quinta-feira, 9 de maio de 2024

PERDÃO

Ao longo de minha vida, arrependi-me infinitas vezes pelo que fiz, falei , pensei ou escrevi e quando, agora na audácia da arrogância, crendo que a idade enfim me proporcionaria a liberdade de finalmente, não precisar me justificar sobre qualquer coisa, cá estou na solidão bendita de mais um amanhecer, impelida a novamente, pedir desculpas, por infelizmente, estar vivendo uma era onde as falácias, as meias verdades, as desfaçatezes e o oportunismo predominam, não cabendo nenhum traço de realidade, já que os fatos, sejam lá quais forem ou são mascarados ou simplesmente desconsiderados, seja por esperteza ou simplesmente por total incapacidade de serem interpretado.

Portanto, a mim que mergulhei tão fundo nas mascaras humanas, desejosa em reconhece-las, não caberia mais nenhum tipo de primarismo em crer que o mau caráter tem algum tipo de limite e em relação à política, esta é a mais verdadeira das premissas.

Penso então, em Mateus7:6

“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem”.

Quando penso na minha adorável Itaparica, preciso pedir perdão a ela, pelos meus ainda arroubos em defesa de sua integridade, só me restando, fazer minhas 166 anos depois, as palavras do poeta Casimiro de Abreu, quando escreveu em junho de 1858 –“Perdão”.

“Perdão p'r'o pobre demente

Culpado, sim, - inocente -

Que se te amou, foi demais!

Perdão p'ra mim que não pude

Calar a voz do alaúde,

Nem comprimir os meus ais”!

Regina Carvalho- 09.05.2024  Itaparica



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