A lua estava fantástica e tentar
descrevê-la seria uma violação à sua perfeição, e pensando nisso, sentei-me na
varanda em uma cadeira de balanço e me permiti apreciá-la com os olhos
fascinados com tanta expressiva beleza.
Sua luz era tão intensa que eu podia
enxergar todo o jardim, que sem se fazer de rogado recebia toda aquela luz e se
exibia para mim, principalmente a mangueira que parcialmente florida, se fazia majestosa.
Descrevê-la nunca, mas senti-la foi inevitável,
assim como pensar no quanto eu estava me sentindo privilegiada, afinal, viva eu
estava para contemplar toda aquela maravilha e ainda poder sentir os perfumes
que o orvalho extraia de cada planta ou flor, fazendo a terra se perfumar e, é
claro, exalar só para mim o seu extrato de vida.
Por alguns segundos, fecho os olhos
e sinto Deus tão próximo que creio poder tocá-lo com toda a sensibilidade com a
qual me sinto abastecida.
E ao pensar em Deus, toco na vida
através da folha úmida e rija de meu cipó-imbé que arisco, além de belo, bem
próximo serpenteia o coqueiro como se procurasse, como eu, também um melhor
ângulo para apreciar esta lua espetacular, que abusada, quase que despudorada,
insiste em se exibir para nós.
Descrevê-la pra quê, se a estou
sentindo adentrando em meu jardim e em mim também?
Nenhum comentário:
Postar um comentário