quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

TEMPOS DIFÍCEIS...



Estou aqui pensando neste amanhecer de janeiro de 2020, no quanto as experiências vivenciais são incríveis nos seus desafios cotidianos e, no quanto, a minha geração e, provavelmente, outras que até há pouco tempo, quero dizer, 20/30 anos atrás, traziam consigo conceitos e valores que, hoje, estão completamente defasados, precisam fazer esforços hercúleos para não sofrerem cognitivamente uma devastação emocional, assim como, ao mesmo tempo, conviver com a negação de seu mais precioso dom, que é justo pensar diferente ou mesmo poder expressar suas dúvidas e, até mesmo, sua respeitosa opinião, sem correr o risco de serem taxadas disso ou daquilo, numa sequência avassaladora de protestos exaltados, privando-as da liberdade de ser e de pensar, utilizando-se como argumento o direito à liberdade, deste ou daquele, numa incoerência que chega a doer, por ser unilateral e nada respeitosa.
Associo este mar de imposições sistêmicas, amparadas em leis, ao volume jamais visto de violência, onde o que eu quero e o que eu penso é, tão somente, o que interessa, e este comportamento impositivo pode ser encontrado por todo o tempo e em relação a qualquer assunto, onde a vitimização de uma já não tão minoria, sufoca uma já não tão maioria, trazendo à tona a revolta e, com ela, o pior dos sentimentos humanos, que é o ódio em relação à opressão na indução de novos valores, sem a prudência de se dar o tempo necessário para as devidas assimilações.
Tempos difíceis para todos, afinal, lutar por uma causa em pleno século 21, onde não faltam recursos e informações de todas as naturezas, deveria vir acompanhado de mais expertise de recursos de argumentação e humanidade, já que a própria história mostra os efeitos brutais que a senhora imposição de todos os níveis acarretou no desfavorecimento das minorias, portanto, o que se faz hoje em dia é exatamente copiar-se a imposição de direitos, acirrando assim, conflitos e desajustes, frente à pressa de se recuperar tempos perdidos.
Particularmente o que me resta é a resistência em querer continuar pensando para decidir se aceito ou não, isto ou aquilo, o que em absoluto tem a conotação de desrespeito e sim de defesa do meu direito inalienável de preservar o meu tempo de entendimento  a respeito de tudo.
Portanto, concluo que pensando desta forma, estarei sofrendo, vez por outra, ataques grosseiros de desrespeito à minha pessoa, através de demonstrações explícitas de autoritarismo, mas tudo bem, afinal, são os novos tempos e é preciso respeitá-los, como forma também explicita de ser coerente comigo mesma.
Respeitar e acolher é uma situação imprescindível, mas, concordar e me moldar, violando a minha própria natureza, aviltando meus valores como se lixo fossem em favor dos valores de massa ou temendo por ser lei, isso não, e para tanto, não imponho e, tão pouco, agrido ou mato para preservá-los em seus devidos tempos de assimilação cognitiva.
E antes que eu me esqueça, por ser humana e ter sangue nas veias, digo aos abusados de plantão que mente fechada e retrógrado é todo aquele que não consegue respeitar o direito do outro de ainda pensar diferente.
Afinal, estupidez é combater os preconceitos, criando-se outros, como espada de combate.
O resultado está aí, vivinho e assustador, desajustes e mortes, pois existe muita hipócrita aceitação, mas quase nenhum entendimento.
São tempos difíceis, mas tudo bem, pois assim como tudo que já presenciei e sobrevivi, esta fase impositiva, há de se adequar, só não sei quando, ou se estarei viva para ver.
Limites, antes de ser limitadores, são sinais sábios da inteligência humana.

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