sábado, 17 de dezembro de 2016
MAIS EMOÇÃO, POR FAVOR
Estou aqui pensando no quanto é gratificante quando nos atemos ao simples fato de que somos ainda capazes de nos emocionar, seja na observação de um pássaro que decidiu bailar à nossa frente ou por uma tragédia com pessoas que sequer conhecemos.
Esta impressionante capacidade amorosa, e que chega geralmente a nos provocar algumas lágrimas, é que faz de nós criaturas especiais neste mundo, sempre tão confuso, justo por ser absolutamente diverso.
Talvez por isto, ainda nos sintamos tão profundamente ofendidos quando a indiferença ou a grosseria nos toca sem aviso prévio, sem qualquer razão que a justifique.
Estamos vivendo épocas de mudanças de hábitos de convivência, onde os “velhos valores”, com os quais nos formamos como criaturas humanas, estão sendo atropelados e imediatamente substituídos por ações e reações de um novo mundo, que chega a cada instante, com infinitas novidades, não nos dando sequer tempo para avalia-las, criando em cada um de nós, uma sensação de estarmos sós em um grande espaço, onde o tudo mais gira entorno, mas onde verdadeiramente apenas plainamos, sem maiores conhecimentos do que realmente representamos e o que os demais representam em nossas vidas.
É como um filme de ficção futurista, onde o tudo brilha num cintilar convidativo, mas onde irremediavelmente nos sentimos como figurantes sem script, tão somente seguindo as marcações do diretor, que pode ser a mídia, a internet ou o vazio que invade a alma de cada um de nós.
E em meio a todo este manancial de distorções, se atento estivermos e se sem medo olharmos de frente, poderemos constatar toda esta parafernália de agressões, através da perda do respeito que as posturas éticas imprimiam e que determinavam, não apenas o certo e o errado, tão necessárias à convivência entre as pessoas, mas basicamente a ética, a formação e a condução das posturas equilibradas que estimulavam a justiça e a amorosidade nas relações de qualquer natureza.
O mundo a cada dia permanece sempre lindo, sob o olhar de quem ainda detém em si, velhos costumes que eram naturais e que hoje são considerados fenomenais, como a decência, o respeito e a cordialidade.
Que tal, resgatarmos um pouquinho destas “velharias conceituais”, afinal, se não podemos parar os absurdos que acompanham a contemporaneidade, com certeza podemos abrir os nossos baús pessoais e, de lá, deixar sair o melhor que imprimiram em nós, oferecendo ao nosso entorno como legado de vida e legítima liberdade, de pelo menos termos o nosso próprio texto neste teatro da vida.
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