Quem disse
que o bem-estar de uma cidade, só depende do poder público?
Reclamamos
dia e noite do aumento ininterrupto dos índices de violência, mas ao invés de combate-la,
através de associações comunitárias, formadas por moradores conscientes e
unidos, optamos em cercar-nos de grades e nos tornamos estranhos, até mesmo
para o nosso vizinho mais próximo, assim como, não abrimos mão de pelo menos
fumarmos aquela ervinha, isso sem falar nas demais drogas que proliferam, única
e exclusivamente, porque acreditamos que é o nosso direito, já que não nos
marginalizamos, esquecendo que somos nós que garantimos toda a violência que
nossa inconsciência pessoal e social causa.
Bem mais
cômodo é culpar o traficante, a polícia, os juízes, os vereadores e o prefeito,
isso numa cidade minúscula como a nossa, pois nas grandes capitais, culpa-se também
o governador e o presidente, mas a nós, ninguém culpa, aliás, somos eternas vítimas
do sistema, como se o sistema se formasse sozinho sem as nossas participações
omissas ou atuantes.
O mesmo
acontece com o problema do recolhimento do lixo, das ruas abandonadas, do
esgoto a céu aberto, da inoperância dos vereadores, da má aplicação do erário
público e no tudo mais que mazela a nossa cidade, porque cremos que nada
podemos fazer (desculpa santa) para a nossa inércia, covardia ou mesmo cumplicidade
por estarmos obtendo alguma vantagem, nem que seja um emprego público.
Enquanto,
arranjarmos desculpas e nos fazermos de cegos, continuaremos sendo as “VITIMAS”
do sistema, que nós mesmos alimentamos com a nossa omissão ou participação.
Se todo crítico,
oferecesse sugestão, pelo menos ganharia respeito para continuar cobrando, se
todo defensor, usasse de seu prestígio junto aos poderosos para mostrar-lhes as
falhas ou deslizes a serem corrigidos, se cada morador de uma rua estivesse
unido ao outro, na busca em todas as esferas pela conservação ou mesmo
construção de melhorias, se cada usuário de drogas, tivesse amparo familiar e público
para uma constante recuperação, se cada comerciante se unisse para se criar uma
associação forte e responsável que visasse, verdadeiramente, tornar-se um órgão
capaz de representar a cidade junto ao poder público, como acontece em outras
cidades, onde o sucesso em vários níveis se instalou, se nossa polícia viesse
na cidade com mais frequência e não só nos momentos de abastecimento no posto
de gasolina ou para fazer “fita”, em momentos esporádicos do verão, se ao irmos
nas urnas, tivéssemos em mente que o fato do candidato ser amigo, simpático,
religioso, bonzinho, trabalhador ou ter nos prometido isso ou aquilo, não o
qualifica como vereador e muito menos prefeito, com certeza o nosso “sistema”
não estaria de mal a pior.
O atavismo humano
se concentra geralmente em locais em que seus habitantes se fecham, somente, nas
tradições ancestrais, não abrindo espaço para novas visões progressistas.
Somos todos
responsáveis pelas nossas mazelas pessoais e sociais, e é preciso que se tenha
menos displicência e mais amor consciente por si e pela cidade, para enfrentar
não só o atavismo repressor, como a contemporalidade abusiva.
Mudar
hábitos e costumes, não é nada fácil, mas continuar vivendo como vítimas de um
sistema perverso e desumano é bem pior, já que ninguém, está livre do alcance
dos tentáculos brutais de seus ataques.
Se em
Itaparica nos últimos vinte anos foi terreno progressivo para o trafico de
drogas, pelo aumento assustador da prostituição de menores, pelo abusivo
comportamento dos nossos gestores, tanto do executivo, quanto do legislativo, sob
os olhares míopes do judiciário, não os culpem, mas culpem a si mesmos por
serem seus mantenedores.
Combater
isto ou aquilo, não significa tornar-se inimigo do invasor, tão somente,
cuidador de si mesmo.
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