Hoje foi um dia
particularmente pensativo, analítico e, é claro, muito chato, pois minhas conclusões
trouxeram-me uma pequena depressão, tipo, pós-traumática, já que não me
foi possível evitar enxergar, pois com os olhos desnudos do véu da complacência,
presenciei alguns corriqueiros horrores
da realidade cotidiana de nossa cidade que, afinal, são, tão somente, reflexos
de um país que perdeu o rumo e, cujo povo, permanece à deriva em um mar aberto
sem perspectivas de salvação.
Agora a
pouco, enquanto lanchava e contava ao meu marido minha desolação, senti uma
profunda dor no peito, que ainda não me abandonou, como se meus pulmões
estivessem sendo esmagados, trazendo uma sensação de falta de ar.
Por quê?
Para quê dos
tantos absurdos que sistematicamente foram sendo cometidos ao ponto de se
tornarem normais nas posturas de nossos políticos e, pior, na postura passiva e
cúmplice de cada um de nós, em um local tão pequeno, onde o bom senso, a
fraternidade, a união e a humanidade deveriam ser as batutas básicas a comandarem
a diversidade linda e talentosa de cada cidadão, que na realidade é o bendito
sangue circulante.
Em que
momento, saímos do trilho e buscamos os atalhos da inconveniência social?
Qual foi o
disparador da bala mortal da passividade absurda, quanto à manutenção da
pobreza e da ignorância cidadã?
Como podemos
pensar em desenvolvimento da cidade, amparando esta evolução no turismo, se
sequer temos noção de higiene, qualidade de alimentos, estética de apresentação
e nenhuma pretensão de investimento de qualquer natureza?
Certamente,
eu poderia ficar dias escrevendo mil laudas sobre a desesperança de minhas
constatações e, ainda assim, confesso que não conseguiria compreender o absurdo
da alienação que nos soterra, sem que sequer tenhamos consciência real de nosso
pessoal estado débil.
Concordamos,
aplaudimos ou discordamos e vaiamos, mas em momento algum, buscamos o bom senso
do equilíbrio, a fim de mudar os nossos comportamentos como ponto de partida
para corrigirmos o tudo mais que atavicamente nos mantém prisioneiros do
atraso, da miséria e da desilusão.
Não me levem
a mal, mas estou triste ao pensar e constatar que temos tanto e não somos nada,
na medida em que permitimos que a arrogância da ignorância esfole e roube o
nosso direito de enxergar um novo e salutar caminho de progresso, engessados
que nos encontramos nas entranhas de nós mesmos.
Olhem sem o
atavismo do bairrismo e, só assim, perceberão os absurdos que são cometidos em
todas as áreas e instituições, sejam públicas ou privadas, e que representam a
razão desta permanente luta ingrata de navegarmos para lugar algum.
Peço
desculpas por este meu desabafo, por necessitar respirar, em relação ao melhor
lugar do mundo, na realidade, o meu pedacinho de paraíso que eu gostaria muito de
ver brilhar.
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