SERVIDO À REVELIA

Percebi neste amanhecer ao observar o namoro alegre e barulhento de um casal de pássaros que eufóricos no jardim, iam e viam do telhado da garagem aos galhos da amoreira, apenas, vivendo o momento festivamente, levando-me a pensar que apenas nós, humanos racionais, fazemos questão de bagunçar tudo, criando situações e consequentes emoções que de tão tolas e estúpidas, sequer nos deixam perceber o quanto, perdemos de vida, de tempo, prazeres e o que é pior, de tesão.

E aí..., mesmo sabendo por intuição e observação e em seguida, por experimentos pessoais desta realidade bruta que aniquila os benditos instantes presentes, fui esticando parte da corda, porque, afinal, foi tatuado em mim, um sentimento de culpa que exigia atitudes, afim de que eu, por todo o tempo me justificasse em agradecimento ao fato de existir e, portanto, desejar amar, comer e colocar na prática, sonhos e desejos.

FEZES ALHEIAS...

Depois, de ler alguns comentários em um dos meus textos,  certamente, me foi possível prever o que virá daqui pra frente, já que, não há consciência em relação ao direito cidadão em se expressar, sem que haja, imediatamente uma reação de defesa, destituída de qualquer noção reflexiva, ficando a ânsia de descredenciamento a motivação primeira e única e, levando em conta, como já afirmei, neste mesmo texto, que permanecerei, surda e muda e de preferência, também cega para tudo que possa ser atrelado a esta disputa que chamam de política, optando em focar minha atenção e energias para o que ainda presta e que é possível usufruir nesta cidade que amo.

Portanto, doravante, dane-se o todo restante, afinal, nesta altura de minha vida, até as minhas fezes me causam repulsa, quanto mais, as alheias...

As realidades são incontestáveis, cabendo a cada interessado, delas se preocupar.

Regina Carvalho- 30.05.2024 Itaparica

DE REPENTE?

Nenhuma reação íntima e consequente alteração, acontece em nossas vidas, num estalar de dedos...

Desde ontem, penso nisso, tentando me convencer que são as circunstâncias que moldam as muitas transformações que acontecem com as pessoas, libertando-as seja lá do que for e até, sou capaz de reconhecer que são gatilhos de balas que já estavam há muito, nos canos das necessidades mais reais e cruciais de um ser humano e aí, quando alguém ou uma situação aperta o gatilho, nada mais é possível impedir a sua trajetória.

Simples assim... 

E aí, quantas balas estão no cano de seu revólver?

Quantas vezes sua arma emperrou e o tiro não aconteceu?

Quanto tempo, você ainda precisa para limpar esta arma velha e enferrujada?

Acorda!!! 

A vida tem pressa e não oferece replay...

Regina Carvalho- 30.05.2024 Itaparica

Eita, solzinho gostoso...

Deste nordeste ensolarado e repleto de texturas e aromas que simplesmente amo e não me acanho em confessar, chegando em certas ocasiões até, mesmo, parecer um bem querer despudorado, mas como esconder este fascínio?

Como camuflar o brilho que meus olhos ostentam e o sorriso sempre pronto a escancarar-se?

De que me adiantaria escrever sobre a vida, as belezas e o amor, se tivesse que sufoca-los em mim?

Não...Impossível!!!

Estando neste nordeste musical, quente e apimentado, nunca estou sozinha...

Incrível, até o sabiá neste instante, se mostrou abusadamente escandaloso, quiçá para me lembrar que tal, como eu, ele também amanheceu amando o tudo de bom que há por aqui.

Logo cedinho descongelei pedaços de uma manga rosa do verão passado e agora, vou saboreá-los pensando na minha preciosa liberdade de estar exatamente, onde desejo estar.

Isso é felicidade...

Justo por ser, simples assim...

Regina Carvalho- 28.05.2024 Itaparica

SEM EIRA E NEM BEIRA

É assim que me sinto em relação à política de minha linda Ilha de Itaparica, onde o vale tudo se estabeleceu de vez, trazendo consigo, a força bruta e a total falta de respeito uns com os outros, mas principalmente para com o povo, jogando por terra, qualquer ainda resquício de esperança de dias melhores.

Enquanto destroem cada qual, a reputação do adversário, antes mesmo do martelo das convenções ser batido, problemas sérios, antes possíveis de serem superados, dia a pós dia se tornam páginas obscuras que certamente, entrarão pra história deste pedaço de terra abençoada, flagelando-a moralmente, sem qualquer possibilidade de salvação.

Então, como você e eu, nos posicionaremos como cidadãos minimamente esclarecidos, frente a esta arena onde lobos e carcaras esfomeados, disputam a carniça pública?

Política?

Não... Isto está mais para formação de quadrilhas institucionalizadas, cada qual, ostentando a cor das suas ganâncias.

E viva o Brasil que como eu, a cada dia, fica mais sem eira e nem beira...

Regina Carvalho-27.05.2024 Itaparica

BOM DIA!!!

Sou uma pessoa abençoada e esta certeza se dá a cada amanhecer, quando, então, encontro-me com a vida em todo o seu esplendor, saudando-me seja com um radiante sol, como neste instante, ou com uma chuva bendita regando o jardim e a minha existência.

O milagre acontece de uma forma ou de outra e se estende ao longo de cada dia, tornando-me leve e tranquila para então, poder ouvir com nitidez os sons da vida que vão se chegando, um a um a despeito do meu querer.

Portanto, cabe-me tão somente, estar cheirosa, sorridente, sempre pronta para recebe-los, dando a cada um, a sua devida importância no contexto da música que ao acordar, continuo escrevendo pra mim, afinal, há muito decidi criar as cores de minha paleta, fazendo de minhas pinceladas cotidianas, um quadro amplo e colorido, inspirado nos acordes dos meus sentimentos.

Um domingo simplesmente lindo pra você que me lê, embalado pelos sons benditos dos seus sentimentos mais autênticos.

Regina Carvalho- 26.05.2024 Itaparica

O TUDO E O NADA...

Pois é, desde que comecei a escrever e isso aconteceu na minha adolescência, que meus amigos queridos se preocupam com o fato de eu não buscar editar em forma de livros, como seria natural, toda a bagagem que fui acumulando em palavras e sentimentos.

Na verdade, escrever para mim sempre foi mais uma função física/ emocional que me mantem viva e saudável, pois, jamais fiz deste mecanismo, meios de ganhos monetários.

PUXA E ESTICA

Vez por outra, acordo como criança birrenta, resolvida a não obedecer a minha mente, que insistente, instiga-me a escrever, todavia, não adianta, pois, ela é teimosa e se utiliza de todos os seus recursos de convencimento, dificultando-me a respiração, causando-me tonturas e um punhado e outros sintomas físicos, afim de mostrar-me que quem manda é ela, nesta pobre coitada, que sou eu...

Cruz credo Regina, que cena deprimente de auto piedade; afinal, a mente é tua e de mais ninguém.

Esta é a realidade de uma mulherzinha que não domina sequer a própria mente, aliás, essa não é uma deficiência apenas minha, pois, por toda a minha vida, só encontrei criaturinhas em conflitos com suas mentes, transformando suas vidas em sucursais do inferno.

O que jamais foi o meu caso, afinal, meu DNA é de malandra.

CHUCHANDO PRAZERES

Levantei, abri a janela e voltei pra cama, abraçando o travesseiro, só para apreciar o solzinho que mesmo fraco e translúcido, deslizava até a beirada da cama, encontrando a minha perna que, propositadamente deixei dependurada, só para receber esta caricia matinal, que afinal, não acontece todos os dias, neste outono chuvoso.

Por lá fiquei até as sete e trinta, quando então, meu estômago, beliscou minha mente, fazendo soar um insistente, tô com fome...

E lá fui eu, preparar o pingadinho, só que desta vez, o saboreei juntamente com meio pão com manteiga que fui chuchando nele, lembrando de minha deliciosa infância, onde o quase nada se transformava em puro prazer.

Enquanto isso, através da janela podia assistir os assanhaços e bem-te-vis, enriquecendo o cenário do momento, despertando em mim, profunda admiração, sensação íntima, impossível de não existir como sustentação de qualquer forma de amor.

Um bom dia, para você que me lê neste instante, esperando vê-lo buscar no seu cotidiano, aquele simples detalhe, geralmente, esquecido, afim de que você possa chucha-lo em sua mente, criando momentos de puro prazer, fazendo sua alma, agradecida, gozar.

Regina Carvalho- 23.05.2024 Itaparica

CHOCOLATE QUENTINHO...

A chuva não dá uma trégua, dando-me a impressão que até as plantas e principalmente os pássaros, gostariam se não de um solzinho, pelo menos, um céu, apenas acinzentado, quando então, poderiam ariscos como sempre, saírem de seus abrigos para finalmente, esticarem suas asas e quem sabe, ciscarem pelo gramado encharcado...

Nesta tarde, um arremedo de frio resolveu se fazer presente e até mesmo, alguém como eu, acostumada a gabar-se quanto a resistência em senti-lo, precisei cobrir-me com um leve lençolzinho, enquanto, fazia a sesta do almoço.

E aí, pela primeira vez nos últimos quase quatro anos, senti-me só e desejosa de um corpo quentinho para me aquecer...

Penso então, que na carência que de repente me toma de assalto, só mesmo, indo preparar um chocolate bem quentinho, afinal, estômago aquecido, certamente, aconchegará a alma que neste instante, se sente solitária.

Regina Carvalho- 21.05.2024 Itaparica

ARROGÂNCIA DA IGNORÂNCIA

Quando estes dois ingredientes se juntam na mente de um ser humano, assemelha-se a um bolo que cresce com aparência bonita e apetitosa, mas totalmente solado por dentro.

Todavia, quando a fome é grande ou as conveniências exigem, com certeza, não encontrará quem rejeite comê-lo, e até alguns, lamberão os beiços, exibindo o saciamento. 

Até quando, meu Deus, os ímpios se satisfarão com a total desfaçatez nas ações públicas em detrimento do bem estar de seus semelhantes?

👇👇👇👇👇👇BOLO SOLADO👇👇👇👇👇👇

EU JURO

EU JURO que abri os olhos neste amanhecer e pensei; hoje, escreverei sobre pássaros e beija-flores, mas quando me vejo sentada diante do computador, só penso no lixo e na lama, na pobreza  e na fome ainda existente em minha Itaparica e nos seres humanos e suas infinitas facetas em obstinadamente, tornarem-se cegos, surdos e mudos, quando o assunto é encarar um outro ângulo de uma realidade feia e abusiva, mas que de alguma forma o favorece. 

Difícil, quase impossível admitir para si mesmo que, se encontra omisso e até mesmo, ativamente inserido numa realidade, cuja casca é bonita e aparentemente útil, mas tendo um conteúdo nada recomendável.

LIVRE? QUEM, PELO AMOR DE DEUS?

Estou mais uma vez olhando para esta foto, postada no sábado, depois, de ler os comentários e constatar que não sou a única, que viveu em plena liberdade nos anos do Governo militar.

Havia uma linha dura e punitiva para quem se engajava na política, não de esquerda, como afirmam e sim, uma política comunista declarada e assumidamente separatista.

Todavia, para o cidadão comum fora das ideologias e dos movimentos transformadores e radicais de hábitos e valores de todos os níveis, a vida transcorria normalmente, sem abalos, agressões ou qualquer tipo de constrangimentos.

Sistema viciante

 É isso aí! Busquei e encontrei este lar acolhedor que posso ser para mim mesma. Senhora geradora das emoções que me convém, pelo menos na maior parte do meu existir, sem qualquer preocupação em parecer o que não sou, oferecer o que não tenho e muito menos receber o que não me é afim.

Fácil?

Qual nada, o sistema é viciante, é um carrasco mutilador. É preciso vigilância que exerço com o velho hábito de conversar comigo livremente, sem receios e não me toques. Com essas emoções 

ariscas, que todos temos dentro de nós para facilitar este projeto de intercâmbio cognitivo, indico que se dê nomes diversos aos seus sentimentos, vestimenta e até origem, pois dessa forma enriquece-se o cenário, dando-se mais colorido ao espaço vazio da solidão interior que, afinal, é o inferno que eu e você tememos tanto, que até nele nos lançamos como loucos, como se a cada instante em que nada precisássemos fazer, tivéssemos que fazer, por medo de estarmos apenas com nós mesmos.

Regia Carvalho- 19.05.2024 Itaparica

INVISÍVEIS CORDÕES DE ISOLAMENTO

Nos últimos cinquenta anos, fui registrando e na medida do possível à minha formação de pessoa, as novidades, aparando aqui e ali, na tentativa de me adaptar a tudo quanto, meu raciocínio logico aprovava e assim, satisfazia ao mercado da convivência, não me tornando explicitamente uma párea social e também, em vários aspectos, atendi as minha próprias perspectivas ou gostos momentâneos e assim, fui capaz de sobreviver ao fato de vez por outra, caminhar na contramão de um tal de politicamente correto que em sua maioria, jamais significou o ideal, a concepção adequada em termos universais. 

👇👇👇👇Cordão de isolamento físico e emocional👇👇👇👇

EMOÇÕES EU VIVI...

CAMÕES “O homem que traduziu do sal as lágrimas de Portugal”...

Nesta manhã de sexta-feira, que começou chuvosa, mas que agora ostenta uma maravilha de sol, penso nas lutas sociais, nos paladinos de suas justiças, nos cronistas esmagadoramente crueis na amostragem das realidades cotidianas e nos poetas, cada qual, a sua maneira, mesclam a dureza das realidades com o doce envolvente das esperanças e do amor., tal qual, as deliciosas rapaduras nordestinas.

Depois de uma longa conversa franca entre eu e um amigo, possuidor dos mesmos ideais sociais, sobre a situação venatória dos políticos itaparicanos e as sempre desastrosas performances de suas gestões que ao longo destes anos, pós ditadura militar, sequer se deram ao trabalho de mudarem os discursos e ações, mantendo reféns da pobreza e até mesmo da miséria, grande parte deste povo, ao abrir o facebook, deparo-me com um comentário de um amigo em uma de minhas postagens sobre Camões em que ele afirma: “O homem que traduziu do sal as lágrimas de Portugal”...

Parabéns minha neguinha amada, ranheta do meu coração.

 

DE TUDO, UM MUITO...

Neste amanhecer chuvoso e fresquinho, fui lá fora como de costume, apagar o holofote do portão, deixando-me sentir as ainda finas peneiradas geladinhas desta chuva abençoada, tocar em meu corpo, arrancando-me pequenos arrepios e levando-me a respirar profundamente, querendo absorver todas as energias existentes neste meu paraíso, que feliz, chamo de meu.

De repente, a chuva parou e assim como ela, o adorável ventinho, que me provocava arrepios, restando os aromas e os cantos dos pássaros que saem de seus abrigos cantando e voando de um lado para o outro, livremente, inclusive, uma minúscula borboleta de coloração amarela e marrom que arisca, baila numa pequena moita florida, bem diante de meus olhos.

Enquanto escrevo narrando o meu sempre encantamento com os olhos voltados para o teclado, posso ouvir a chuva voltando, agora mais densa, fazendo os pássaros fugirem para os seus abrigos e ate calarem-se, talvez, como protesto pelas suas performances matinais, terem sido interrompidas.

Toda esta maravilha não consegue entreter o meu estômago que apita de fome, lembrando-me que esqueci de forra-lo neste amanhecer.

Bendita vida que pulsa em mim...

Bendita vida que pulsa em você que me lê, neste instante...

Bendito Deus que nos deu de tudo, um muito, para podermos enxerga-lo a cada instante.

Regina Carvalho-16.05.2024 Itaparica

RAIO DE LUZ...

Olho pra esta foto e penso em Deus e no quanto, em sua sabedoria e generosidade, presenteou-me, realizando o meu maior desejo que era ser mãe de uma garotinha.

Não uma garotinha ao acaso de uma cópula amorosa, mas uma pérola cultivada nos longos anos de uma espera paciente e de um desejo ardente em estreitar nos braços e na alma, uma parte de mim, elaborada pela universalidade, para me fazer fechar o ciclo das conquistas inestimáveis que fariam de mim, mais que uma mulher, uma predestinada a sentir e conviver em plenitude com o tudo de bom e absolutamente, necessário.

MEGALOMANÍACA. POR QUE NÃO?

Na medida em que estou envelhecendo, percebo que estou também ficando muito egoísta, exclusivista e todos os demais “istas” que possam existir e que sejam capazes de não me permitir desviar minha atenção de mim mesma.

Espalhei espelhos pela casa e se passar por eles mil vezes, me olho e até dou uma paradinha para observar melhor, e acreditem, não consigo me convencer que estou envelhecendo e tão pouco que perdi o viço.

Que coisa, hein!

Certamente dirão muitos que me conhecem:

- Ela não mais se enxerga.

Coitada...

Pois é, de repente, será que perdi o senso avaliativo de mim mesma?

Qual nada!

CONTABILIZANDO

Ah!... Como é difícil, nesta vida onde o sistema malcriado, desaforado e muitas vezes cruel, não só não nos deixa livres para exercitarmos o amor, como ainda, nos sufoca com a presença alheia da rudeza de sentimentos que aflora sem pedir licença, vindo à maioria das vezes, donde jamais deveria ter sequer brotado.

E aí, teimosa como sempre, insisto na manutenção da crença, da esperança, do querer encontrar nem que seja uma única fagulha de um fogo que parece ter se extinguido, mas que para românticos como eu, sempre existirão, resistindo aos ventos e as tempestades dos vícios corrompidos de um sistema decadente, mantido pela desesperança e pela solidão.

O tempo e a vivência, sempre foram inestimáveis parceiros, fazendo desta senhora, uma tenaz apaixonada do belo, do limpo, do encantado que emociona e que faz sorrir, mas que vez por outra, também faz chorar, criando assim um fantástico antagonismo que me apraz por todo o tempo desvendar, não dando tréguas, não deixando enfadar.

E, com a palha molhada pelas constantes tempestades, abrigo-me no calor do quase nada da ínfima fagulha resistente, na qual, emocionada e ao mesmo tempo agradecida, me aqueço, me fascino e, então, me entrego, porque afinal, na fagulha, sou capaz de encontrar o meu tudo e nesta parceria aparentemente inusitada, exercito o amor, me fazendo feliz.  

Um lindo dia, pra você que me lê, com  muitas fagulhas para aquecê-lo.

Regina Carvalho- 13.05.2024 Itaparica

APRENDIZADO

E então, pensando na dor que é capaz de produzir enormes destruições emocionais, penso na capacidade humana de superação, que faz de cada criatura, um infindável campo energético, ainda por si aprimorar.

Não sabemos do que somos capazes, sequer imaginamos o quanto possuímos de forças regeneradoras. Estamos, tão somente, engatinhando neste assoalho gigantesco que chamamos de universo, mundo, cosmos e sei lá mais o que, mas que, particularmente, chamo de morada.

Morada que pode ser de luz ou de trevas, de dor ou de incontáveis instantes de prazer.

E é pensando nestes prazeres que busco a compreensão da vida através das forças energéticas que a compõe, pela minha ainda ignorância ou falta de atenção em permitir que a dor, malvada e traiçoeira, faça abrigo no espaço de minha bendita morada.

Escrita em 26 maio de 2012 -Itaparica

SOL E CHUVA- CASAMENTO DE VIÚVA...

O dia já havia amanhecido fazia tempo e como de costume naquele mês de janeiro em Teresópolis, uma chuva fininha, mas expeça como uma cortina translúcida, invadia o céu e o jardim, criando estrelinhas de luz brilhante ao se encontrarem com a grama ainda orvalhada em contraponto ao sol ameno, mas absolutamente presente e irremovível, o que simplesmente me fascinava, despertando a minha aguçada curiosidade, sanada pelo comentário sábio e criativo de minha mãe que dizia tratar-se das lágrimas de saudades da viúva solitária em meio ao sol da vida que continua a brilhar...

Hoje, por aqui, amanheceu com um extraordinário casamento da viúva, levando-me a relembrar com ternura a cena melancólica da natureza se expressando mais uma vez, dentre tantas outras que a partir daquele momento icônico com minha mãe em minha infância, emblemou esta manifestação da natureza em minha memória afetiva.

Lamento de um rio.

 

DO MEU JEITO

...fui me deixando apaixonar e como toda rapa do tacho dengosa, não resisti às carícias das marolas amantes das águas mornas e mansas que, ora lembravam-me os cafunés, forma encontrada pelos meus pais, afim de aplacarem meu excesso de energias, ora suas carícias, fazendo minha mente transcender em viagens desperta, através do azul brilhante, deste sol baiano incomparável, na garupa dos pássaros e borboletas, tal qual, aconteceu infinitas vezes, quando, percebi que o verde das matas e as flores, coloriam os meus instantes.

Vinte dois anos se passaram e a cada estação, o universo me presenteia, como ocorreu nesta manhã, alegrando meus olhos com tão singela flor e eu, cada vez mais envolvida e apaixonada, infinitamente mais feliz, não havendo nenhum “mequetrefe político”, travestido com o lodo de suas improbidades, com capacidade sequer de arranhar esse meu bem estar, afinal, enquanto, vocês mancomunavam e ainda o fazem entre si, buscando “meios legais” de surrupiarem uns trocados públicos a mais, lesando este povo ingênuo e amoroso, Regininha fortaleceu-se, fazendo amor nas águas benditas e se arrepiando de prazeres com as brisas marinhas que a priori, sempre lhes pertenceram ...

Regina Carvalho-10.05.2024 Itaparica

A VISITA DAS BORBOLETAS

E as duas borboletas adentraram pela janela silenciosas para os demais, todavia, para mim, foi fácil percebê-las através do vibrar de suas asas.

Lindas! Com elas vieram a certeza e o querer de dias mais tranquilos e suaves.

O bater de suas aparentes frágeis asas são a amostra colorida da alegria que reina em meu coração.

Morrer?

Medo de partir?

PERDÃO

Ao longo de minha vida, arrependi-me infinitas vezes pelo que fiz, falei , pensei ou escrevi e quando, agora na audácia da arrogância, crendo que a idade enfim me proporcionaria a liberdade de finalmente, não precisar me justificar sobre qualquer coisa, cá estou na solidão bendita de mais um amanhecer, impelida a novamente, pedir desculpas, por infelizmente, estar vivendo uma era onde as falácias, as meias verdades, as desfaçatezes e o oportunismo predominam, não cabendo nenhum traço de realidade, já que os fatos, sejam lá quais forem ou são mascarados ou simplesmente desconsiderados, seja por esperteza ou simplesmente por total incapacidade de serem interpretado.

Portanto, a mim que mergulhei tão fundo nas mascaras humanas, desejosa em reconhece-las, não caberia mais nenhum tipo de primarismo em crer que o mau caráter tem algum tipo de limite e em relação à política, esta é a mais verdadeira das premissas.

Penso então, em Mateus7:6

“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem”.

Quando penso na minha adorável Itaparica, preciso pedir perdão a ela, pelos meus ainda arroubos em defesa de sua integridade, só me restando, fazer minhas 166 anos depois, as palavras do poeta Casimiro de Abreu, quando escreveu em junho de 1858 –“Perdão”.

“Perdão p'r'o pobre demente

Culpado, sim, - inocente -

Que se te amou, foi demais!

Perdão p'ra mim que não pude

Calar a voz do alaúde,

Nem comprimir os meus ais”!

Regina Carvalho- 09.05.2024  Itaparica

Vale ouvir e refletir

 

HUM QUE DELICIA!

Olhando esta foto publicada por um amigo poeta e artista plástico residente em Portugal,  Abel Marcos em seu perfil, imediatamente, minha mente  voou para a minha infância, na casa de campo em Teresópolis que entre outras maravilhas, exibia uma linda e cobiçada nespereira que  me parecia enorme, mas que agora, me faz pensar, se não era eu, que era pequena demais aos sete/ oito anos...

Lembranças de sabores e aromas simplesmente inesquecíveis...

Bendita infância, herança de valores incalculáveis que até o momento me rende um tudo de bom que me ampara e me fascina, oferecendo-me uma mente repleta de poesia e amor.

UMA TRANSA SOMENTE A DOIS...

Penso que quando falo ou escrevo para além de mim, com o intuito de analisar, seja lá o que for, preciso ter cuidado para não deixar que o impacto que me causou, seja agradável ou não, esteja inserido em minha forma de relatar, sem a devida isenção, mas é claro que isso é praticamente impossível no mundo atual, onde a intenção é exatamente outra, daí a constante indução que aglomera mentes, capaz de alterar as lógicas universais do certo e errado, do bom e do mal de uma forma cada vez mais sutil, que para os atentos, nos quais, me insiro, é aterrorizador e explica sem delongas o caminhar da humanidade e consequentemente do planeta.

Talvez, por esta razão, na maioria das vezes, optei em falar e escrever do apenas belo e assertivo, usando a mesma midiática técnica indutora que condeno, com fins agregativos em prol de aglutinar mentes no amor e no respeito, sentimentos únicos capazes de frear as impulsividades induzidas que num âmbito geral, estão destruindo a vida de forma assustadora.

FASCÍNIO...

Lá estava a Regininha no salão do então requintado hotel Quitandinha em Petrópolis com apenas 12 anos, ouvido pela primeira vez in loco, o som incrível de um sax, enquanto, jantava, aprendendo ao mesmo tempo, como me comportar à mesa.

Paixão à primeira vista, como já me era de costume, afinal, o espanto inicial precisava existir em meus sentidos para que a preferência despontasse e se infiltrasse em mim de forma definida.

Foi assim, desde sempre e é claro, que mais adiante, pude compreender que o meu fascínio se deu, exatamente porque, pela primeira vez, estava diante do real e palpável que meus ouvidos já conheciam, através dos Blues, paixão sonora de meu irmão Eugênio, 10 anos mais velho.

Fascínio que ao longo da vida me envolveu, determinando minhas preferências, nem sempre as mais convenientes para o que se esperava na época de minha infância e juventude, assim como agora, no apogeu de minha maturidade que chamam de terceira idade, confessando a você que me lê, tratar-se de uma denominação alheia a minha real visão do que seja estar vivo e ao mesmo tempo em fascínio constante, afinal, a emoção vibrante é a mesma de quando, balançava as perninhas a beira do riacho em Guapimirim ou nas águas transparentes e mornas de minha Ponta de Areia, sentido os peixinhos beliscarem a minha pele.

Fascínio, apenas fascínio pelos deslumbrantes encontros com as minhas afinidades que me ensinaram a voar com pássaros e borboletas e de ser backing vocal das cigarras, nos outonos de minha vida.

Para você que me lê, permita-se fascinar...

Regina Carvalho-06.05.2024 Itaparica

AROMAS DIVINOS

Nestes instantes em que o jardineiro corta a grama ainda molhada da chuva desta manhã, posso sentir os seus aromas casa a dentro, perfumando cada cômodo, mas acima de tudo, aromatizando a minha alma.

Penso então, no quanto sou privilegiada, por estar existindo neste pedaço de paraíso e poder sentir valorizando, o desfrute destes aromas, crendo serem presentes que a vida, generosamente me oferece nesta tarde ainda encalorada de outono.

Bendito são os meus sentidos que jamais banalizaram os toques carinhosos das energias vibrantes desta natureza infinitamente regeneradora, sempre pronta a acariciar, saciando todas as necessidades de todo aquele que a reconhece e dela se nutre.

Louvado seja Deus em suas incríveis manifestações ao alcance de todos nós, fragmentos completos de sua criação.

Regina Carvalho- 04.05.2024  -Itaparica

PRAZEROSO OU SUPORTÁVEL

E aí, entre a vontade de ficar deitadinha e a necessidade de levantar-me, depois, de assistir parte do mega Show da Madona no Rio de janeiro, penso nas ações e reações.

Qual a relação, sinceramente não sei, mas com certeza, deve haver alguma nas entrelinhas, caso contrário, eu, teria assistido até o fim...

Penso com convicção que minhas ações, exitosas ou não, sempre foram de total responsabilidade minha, assim, como as suas consequências, não me cabendo culpar a quem quer que seja, nem mesmo ao Diabo, numa transferência transcendente, afim de desculpar-me.

POMBOS CAGÕES...

Às vezes, fico pensando o quanto, nós seres humanos somos no mínimo, mentalmente escalafobéticos (que se comporta de maneira excêntrica, esquisita, extravagante, que demonstra falta de jeito, de aprumo, de elegância; desengonçado, desconjuntado) sendo que uma parcela significativa destas pessoas, se acham, exatamente ao contrário, o que as transformam em pessoas sem qualquer senso crítico pessoal, mais semelhantes a, narcisistas inconsequentes e arrogantes que usam esta blindagem como refúgio pessoal de suas inseguranças e profundo complexo de inferioridade, que as resumem em infelizes que vagam como vampiros, sugando o tudo mais, afim de justificarem suas existências.

Geralmente são afrontosos e debochados, justo por se  acharem acima do bem e do mal, do certo e do errado, do adequado e do conveniente.

SEM PRESSA...

Hoje, literalmente madruguei, podendo assim, acompanhar o amanhecer sem pressa clareando no horizonte, um novo dia.

Nesse ritmo inspirador, fui recebendo os primeiros pássaros que, certamente, despertaram por aqui mesmo, entre os galhos das poucas mangueiras existentes por estas bandas de Ponta de Areia.

Ainda me lembro do encanto que me causou, quando por aqui aportei, afinal, era uma a vastidão de árvore frutíferas, possíveis de serem alcançadas nos ainda muitos terrenos sem muros e cercas, ficando as mangueiras os jambeiros, e os jamelões como abundantes farnéis e abrigos para os pássaros e esquilos brasileiros, mais conhecidos por caxinguelês, estes, totalmente desaparecidos...

UMA ESPERANÇA- UM DESEJO – UM DIREITO

“Bom e real é o sucesso, quando, somos capazes de ultrapassarmos a barreira do social de obrigatoriamente estarmos deste ou daquele lado, na escolha disto ou daquilo e podermos com o coração leve, tão somente, atestarmos o visto e o contestável, assim, como continuarmos sendo realistas, quanto, ao que ainda é só uma esperança, um desejo ou um direito”.

 Ser livre politicamente é antes de tudo, não depositar em nada e em ninguém nossas expectativas pessoais.

O sentido de Justiça coletiva e de bem comum, deve estar atrelado a total dignidade de cada cidadão de um povo.

Todo o restante são falácias que precisam ser eliminadas, afim de que, seja alcançado o bendito equilíbrio social.

Injustificável é uma cidade pequena como Itaparica que recebe mensalmente um volume expressivo de recursos externos e internos, ainda se encontrar prisioneira da fome, da falta da saúde e de uma educação ampla e irrestrita.

Injustificável é a dicotomia salarial pública e a carência absurda de ofertas empreendedoras ao cidadão.

Sem qualquer sentido moral e ético é a promoção de grandiosas festas, tendo como complemento de seus custos, os recursos de um município, com o intuito de disfarçar a miséria, a lama e o lixo de seu entorno, colorindo uma pequena faixa turística, afim de mostrar um progresso e uma nova história inexistente.

Imperdoável é permitir e apoiar através de benécias públicas os mentores de uma crescente violência, num paraíso terrestre como Itaparica.

Abusivo, censurável, condenável, criticável, indesculpável, irremissível, repreensível, reprovável, será sempre a não transparência em relação ao erário público e o enriquecimento ilícito dos membros do executivo e do legislativo, assim como de suas assessorias.

Vergonhosa será sempre a inoperância fiscalizadora e punitiva do MP e do TCM.

Catastrófica e indigna será sempre a  acentuada conduta operacional das corporações policiais, quanto ao  evidente apartheid entre brancos e pretos, ricos e pobres, sempre antes de tudo, submisso aos poderes.

Regina Carvalho- 01.05.2024 Itaparica

Tentei e como tentei e ao invés de apoio da câmara de vereadores, recebi abandono, insultos e indiferença, portanto, sei o que falo e o que escrevo. Seis anos de Rádio Tupinambá e16 anos de Jornal Variedades.👇👇👇