segunda-feira, 25 de novembro de 2019

AMIGOS E TIAS e sei lá mais o quê...



Tenho observado nos últimos pelo menos 30 anos a proliferação dos “amigos” e “irmãos”, na vida das pessoas e que começou na realidade com a introdução nas escolas do “tia” que,  rapidamente, substituiu o “professora” pelas nossas crianças e que, confesso sempre achei inadequado, pois se confundia com as titias familiares, descaracterizando uma qualificação das mais relevantes na vida de todo ser humano e criando um falso apelo emocional de aproximação que, na realidade, jamais poderia ser concretizado, já que no mínimo em uma sala de aula, abriga-se pelo menos 20/25 crianças, além de confundir atribuições e limites no relacionamento, criando uma intimidade, nada produtiva, pois empana a autoridade do mestre em sala de aula que, não é e jamais será adequada, pois destrói a figura de autoridade, muito necessária para que haja o entendimento hierárquico.
Com o advento da internet, outra falsa noção de intimidade fraterna nos relacionamentos surgiu com força total, transformando desconhecidos em amigos irmãos, e aí, muitos dirão:
O que é isso dona Regina, todos sabem que é apenas uma forma mais íntima de se relacionar.
Digo que tudo bem, isso é também uma realidade, todavia, escondidinho por traz deste amigável tratamento, existe uma linha tênue que reserva a cada um, o direito de romper sem maiores explicações, tão prestigiada amizade, assim como camufla através da distância e de um anonimato( já que é impossível, saber-se quem realmente está do outro lado), todas as gamas emocionais das criaturas e falsamente, criando uma sensação de estreitamento de sentimentos, impossíveis de serem concretizados sem que haja, o toque, o cheiro e a troca de olhares que é capaz de transformar ou consolidar qualquer relacionamento.
E assim, todos são amigos, parceiros e irmãos, enquanto a solidão existencial se instala, fragilizando sentimentos e confundindo emoções. Todavia, o pior é que esta forma de relacionamento se expande sem censuras para todos os outros colóquios vivenciais, transformando encontros sociais e profissionais em banais relacionamentos, onde são trocados termos envolventes e impactantes, sem qualquer maior conteúdo.
E para o distraído que por ventura se deixa envolver, acreditando na fiel amizade, a dor da decepção se torna maior e mais devastadora, assim como, quando a tia, não atende as vontades do sobrinho em sala de aula, a pirraça aparece, numa intimidade familiar absolutamente inaceitável, pois, a professora se faz presente, no apogeu de sua autoridade e a criança frustrada, pois se sente enganada, reage abruptamente, como é possível de se constatar em performasses assustadoras, quase que impossíveis, serem reais.
Entre uma e outra falsa intimidade, perdemos os valores domésticos, pois os pais se tornaram amigos, confundindo suas crianças com a nomenclatura de suas atribuições e com a fragilidade de suas atuações, que por sua vez, aderiram a preguiça mental de tão somente, aceitar as controvérsias que foram se apresentando, ao invés de reverem suas responsabilidades na formação de seus filhos.
Mas existirão aqueles que entendem nisto tudo, apenas, hábitos dos novos tempos, sem perceberem que as inversões posturais distorcidas da realidade das convivências sistêmicas, são estímulos que se aglomeram e reforçam a falta de empatia existente entre tios e amigos, na formação e proliferação de uma constante violência.
Deixo para os psicólogos, antropólogos e neurocientistas, estudiosos do comportamento humano, o aprofundamento desta minha reflexão, pois sou apenas uma curiosa, apaixonada por gente.
Eita, segunda -feira que começa quente!!!!!



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