segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS.



Quem disse que o bem-estar de uma cidade, só depende do poder público?
Reclamamos dia e noite do aumento ininterrupto dos índices de violência, mas ao invés de combate-la, através de associações comunitárias, formadas por moradores conscientes e unidos, optamos em cercar-nos de grades e nos tornamos estranhos, até mesmo para o nosso vizinho mais próximo, assim como, não abrimos mão de pelo menos fumarmos aquela ervinha, isso sem falar nas demais drogas que proliferam, única e exclusivamente, porque acreditamos que é o nosso direito, já que não nos marginalizamos, esquecendo que somos nós que garantimos toda a violência que nossa inconsciência pessoal e social causa.
Bem mais cômodo é culpar o traficante, a polícia, os juízes, os vereadores e o prefeito, isso numa cidade minúscula como a nossa, pois nas grandes capitais, culpa-se também o governador e o presidente, mas a nós, ninguém culpa, aliás, somos eternas vítimas do sistema, como se o sistema se formasse sozinho sem as nossas participações omissas ou atuantes.
O mesmo acontece com o problema do recolhimento do lixo, das ruas abandonadas, do esgoto a céu aberto, da inoperância dos vereadores, da má aplicação do erário público e no tudo mais que mazela a nossa cidade, porque cremos que nada podemos fazer (desculpa santa) para a nossa inércia, covardia ou mesmo cumplicidade por estarmos obtendo alguma vantagem, nem que seja um emprego público.
Enquanto, arranjarmos desculpas e nos fazermos de cegos, continuaremos sendo as “VITIMAS” do sistema, que nós mesmos alimentamos com a nossa omissão ou participação.
Se todo crítico, oferecesse sugestão, pelo menos ganharia respeito para continuar cobrando, se todo defensor, usasse de seu prestígio junto aos poderosos para mostrar-lhes as falhas ou deslizes a serem corrigidos, se cada morador de uma rua estivesse unido ao outro, na busca em todas as esferas pela conservação ou mesmo construção de melhorias, se cada usuário de drogas, tivesse amparo familiar e público para uma constante recuperação, se cada comerciante se unisse para se criar uma associação forte e responsável que visasse, verdadeiramente, tornar-se um órgão capaz de representar a cidade junto ao poder público, como acontece em outras cidades, onde o sucesso em vários níveis se instalou, se nossa polícia viesse na cidade com mais frequência e não só nos momentos de abastecimento no posto de gasolina ou para fazer “fita”, em momentos esporádicos do verão, se ao irmos nas urnas, tivéssemos em mente que o fato do candidato ser amigo, simpático, religioso, bonzinho, trabalhador ou ter nos prometido isso ou aquilo, não o qualifica como vereador e muito menos prefeito, com certeza o nosso “sistema” não estaria de mal a pior.
O atavismo humano se concentra geralmente em locais em que seus habitantes se fecham, somente, nas tradições ancestrais, não abrindo espaço para novas visões progressistas.
Somos todos responsáveis pelas nossas mazelas pessoais e sociais, e é preciso que se tenha menos displicência e mais amor consciente por si e pela cidade, para enfrentar não só o atavismo repressor, como a contemporalidade abusiva.
Mudar hábitos e costumes, não é nada fácil, mas continuar vivendo como vítimas de um sistema perverso e desumano é bem pior, já que ninguém, está livre do alcance dos tentáculos brutais de seus ataques.
Se em Itaparica nos últimos vinte anos foi terreno progressivo para o trafico de drogas, pelo aumento assustador da prostituição de menores, pelo abusivo comportamento dos nossos gestores, tanto do executivo, quanto do legislativo, sob os olhares míopes do judiciário, não os culpem, mas culpem a si mesmos por serem seus mantenedores.
Combater isto ou aquilo, não significa tornar-se inimigo do invasor, tão somente, cuidador de si mesmo.


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