Acordo pela
madrugada depois de uma repousante dormida, mas como o mundo ainda dorme,
escrevo, numa compulsão incontrolável, como se o universo repleto de energias,
de alguma forma, dependesse de mim.
Os neurônios
se agitam na busca da seleção das muitas ideias que vão e vem numa rapidez
assustadora em apenas, alguns segundos, no qual, permaneço quieta diante do
computador.
Às vezes,
como agora, desisto de todas, não por vontade própria, mas por uma espécie de
negação automática, selecionadora natural que por algum motivo biológico,
emocional ou ambos, existe em mim.
Então,
respiro fundo, penso em desistir e, até mesmo, chego a levantar-me, buscando
outra forma de passar o tempo, enquanto o mundo não acorda, mas aí, volto
também num impulso cardíaco e pulmonar, pois as batidas de meu coração disparam
e meus pulmões se fecham, muitas vezes exigindo a intervenção da sempre
parceira “bombinha da asma”, para um imediato socorro.
Tudo muito
louco de ser entendido, mesmo por alguém como eu, que tudo fuço para
compreender melhor.
Neste
instante, enquanto identifico os mecanismos que movem a minha natureza à
escrita cotidiana, penso mais fixamente em mim e nas motivações que me levam
neste instante a tentar entender, afinal, em que lugar me coloco em termos de
cidadã, pessoa humana e agente político da sociedade em que vivo, que no caso é
a brasileira, especificamente itaparicana.
Ora, se não
me vejo de direita, de esquerda e muito menos de centro, onde me enquadro?
Sempre fui
assim tão solta, sem rumo definido, sentindo-me absolutamente revoltada com
tudo que vejo e sou capaz de discernir?
Busco
lembranças de uma Regina revolucionária que não media esforços, palavras e nem voz,
destemida e arrojada, levantando bandeiras libertárias, acreditando
sinceramente que valia a pena pensar em mudanças para que o mundo sistêmico
fosse um pouco melhor, menos opressor, mais acolhedor e, consequentemente,
humano.
Novamente,
neste instante, não encontro uma só resposta às minhas indagações, nem mesmo
enquanto dei um tempo e fui abrir portas e janelas para deixar o novo dia
invadir com seus aromas mesclados de roça urbana, ainda existente por estas
bandas de Ponta de Areia, refúgio incrível que encontrei para tentar buscar
respostas às minhas mais íntimas e infinitas indagações.
Vou preparar
o café desta manhã, acreditando que talvez, em outra madrugada, eu encontre a bendita
resposta ou, quem sabe, um milagre aconteça e, finalmente, surja uma luz no fim
do túnel ou, tal qual, Platão, eu volte a me consolar com o mundo das ideias e
dos ideais.
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