Nos últimos cinquenta anos, fui registrando e na medida do possível à minha formação de pessoa, as novidades, aparando aqui e ali, na tentativa de me adaptar a tudo quanto, meu raciocínio logico aprovava e assim, satisfazia ao mercado da convivência, não me tornando explicitamente uma párea social e também, em vários aspectos, atendi as minha próprias perspectivas ou gostos momentâneos e assim, fui capaz de sobreviver ao fato de vez por outra, caminhar na contramão de um tal de politicamente correto que em sua maioria, jamais significou o ideal, a concepção adequada em termos universais.
👇👇👇👇Cordão de isolamento físico e emocional👇👇👇👇
Todavia, observei abismada que foi nos últimos 15/20 anos que a coisa degringolou, perdendo todo o senso de equilíbrio, absolutamente necessário para um grau mínimo de harmonia e esta minha constatação, vem sendo demonstrada, inclusive, com requintes de absoluta crueldade a cada dia deste nosso país varonil, não poupando, nem mesmo, as pequenas localidades como a nossa Itaparica, o que a meu ver, é o fim de tudo quanto, podemos chamar de bom e justo.
Ao mesmo tempo em que todo o passado de hábitos e costumes, valores e tradições foram condenados e que se tornaram em alguns aspectos crimes inafiançáveis, abriu-se espaço para as barbáries afetivas, onde nada mais encontra um cordão forte de segurança, seja material ou emocional que as contenham.
Naturalmente, em meio a estes caos humano, político e social, foram-se formando analistas, especialistas, farmacologistas, doutores capazes de escreverem livros, ministrarem palestras, elaborarem remédios com a pretensão de serem controladores dos cada vez mais abundantes surtos psicóticos, levando pessoas em sua maioria jovens, a matarem e não satisfeitos, ainda destroçarem os corpos de outros jovens, numa sanha animalesca, como tem sido noticiado pela mídia no café da manhã, no almoço e na janta de famílias que perderam o senso do adequado, frente a banalização que deixou de ser a cada instante, modelos de terror.
E aí, quem não concorda, ainda assim aceita, para não se ver de alguma forma trumbicado, gerando novas mentes distorcidas, frustradas, presas e sufocadas, fortes candidatas a serem invadidas pelas hoje, tão corriqueiras ações psicopáticas.
Aparentemente mudando de pau pra cacete, sinto uma saudade imensa de ter a porta do carro sendo aberta pelo homem, a cadeira do restaurante ou barzinho, sendo puxada, numa deferência a apenas mulher.
Saudades dos flertes, das paqueras, das trocas de olhares e intenções, que faziam corpos e mente se agitarem, arrancando sorrisos mentais, fazendo os olhos brilharem, criando todo um clima de sedução e conquista.
Saudades da respeitosa convivência entre professores e alunos, pais e filhos, onde a tolerância e a educação permeavam as convivências.
Saudades de algumas hipocrisias possíveis de serem contornadas.
Saudades das calçadas e das praças, das areias das praias, dos passeios pelas madrugadas ou a sol pleno, onde o medo, simplesmente era impensado.
Saudades de apenas, sentir medo de cobras, tigres e leões...
Saudades de certos limites, margens contentoras da maioria dos desatinos.
Saudades do meu sim e do meu não, sem qualquer imposição, afim de agradar a galera.
Saudades de gente estupida, grosseira e mal criada, que me fazia exercitar a paciência e a tolerância.
Saudades de usufruir as grandezas e as pequenezes das convivências, tendo apenas, postura e alma elegantes, sem os invisíveis cordões de isolamento...
Regina Carvalho- 18.05.2024 Itaparica
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