Penso que quando falo ou escrevo para além de mim, com o intuito de analisar, seja lá o que for, preciso ter cuidado para não deixar que o impacto que me causou, seja agradável ou não, esteja inserido em minha forma de relatar, sem a devida isenção, mas é claro que isso é praticamente impossível no mundo atual, onde a intenção é exatamente outra, daí a constante indução que aglomera mentes, capaz de alterar as lógicas universais do certo e errado, do bom e do mal de uma forma cada vez mais sutil, que para os atentos, nos quais, me insiro, é aterrorizador e explica sem delongas o caminhar da humanidade e consequentemente do planeta.
Talvez, por esta razão, na maioria das vezes, optei em falar e escrever do apenas belo e assertivo, usando a mesma midiática técnica indutora que condeno, com fins agregativos em prol de aglutinar mentes no amor e no respeito, sentimentos únicos capazes de frear as impulsividades induzidas que num âmbito geral, estão destruindo a vida de forma assustadora.
A mocidade dos anos 2000 com certeza, deixou de conhecer a totalidade de sentidos e sentimentos que os mais antigos, puderam vivenciar, mesmo que a partir dos anos sessenta, tenha sido dilapidado gradativamente, em meio à confusão entre direitos e valores, que a mídia insistentemente, explora em prol de seus próprios interesses monetários.
De repente, valores como respeito e dignidade, tiveram seus conceitos e definições absurdamente ampliados, como se fossem leques pré fabricados a cada ideia modernista e consequentemente, libertadora, “num tudo pode “sem limites.
Inegavelmente, a tecnologia de efeitos especiais, transformou o bacanal explicito de Madona, num show irresistível e aí, para quem sabe exatamente o sabor gostoso de uma transa a dois, onde as fantasias são permitidas no aconchego da privacidade, choca-se sem puritanismos, mas com o sentimento doído, pela destruição do belo e do apenas, completo gozo com os lasers coloridos das próprias energias se integrando...
E aí, o tudo mais como cortar uma árvore no esplendor de sua natureza, jogar seu próprio lixo nas águas regeneradores de mares e rios, matar e destruir física e emocionalmente um outro alguém, assim, como usar a sua liberdade para propagar qualquer tipo de destruição em favor dos seus direitos, torna-se normal e até mesmo, o “barato do momento”.
Penso então, que estamos sendo jogados num lixão humano, fantasiados de descolados inconsequentes, morrendo a cada instante, pela falta de raízes que nos nutra e nos sustentem, mas com fumaças e lasers coloridos, sons ensurdecedores que se confundem com os fogos da total alienação.
Regina Carvalho- 07.05.2024 Itaparica
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