Estou aqui
pensando neste amanhecer de janeiro de 2020, no quanto as experiências
vivenciais são incríveis nos seus desafios cotidianos e, no quanto, a minha
geração e, provavelmente, outras que até há pouco tempo, quero dizer, 20/30
anos atrás, traziam consigo conceitos e valores que, hoje, estão completamente defasados,
precisam fazer esforços hercúleos para não sofrerem cognitivamente uma
devastação emocional, assim como, ao mesmo tempo, conviver com a negação de seu
mais precioso dom, que é justo pensar diferente ou mesmo poder expressar suas
dúvidas e, até mesmo, sua respeitosa opinião, sem correr o risco de serem
taxadas disso ou daquilo, numa sequência avassaladora de protestos exaltados,
privando-as da liberdade de ser e de pensar, utilizando-se como argumento o
direito à liberdade, deste ou daquele, numa incoerência que chega a doer, por
ser unilateral e nada respeitosa.
Associo este
mar de imposições sistêmicas, amparadas em leis, ao volume jamais visto de
violência, onde o que eu quero e o que eu penso é, tão somente, o que interessa,
e este comportamento impositivo pode ser encontrado por todo o tempo e em
relação a qualquer assunto, onde a vitimização de uma já não tão minoria,
sufoca uma já não tão maioria, trazendo à tona a revolta e, com ela, o pior dos
sentimentos humanos, que é o ódio em relação à opressão na indução de novos
valores, sem a prudência de se dar o tempo necessário para as devidas
assimilações.
Tempos
difíceis para todos, afinal, lutar por uma causa em pleno século 21, onde não
faltam recursos e informações de todas as naturezas, deveria vir acompanhado de
mais expertise de recursos de argumentação e humanidade, já que a própria
história mostra os efeitos brutais que a senhora imposição de todos os níveis acarretou
no desfavorecimento das minorias, portanto, o que se faz hoje em dia é
exatamente copiar-se a imposição de direitos, acirrando assim, conflitos e
desajustes, frente à pressa de se recuperar tempos perdidos.
Particularmente
o que me resta é a resistência em querer continuar pensando para decidir se
aceito ou não, isto ou aquilo, o que em absoluto tem a conotação de desrespeito
e sim de defesa do meu direito inalienável de preservar o meu tempo de
entendimento a respeito de tudo.
Portanto, concluo
que pensando desta forma, estarei sofrendo, vez por outra, ataques grosseiros
de desrespeito à minha pessoa, através de demonstrações explícitas de
autoritarismo, mas tudo bem, afinal, são os novos tempos e é preciso respeitá-los,
como forma também explicita de ser coerente comigo mesma.
Respeitar e
acolher é uma situação imprescindível, mas, concordar e me moldar, violando a
minha própria natureza, aviltando meus valores como se lixo fossem em favor dos
valores de massa ou temendo por ser lei, isso não, e para tanto, não imponho e,
tão pouco, agrido ou mato para preservá-los em seus devidos tempos de
assimilação cognitiva.
E antes que
eu me esqueça, por ser humana e ter sangue nas veias, digo aos abusados de plantão
que mente fechada e retrógrado é todo aquele que não consegue respeitar o
direito do outro de ainda pensar diferente.
Afinal,
estupidez é combater os preconceitos, criando-se outros, como espada de
combate.
O resultado
está aí, vivinho e assustador, desajustes e mortes, pois existe muita hipócrita
aceitação, mas quase nenhum entendimento.
São tempos
difíceis, mas tudo bem, pois assim como tudo que já presenciei e sobrevivi,
esta fase impositiva, há de se adequar, só não sei quando, ou se estarei viva
para ver.
Limites, antes
de ser limitadores, são sinais sábios da inteligência humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário