, como é possível de se constatar em performasses
assustadoras, quase que impossíveis, serem reais.
Entre uma e
outra falsa intimidade, perdemos os valores domésticos, pois os pais se
tornaram amigos, confundindo suas crianças com a nomenclatura de suas atribuições
e com a fragilidade de suas atuações, que por sua vez, aderiram a preguiça
mental de tão somente, aceitar as controvérsias que foram se apresentando, ao
invés de reverem suas responsabilidades na formação de seus filhos.
Mas
existirão aqueles que entendem nisto tudo, apenas, hábitos dos novos tempos,
sem perceberem que as inversões posturais distorcidas da realidade das
convivências sistêmicas, são estímulos que se aglomeram e reforçam a falta de
empatia existente entre tios e amigos, na formação e proliferação de uma
constante violência.
Deixo para
os psicólogos, antropólogos e neurocientistas, estudiosos do comportamento humano,
o aprofundamento desta minha reflexão, pois sou apenas uma curiosa, apaixonada
por gente.
Eita,
segunda -feira que começa quente!!!!!
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