quarta-feira, 23 de julho de 2014

ENTRE UMA E OUTRA

Esta visão de que apenas somos visitantes neste mundo tão fantástico me foi repassada ainda criança, assim como o hábito de observar a vida na simplicidade esplêndida de suas formas e maneirismos.
Como visitante deveríamos honrar os donos da casa, cuidando a cada instante de não sermos invasivos, mas sempre o fomos e somos em todos os aspectos que nos seja possível imaginar e, em seguida, criar ou, tão somente, repetindo como papagaios ensaiados os hábitos e costumes que são chamados de progresso ou contemporaneidade ou o que é pior, cultura.
Neste dilúvio ininterrupto, nadamos com todas as nossas forças contra as correntezas de uma natureza que, poderosa, luta tentando desesperadamente sobreviver, e neste ponto ficamos parecidos, pois também mesmo que inconscientemente, a cada instante, na maioria das vezes, nada mais fazemos além de ficarmos com nossas cabeças fora do volume d’água, única e exclusivamente para também sobrevivermos aos não só, contra ataques da dona da casa sofredora, quanto  de uma sobrevivência em sociedades de conceitos que machucam e fazem sofrer.
E em meio a toda esta gama de sofrimentos e alienações, ainda somos compelidos a conviver com nossas perdas e aí, encaramos a morte com a mesma "leviandade" com que convivemos com a vida, deixando com que os vícios comportamentais dos sofrimentos momentâneos, tire de nós a real importância da perda no contexto universal de nossas existências, tal qual fazemos com a nossa natureza, mãe  geradora e mantenedora absoluta do ar que nos mantém vivos. 
Loucura sistêmica que determina nossos sentimentos, moldando-os de forma etérea e nos mantendo prisioneiros de uma ignorância existencial, nos induzindo a desconsiderar os pensamentos relacionados à vida,  classificando-os como utopias reservadas aos poetas e sonhadores, sem maiores importâncias , próprias aos salões, livros e postagens. 
Nós, abestalhados críticos, apenas buscamos referências para tão somente, extrairmos  resquícios com o objetivo de fundamentar a tese de que  ao acreditarmos que somos parte de algo muito maior, deixamos de ser menores  e passamos a ser mais etéreos.



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