Nos tempos
bicudos que estamos vivenciando, falar o que se pensa, certamente fere o
contrário, e este, por não admitir ser divergido, logo em seguida lhe confere
um rótulo depreciador, levando-me a pensar no quanto, enquanto omissos, estaremos
por todo o tempo reforçando a total incoerência de nosso mais sublime direito,
que será sempre o de nos libertar das opressões.
Mas meu
Deus, como será possível, se para cada lado que se olhe, lá estão eles, os
chefões profissionais de nossos destinos, fazendo e acontecendo nos seus
protagonismos cênicos, restando a nós as figurações, sem falas e sem rostos que
se expressem.
Por quase
duas décadas em Itaparica, escrevo sobre o direito inalienável de cada cidadão
em reivindicar dos políticos seus mais primários direitos constitucionais,
inconformada que sempre fui com a doída submissão existente.
Inúmeras
foram as vezes em que indiquei que o único caminho de se alterar as regras
brutais deste jogo político brasileiro seria através das reações populares, mas
como fazer isso, se a população não sabe como fazê-lo, já que a opressão
silenciosa do feudalismo, travestido de inúmeras vestimentas enganadoras, assim
domesticou seu gado nos currais eleitorais, que apenas mudaram suas apresentações,
camuflando com cores vibrantes as mesmas cercas de outrora?
O que assisti
neste Sete de Janeiro foi mais um protagonismo dos chefões eleitoreiros com
seus chicotes em riste, fazendo doidas espirais sobre um povo simples e
necessitado de quase tudo, que por instantes, acreditou mais uma vez que estava
tendo seus momentos de glória, num pouporri de cenas esdrúxulas que chamam inocentemente
de ato democrático.
Dizei-me,
Deus, se é mentira ou se é verdade, tanto horror perante os céus? Castro Alves
Três anos
longos e dolorosos para muitos e, no entanto, somente nos meses que antecedem
as eleições, as manifestações são produzidas como peças teatrais previamente
ensaiadas.
Onde estavam
os senhores dos poderes para conduzir seus gados magros e sofridos, na busca
sensata de seu pasto farto, onde poucos se saciavam?
Estavam
sempre muito ocupados com seus negócios particulares.
O tempo de
cada um deles, jamais coincide com o tempo do povo.
Desculpem a
sinceridade, mas aonde estavam os protagonistas cênicos que não moveram um dedo
sequer a favor da dor e das necessidades deste povo, nos últimos pelo menos 18
anos, que pude observar e conclamá-los incansável e solitariamente, mediante meus
escritos e de minhas falas através da Rádio Tupinambá e no Jornal Variedades?
Incomodei
tanto, que ignorar-me e soterrar com a indiferença os únicos meios de
libertação de cada cidadão foi a mais silenciosa, cumplice e desalmada forma de
defenderem-se.
Política
saudável, é feita de protagonismo em participações e realizações a favor do bem
comum nos 365 dias do calendário de qualquer cidade, ensinando cada pessoa a
pensar e a se respeitar.
Enquanto
isso não acontecer, tudo será como dantes no quartel de Abrantes.
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