sexta-feira, 18 de julho de 2014

INGRATIDÃO E A BUSCA DO "PODER"


Geralmente, escrevo nas madrugadas entre o silêncio inspirador e a profusão de pensamentos que me oferecem subsídios, mas hoje, contrariando o meu cansaço por já ser quinta-feira, depois de um dia estafante como o de ontem em Salvador, sinto-me impulsionada a escrever sobre os homens e as mulheres com os quais convivi antes e depois de alcançarem o poder, fosse público ou privado. 
Também conheci os que pelo simples fato de nascerem em determinadas famílias, já se encontravam a meio passo do poder, assim como também convivi com alguns que perderam o poder, poucos na realidade, pois esse osso, depois de conseguido, ninguém quer largar e tem gente que faz de tudo para não perdê-lo, assim com tem gente que, de tão despreparado, sequer percebe que o tem.
Coisa de louco!!!!!
Penso então, que já vivi situações que eu diria serem mais que interessantes, afinal, se com todos aprendi um pouco, certamente com alguns recebi diploma, pelo intensivo aprendizado que com certeza foi me ajudando ao longo da vida a segurar as minhas próprias perdas e a traçar com mais cuidado meus novos caminhos, minhas novas metas, porque de que adiantariam meus olhos, meus ouvidos e minha sensibilidade se nada valessem ao meu aprendizado.
Não é mesmo?
E aí, assusto-me com a capacidade que alguns seres humanos, dotados da generosidade da vida em receberem amparo afetivo e tantos outros atributos necessários para que cheguem a algum tipo de poder em suas existências e, ainda assim, não conseguem identificar e cultivar antes e muito menos depois da conquista, o mais bendito dos sentimentos que é justo a gratidão por aqueles que de alguma forma lhes serviram de trampolim em sua trajetória rumo ao poder.
Não se iluda achando que com você vai ser diferente.
Eles se “acham” e alguns eu vi chegarem bem perto, poucos eu presenciei conseguindo, mas a maioria se perdeu em meio a sua própria ignorância em achar que os demais jamais iriam perceber seu ignóbil caráter.
O ambicioso sem gratidão transforma-se em uma cópia do personagem completo do “bonzinho popular, do príncipe das soluções”, incrivelmente capaz de resolver todos os problemas, pois se mantém vestido e repleto de tudo que é bom, e o que é melhor, com soluções imediatas, instantâneas, soluções sempre fáceis que nos inebria, porque convenhamos, somos imediatistas, criaturinhas humanas cansadas de esperar, estamos carentes, na maioria das vezes, tão absurdamente machucados que sequer enxergamos que o que queremos já está sendo feito ou já está pronto.
Que loucura, a nossa mente esgotada e que maldade fazem conosco, estes escaladores do poder...
Desatentos pela carência, pelo cansaço dos seguidos enganos, tornamo-nos presas fáceis e não perguntamos como se dará tamanho milagre e, quando acordamos desta utopia, nos deparamos com a mágoa e a dor de termos sido traídos sem qualquer dó ou piedade, porque afinal, pouco ou quase nada nos será oferecido.
Viver muito tempo tem dessas coisas, acabamos por identificar muito rapidamente as aves de rapinas que, esfomeadas pelo poder, farejam as carniças envoltas de si mesmas sem sequer, pela arrogância de suas cegueiras prepotentes, terem a observância de que também estão sendo observadas, talvez não por muitos, mas certamente por alguns que podem fazer enorme diferença nos planos do escalador de poder.
Por que estou escrevendo sobre isto?
Não sei bem...
Talvez porque as eleições estejam chegando, muitos aspirantes ao poder e outros que não querem dele sair, certamente adentrarão em nossas vidas, com suas promessas de que tudo farão por nós. 
Ah! É tão cansativo...
Como cansativas são essas eleições a cada dois anos que quebram os ritmos administrativos, interrompendo a continuidade de infinitos projetos que, em sua maioria, jamais seguirão seus fluxos programados e com isso quem perde são as cidades e seus habitantes.
Portanto, espero que essas eleições que se aproximam se transformem em um bom motivo para exercitarmos o nosso olhar crítico, a fim de que nas eleições para prefeito e vereadores, estejamos mais conscientes quanto as nossas escolhas, pois seus efeitos nos atingirão mais rapidamente.
Bem, escrevi o que o meu coração determinou, na esperança de que outras pessoas também apurem seus sensos avaliativos e não comam gato por lebre, como eu já comi algumas vezes, pois é preciso que não seja esquecido jamais que, quem fere a mão que o amparou, certamente ferirá a minha, a sua, a de qualquer um a quem julga nada dever.
Mas será que não deve?
O nosso apoio e finalmente o nosso voto foram os meios pelos quais, a pessoa em questão, conseguiu o poder. 
Então há uma dívida, que só pode ser paga com gratidão e este bendito sentimento, raramente, me foi possível constatar.
Esse é um velho filme que precisamos deixar de assistir.
Você também não acha?

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