Pois é, o
dia está chuvoso, mas o sol teimoso, insiste em se fazer presente negando a si
mesmo o segundo plano neste céu universal, que posso apreciar enquanto escrevo
de minha confortável cadeira, na sala que descortina através da janela, o meu velho
e companheiro quintal que, também insistente, se refaz a cada estação e assim, me
ensinando que só depende de mim e de mais ninguém a busca constante do
renascimento.
Cada pessoa
em seu mundo social, busca e ampara este renascer na cultura na qual, está
inserida, mas há um contexto maior que norteia e influência enormemente cada
uma delas e é neste ponto que me fixo, quando emito opiniões baseadas no
acúmulo de conhecimento diverso que fui adquirindo ao longo da vida.
Bem, tudo
isso que escrevo, tem como objetivo focar especialmente no dia de hoje, afinal,
além de ser dedicado a nossa senhora da Aparecida, padroeira do Brasil, também
é o dia da criança e neste ponto, minha
reflexão paira no antagonismo que ora vivemos, pois se por um lado
desenvolvemos a capacidade da compreensão, quanto a proteção e estímulos à
criança, com o objetivo de preservar seus direitos básicos, assim como o seu
direito de apenas ser criança, por outro, inundamos seus universos pessoais com
informações através de mensagens mais que explicitas, sobre todos os aspectos
vivenciais que a raça humana é capaz de construir e com essa atitude, cerceamos
as searas da ingenuidade e da originalidade com propostas que só deveriam
chegar a elas, nas fases seguintes de suas cronologias.
Não há nada
que desculpe o afrontamento de tais modalidades, levando cada criança a uma
vivência de experiências sensoriais e intelectuais, muito além de suas
capacidades de real assimilação e compreensão cognitiva.
AH, mas a internet
e o mundo das ruas, estão infestados destas realidades e elas devem crescer,
acostumando-se a naturalidade dos novos costumes (esse é o argumento mais
poderoso de justificativa para todas as exposições nas quais, coloca-se a
criança como telespectador), num abusivo antagonismo que confunde mais que
orienta.
Sim, isso seria verdade, se houvessem nas família
e nas escolas uma capacidade em amenizarem os impactos, com a devida orientação
assimilativa que só ocorre através de parâmetros outros que não, a indução ou
simples alienação dos novos fatos em si, buscando através dos valores morais e
éticos, estabelecer um padrão de normalidade e não de acirramento ou imposição
disto ou daquilo que esteja aquém da possibilidade real e constatável de
assimilação nas devidas faixas etárias.
Estabelecem
os novos conceitos como se fossem tratores desgovernados e esperam imediato
entendimento por parte de mentes em formação e ainda dizem que não estão
induzindo e isso é no mínimo criminoso.
Portanto,
neste dia das crianças, lembro da minha e de a meus filhos e ao vê-los hoje,
centrados em suas vidas, penso que apesar de ser oriunda de um período de
grandes e inéditas alterações de hábitos e costumes sociais que, abriram espaço
para que hoje, modelos de vida e liberdade se fizessem presentes, ainda fomos
capazes de receber limites e orientações amorosas suficientes para que
transmitíssemos aos nossos filhos o mínimo de amorosidade capaz de
direcioná-los a buscarem o equilíbrio , a razão e o amor em relação a tudo em
suas vidas.
Obrigada
vida pelos anos 50, onde desfrutei de uma deliciosa infância, onde tudo que eu
precisava saber e viver era dentro dos limites em ser, apenas criança.
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