Se todos
passassem o tempo que dispensei na minha vida para, tão somente, observar e
pensar, com certeza o mundo seria um paradeiro sem fim e eu não teria o que
analisar, ponderar e, finalmente, expressar.
Não que eu
tenha sido uma paradona em tempo integral, afinal, a vida não me deu esta
canja, pois precisei batalhar muito, todavia, mesmo na labuta, encontrava
aquele instante em que algo chamava a minha atenção e então, lá estava eu,
registrando e por vezes, horas, aquele fato dominava a minha mente, numa busca
incessante de compreensão.
Pelo que me
lembro, sempre foi assim, mesmo em criança. Será genético?
Sei lá...
Mas também,
a quem importa.
Hoje entendo
que na realidade, percebi muito cedo a falta de coerência em quase tudo da
criatura humana, que talvez por não saber exatamente nada de nada, pois somos
absolutamente neófitos de nós mesmos, debruçamos nossas mentes em posturas totalmente
díspares do que pensamos ou gostaríamos de realmente expressar, daí tantos
desencontros, lutas desnecessárias, falas inúteis, jargões nos quais nos
agarramos como tábua de salvação, a fim de nos sentirmos integrados a alguma
coisa.
E toda esta
confusão começa em nossas casas, junto aos que deveriam ser os cernes de nossas
vidas e, no entanto, é justamente nela que damos os primeiros passos para toda
e qualquer confusão mental, porque na maioria das vezes, crescemos entre os
discursos educativos e as ações contrárias às mesmas, num pouporri de atos
inversos à lógica de qualquer ética postural, reafirmando a cada momento o
velho ditado popular:
“Ouça o que eu falo, mas não faça o
que eu faço. ”
E assim
vamos crescendo e assimilando cada vez mais alienadamente as infinitas
inerências de um sistema feio e malcheiroso, mas vestido com a falsa capa do
politicamente correto, posição cômoda para de verdade nada acrescentarmos, pois
na realidade, somos preguiçosos existenciais.
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