Esta
visão de que apenas somos visitantes neste mundo tão fantástico me foi
repassada ainda criança, assim como o hábito de observar a vida na simplicidade
esplêndida de suas formas e maneirismos.
Como
visitante deveríamos honrar os donos da casa, cuidando a cada instante de não
sermos invasivos, mas sempre o fomos e somos em todos os aspectos que nos seja possível
imaginar e, em seguida, criar ou, tão somente, repetindo como papagaios
ensaiados os hábitos e costumes que são chamados de progresso ou
contemporaneidade ou o que é pior, cultura.
Neste
dilúvio ininterrupto, nadamos com todas as nossas forças contra as correntezas
de uma natureza que, poderosa, luta tentando desesperadamente sobreviver, e
neste ponto ficamos parecidos, pois também mesmo que inconscientemente, a cada
instante, na maioria das vezes, nada mais fazemos além de ficarmos com nossas
cabeças fora do volume d’água, única e exclusivamente para também sobrevivermos
aos não só, contra ataques da dona da casa sofredora, quanto de uma
sobrevivência em sociedades de conceitos que machucam e fazem sofrer.
E em
meio a toda esta gama de sofrimentos e alienações, ainda somos compelidos a
conviver com nossas perdas e aí, encaramos a morte com a mesma "leviandade" com
que convivemos com a vida, deixando com que os vícios comportamentais dos
sofrimentos momentâneos, tire de nós a real importância da perda no contexto
universal de nossas existências, tal qual fazemos com a nossa natureza, mãe
geradora e mantenedora absoluta
do ar que nos mantém vivos.
Loucura
sistêmica que determina nossos sentimentos, moldando-os de forma etérea e nos
mantendo prisioneiros de uma ignorância existencial, nos induzindo a
desconsiderar os pensamentos relacionados à vida, classificando-os como
utopias reservadas aos poetas e sonhadores, sem maiores importâncias , próprias aos salões, livros e postagens.
Nós, abestalhados críticos, apenas buscamos referências para tão somente, extrairmos resquícios com o objetivo de fundamentar a tese de que ao acreditarmos que somos parte de algo muito maior, deixamos de ser menores e passamos a ser mais etéreos.
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