quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

REFLETINDO...



Nos tempos bicudos que estamos vivenciando, falar o que se pensa, certamente fere o contrário, e este, por não admitir ser divergido, logo em seguida lhe confere um rótulo depreciador, levando-me a pensar no quanto, enquanto omissos, estaremos por todo o tempo reforçando a total incoerência de nosso mais sublime direito, que será sempre o de nos libertar das opressões.
Mas meu Deus, como será possível, se para cada lado que se olhe, lá estão eles, os chefões profissionais de nossos destinos, fazendo e acontecendo nos seus protagonismos cênicos, restando a nós as figurações, sem falas e sem rostos que se expressem.
Por quase duas décadas em Itaparica, escrevo sobre o direito inalienável de cada cidadão em reivindicar dos políticos seus mais primários direitos constitucionais, inconformada que sempre fui com a doída submissão existente.
Inúmeras foram as vezes em que indiquei que o único caminho de se alterar as regras brutais deste jogo político brasileiro seria através das reações populares, mas como fazer isso, se a população não sabe como fazê-lo, já que a opressão silenciosa do feudalismo, travestido de inúmeras vestimentas enganadoras, assim domesticou seu gado nos currais eleitorais, que apenas mudaram suas apresentações, camuflando com cores vibrantes as mesmas cercas de outrora?
O que assisti neste Sete de Janeiro foi mais um protagonismo dos chefões eleitoreiros com seus chicotes em riste, fazendo doidas espirais sobre um povo simples e necessitado de quase tudo, que por instantes, acreditou mais uma vez que estava tendo seus momentos de glória, num pouporri de cenas esdrúxulas que chamam inocentemente de ato democrático.
Dizei-me, Deus, se é mentira ou se é verdade, tanto horror perante os céus? Castro Alves
Três anos longos e dolorosos para muitos e, no entanto, somente nos meses que antecedem as eleições, as manifestações são produzidas como peças teatrais previamente ensaiadas.
Onde estavam os senhores dos poderes para conduzir seus gados magros e sofridos, na busca sensata de seu pasto farto, onde poucos se saciavam?
Estavam sempre muito ocupados com seus negócios particulares.
O tempo de cada um deles, jamais coincide com o tempo do povo.
Desculpem a sinceridade, mas aonde estavam os protagonistas cênicos que não moveram um dedo sequer a favor da dor e das necessidades deste povo, nos últimos pelo menos 18 anos, que pude observar e conclamá-los incansável e solitariamente, mediante meus escritos e de minhas falas através da Rádio Tupinambá e no Jornal Variedades?
Incomodei tanto, que ignorar-me e soterrar com a indiferença os únicos meios de libertação de cada cidadão foi a mais silenciosa, cumplice e desalmada forma de defenderem-se.
Política saudável, é feita de protagonismo em participações e realizações a favor do bem comum nos 365 dias do calendário de qualquer cidade, ensinando cada pessoa a pensar e a se respeitar.
Enquanto isso não acontecer, tudo será como dantes no quartel de Abrantes.


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