Enquanto
outubro não chega por todo este vasto e complexo Brasil, a movimentação
política se intensifica, levando as infinitas coligações à incalculáveis
loucuras entre gastos financeiros e emocionais, e de um comício a outro, a
moçada arrepiada, gasta sola de sapato, gasolina e coisa e tal, na obstinação
última de convencer mais alguém.
Esta deveria
ser a mais expressiva movimentação democrática se, aliada a ela, houvesse mais
idealismo do que partidarismo, mais devoção à causa que interesses pessoais,
mais dignidade de propósitos direcionados às necessidades comuns do que conluios
e acertos entre pessoas e grupos.
Lembro-me da
República de Platão e do que deveria ser e o que realmente é...
Lembro-me de
uma vida inteira e só encontro o que realmente nunca foi e o que nunca esteve
atrelado a ela, porque democracia em países como o nosso, antes de ser para o
povo é um estado de direito sob a perspectiva de um único alguém, cujas
argumentações convencem outros alguéns a fazerem dele um líder e, no assim por
diante, chegam então ao povo que iludido pensa que escolhe, mas na realidade se
envolve, na lábia mais doce, no carisma mais convincente e entre imagens e
sons, a coisa toda acontece, favorecendo a uns em detrimento de outros.
Haja tantas
vezes já visto, os enganos que se sucedem parecendo um inferno por não terem
fim, tirando de nós as certezas, alimentando em nós, quando muito, esperanças.
Pergunto então
consternada que democracia é esta?
Que não
elimina a fome, não estimula a educação, não cuida de seus doentes e ainda mantem
o povo proclamando o que ignora, através do nome postiço de esperança?
Que
democracia, então, é esta?
Onde o ser
humano é de segunda e o valor do poder é sempre de primeira.
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