sexta-feira, 14 de setembro de 2012

UMA PAUSA E NADA MAIS...


 
Hoje, está completando dois dias que eu não escrevo uma linha sequer, não que eu não queira, apenas não consigo, pois a cabeça está meio oca, meu olhar meio perdido, meu ânimo meio que sem graça.

Então, teimosa como sempre, cá estou em um esforço supremo, buscando explicações, quando pode ser tão somente, cansaço. Querendo entendimento, talvez dentro de minha lógica pessoal, por ainda crer ser inadmissível, passarem-se tantas horas sem que eu em minha solidão induzida, busque mil coloridos ou alguns poucos instantâneos para então, registrá-los como de costume para não deixar passar em branco, tantos instantes que, afinal, cansada ou não, certamente foram vividos.

Descubro quase que aterrorizada que o meu problema todo é gente, gente falando, gente brigando, gente disputando isto ou aquilo e, gente como eu, querendo deixar de ser gente por instantes para tão somente ser, uma rosa, um jasmim, um pássaro, um beija-flor, talvez uma gota de chuva, uma aragem de brisa marinha ou um minúsculo grão de areia.

Penso, em uma dedução quase que primária, que estou realmente cansada de estar em meio ao aparente quase tudo, precisando urgentemente do aparente, quase nada.

O nada bendito do silêncio que me repousa, da solidão que me abastece, da não obrigação que me regenera desta insana vontade que me acomete, por alguns convívios diários  que me endoidecem, fazendo de mim por horas a fio, escudo, peneira do inútil do desagradável.

Ai meu Deus, como estou cansada...

Ai meu Deus, como estou com o corpo doido... Como se um trator desgovernado por cima de mim, tivesse passado, como se mil chibatadas me tivessem dado, como se um grande vendaval de mim tivesse retirado, o tudo de bom que me fornece inspiração.

Quem sabe o sono no silêncio solitário que me abriga, seja a regeneração bendita de que necessito?

 Quem sabe, o resgate do sempre crer, mesmo que no imaginário, idealizando-me gente, vivendo em meio a uma humanidade, traga de volta a minha veia poética, traga de volta, a vontade  de escrever, de sonhar e de viver?

 Nestes instantes em que registro o meu, não escrever, constato com a alma dolorida, mas com a mente esclarecida, que foram dois preciosos dias em que o tudo que me cercava, miseravelmente, me transformou em um ser, absolutamente, pobre.

E enquanto descanso  ao som único de meus pássaros , penso em você em meio ao tudo que agora lhe envolve, fazendo de você também um ser muito pobre, precisando como eu, tão somente de uma pausa, um silêncio, um canto de pássaros e nada mais.

 

 

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