segunda-feira, 13 de abril de 2020

AH! SE UM DIA EU FOSSE...


Quem sabe, toda essa pandemia nos ajude a pensar um pouco mais sobre a verdade absoluta de que ninguém, absolutamente ninguém, é capaz de viver plenamente sem estar no convívio com outros, assim como nos leve a planejar alternativas puramente individuais que possam servir de exemplos à outros, na certeza de que com o tempo, pensar e fazer o bem aos demais, se torne tão natural, quanto hoje, fazer o mal ou ignorar,  seja normal.
Mas o que é fazer o mal, perguntarão muitos, olhando para si próprios na certeza de nunca terem ferido quem quer que seja, como se machucar alguém, estivesse resumido em feridas físicas, esquecendo-nos ou sequer compreendendo, que o simples fato de não enxergarmos o outro, já lhe é uma sentença de abandono e muitas vezes morte.
Em todas as ocasiões em que nos permitimos fingir e até justificar que não estamos vendo o inapropriado e o abusivo, principalmente, quando este advém de um líder público, por mais carismático e aparentemente bonzinho que aparente, estamos nos tornando cúmplices de crimes hediondos, onde um simples e aparente desvio de lisuras em relação ao erário, impede que dezenas, centenas e até milhões de outras pessoas recebam o necessário para a própria sobrevivência.
Quietinha neste atípico após Páscoa, coloco-me no direito de me ver sendo isso ou aquilo e tendo poderes para mudar pelo menos o meu entorno e aí, minha mente se imagina fatiando de forma mais justa, as mensalidade recebidas dos royalties e multiplicando-as por 4 ( quatro ) anos de mandato e, instintivamente me vejo sorrindo e me percebendo gigantesca como líder e como gente.
E então, penso que com um pequena fatia, seria possível subsidiar em parte, um restaurante popular, onde crianças e adultos, pudessem ser beneficiados com pelo menos uma refeição completa e consistente, assim como, com outra fatia, eu reforçaria a merenda escolar, oferecendo café da manhã antes da primeira aula, pois acredito que deva ser duríssimo para qualquer pessoa, principalmente uma criança, concentrar-se de barriga vazia.
Resolvida em parte a fome que rouba a dignidade de qualquer ser humano, eu lançaria mão de mais uma fatia e criaria um fundo para socorrer o caixa da secretaria da saúde, para que jamais voltasse a faltar os remédios prioritários garantidos pelo SUS, mas que por total desorganização e nenhum planejamento, nunca é suficiente para atender a sempre crescente demanda.
Vou mais além e não permitiria que nenhum munícipe de minha cidade, morasse em casas indignas a qualquer ser vivo e destinaria os custos absolutamente desnecessários e possíveis de serem constatados em qualquer gestão, para a construção de casas minimamente decentes em terrenos públicos. Fecho os olhos e as vejo prontas e habitadas e sendo inauguradas sem interrupções a cada seis meses.
As sobras do tão ambicionado royalties que ainda seriam gordas, iriam para o recolhimento de lixo em primeiro lugar, depois, outra fatia iria para calçamentos e reparos e a fatia menorzinha destinada as festinhas de largo e datas comemorativas como São João e Natal, pois os extras para torná-las mais empolgantes eu iria buscar, juntamente com uma equipe competente, através dos infindáveis projetos Estaduais e Federais, sem esquecer da iniciativa privada, sempre gananciosa nas licitações e pouco ou nada participante, quanto ao retorno ao povo que lhe favorece.
Novamente sorrio, pois, afinal, não receberia e tão pouco pagaria o tão comum “por fora”, acabando de vez com a prática histórica dos políticos em geral, que subjugam cidades, estados e até países envoltos no atraso e na consequente ignorância, de não se enxergarem ainda escravos.
UTOPIA?
Jamais!!!
Tudo isso é absolutamente possível, viável e plausível, e todos sabemos desta realidade que não acontece, pelo menos na globalidade necessária.
Então meu Deus, por que os líderes não fazem?
E por que, mesmo não fazendo e flagelando as nossas mais primárias necessidades, ainda os aplaudimos?
Somos tão insensíveis, quanto cada um deles ou mesmo estando feridos, precisamos acreditar que somos fortes e que temos a força para tirá-los ou mantê-los, fazendo deles também escravos do nosso poder de voto?
Complexa e assustadora são as avaliações de uma massa partidária.
Volto a me sentir inserida no Mito da Caverna, repleta de sombras, onde enxergo e insisto em levar a luz do sol.
Quem sabe um dia, a luz finalmente penetre na escuridão da caverna e as sombras se tornem figuras reais, afim de podermos tocá-las, senti-las, percebendo que são mais que sombras, pois somos nós.
 Quem sabe um dia...

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