Quem
sabe, toda essa
pandemia nos ajude a pensar um pouco mais sobre a verdade absoluta de que ninguém,
absolutamente ninguém, é capaz de viver plenamente sem estar no convívio com
outros, assim como nos leve a planejar alternativas puramente individuais que
possam servir de exemplos à outros, na certeza de que com o tempo, pensar e
fazer o bem aos demais, se torne tão natural, quanto hoje, fazer o mal ou ignorar,
seja normal.
Mas o que é
fazer o mal, perguntarão muitos, olhando para si próprios na certeza de nunca
terem ferido quem quer que seja, como se machucar alguém, estivesse resumido em
feridas físicas, esquecendo-nos ou sequer compreendendo, que o simples fato de
não enxergarmos o outro, já lhe é uma sentença de abandono e muitas vezes
morte.
Em todas as
ocasiões em que nos permitimos fingir e até justificar que não estamos vendo o
inapropriado e o abusivo, principalmente, quando este advém de um líder público,
por mais carismático e aparentemente bonzinho que aparente, estamos nos
tornando cúmplices de crimes hediondos, onde um simples e aparente desvio de lisuras
em relação ao erário, impede que dezenas, centenas e até milhões de outras
pessoas recebam o necessário para a própria sobrevivência.
Quietinha
neste atípico após Páscoa, coloco-me no direito de me ver sendo isso ou aquilo
e tendo poderes para mudar pelo menos o meu entorno e aí, minha mente se imagina
fatiando de forma mais justa, as mensalidade recebidas dos royalties e
multiplicando-as por 4 ( quatro ) anos de mandato e, instintivamente me vejo
sorrindo e me percebendo gigantesca como líder e como gente.
E então,
penso que com um pequena fatia, seria possível subsidiar em parte, um
restaurante popular, onde crianças e adultos, pudessem ser beneficiados com
pelo menos uma refeição completa e consistente, assim como, com outra fatia, eu
reforçaria a merenda escolar, oferecendo café da manhã antes da primeira aula,
pois acredito que deva ser duríssimo para qualquer pessoa, principalmente uma
criança, concentrar-se de barriga vazia.
Resolvida em
parte a fome que rouba a dignidade de qualquer ser humano, eu lançaria mão de
mais uma fatia e criaria um fundo para socorrer o caixa da secretaria da saúde,
para que jamais voltasse a faltar os remédios prioritários garantidos pelo SUS,
mas que por total desorganização e nenhum planejamento, nunca é suficiente para
atender a sempre crescente demanda.
Vou mais
além e não permitiria que nenhum munícipe de minha cidade, morasse em casas indignas
a qualquer ser vivo e destinaria os custos absolutamente desnecessários e
possíveis de serem constatados em qualquer gestão, para a construção de casas
minimamente decentes em terrenos públicos. Fecho os olhos e as vejo prontas e
habitadas e sendo inauguradas sem interrupções a cada seis meses.
As sobras do
tão ambicionado royalties que ainda seriam gordas, iriam para o recolhimento de
lixo em primeiro lugar, depois, outra fatia iria para calçamentos e reparos e a
fatia menorzinha destinada as festinhas de largo e datas comemorativas como São
João e Natal, pois os extras para torná-las mais empolgantes eu iria buscar,
juntamente com uma equipe competente, através dos infindáveis projetos Estaduais
e Federais, sem esquecer da iniciativa privada, sempre gananciosa nas
licitações e pouco ou nada participante, quanto ao retorno ao povo que lhe favorece.
Novamente
sorrio, pois, afinal, não receberia e tão pouco pagaria o tão comum “por fora”,
acabando de vez com a prática histórica dos políticos em geral, que subjugam cidades,
estados e até países envoltos no atraso e na consequente ignorância, de não se
enxergarem ainda escravos.
UTOPIA?
Jamais!!!
Tudo isso é absolutamente
possível, viável e plausível, e todos sabemos desta realidade que não acontece,
pelo menos na globalidade necessária.
Então meu
Deus, por que os líderes não fazem?
E por que,
mesmo não fazendo e flagelando as nossas mais primárias necessidades, ainda os
aplaudimos?
Somos tão
insensíveis, quanto cada um deles ou mesmo estando feridos, precisamos acreditar
que somos fortes e que temos a força para tirá-los ou mantê-los, fazendo deles
também escravos do nosso poder de voto?
Complexa e
assustadora são as avaliações de uma massa partidária.
Volto a me
sentir inserida no Mito da Caverna, repleta de sombras, onde enxergo e insisto
em levar a luz do sol.
Quem sabe um
dia, a luz finalmente penetre na escuridão da caverna e as sombras se tornem figuras
reais, afim de podermos tocá-las, senti-las, percebendo que são mais que
sombras, pois somos nós.
Quem sabe um dia...
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