Nesta segunda-feira ensolarada em meio a paz que me cerca,
comecei a raciocinar só um pouquinho, na busca de respostas para algumas
perguntinhas básicas que, insistentes, confundem meu real entendimento sobre comentários
e preconceitos, com os quais convivo a vida inteira.
Por favor, este é apenas um ensaio sobre o comportamento
humano, jamais uma tentativa de denegrir as lutas seja de quem for, pois
acredito que se não pensamos, discutimos e trocamos informações, com certeza,
estagnamos e é baseada nas infinitas leituras e vivências que também, exponho
minhas impressões.
Que a hipocrisia faz parte dos nossos hábitos e costumes num
contraponto absurdo da franqueza, isso nós sabemos e até denominamos de
educação, afinal, não devemos e não podemos em respeito ao outro, dizer tudo
que realmente pensamos, mas daí, a procedermos como vaquinhas de presépio ou
macaquinhos de realejo, existe uma enorme diferença.
Nossos políticos e suas camarilhas só comparáveis a corte
francesa da época de Luis XIV, só existe, porque somos preguiçosos para
mudarmos nossas realidades, preguiça esta, que está inserida em nosso DNA de
índios, acostumados a aceitar os comandos dos CACIQUES e PAJÉS sem qualquer
discussão, assim com milhares de negros escravizados, que ficavam assistindo um
CAPATAZ bater sem piedade e um SINHOZINHO determinar sobre sua vida ou morte,
num servilismo que atravessou séculos de maus-tratos e ignomínias possíveis de
serem constatadas nos livros da história mundial.
A psicologia, a antropologia, a sociologia e todas as “gias”
acadêmicas, certamente tem suas explicações que são frutos de longas pesquisas
e estudos, todavia, há exatamente 131 anos, a escravidão acabou em nosso país,
o mundo se transformou nos hábitos e costumes e no entanto, continuam no ritmo
das lamentações, amparando-se em “senhores” e “”bandeiras” que lhes facilitem
um caminho para a desforra, quando deveriam buscar uma autêntica emancipação
pessoal, como muitos fizeram e ainda fazem, até mesmo, em meio a escravidão de
um sistema oportunista, agarrando-se a preciosas chances, num reverso de
preconceito absurdo, pois há muito a escravização humana se estende a negros e
brancos sem qualquer distinção em qualquer favela e periferias deste imenso e
injusto democrático país de senhores e mandatários que se amparam na preguiça mental
de parte expressiva do povo, para permanecerem com o chicote em riste, tal
qual, retratou Castro Alves em sua fantástica narrativa poética do NAVIO
NEGREIRO.
Ele era negro, ainda um menino, pois tinha somente 15 anos,
quando o escreveu.
O mesmo se expandiu para a política desde sempre pelos
mesmos motivos e o espantoso é que em pleno século 21, às portas de 2020,
continuamos aplaudindo e defendendo por preguiça e acomodação, os mesmos
carrascos de nossa soberania de cidadão.
Aceitamos as esmolas como troféus, reverenciamos nossos
pífios políticos como se fossem santidades escolhidas por Deus, tal qual, a
ignorância dos séculos passados, numa fuga emocional doentia e assustadora,
ofuscando e tentando apagar todas as luzes de um claro entendimento, justo por
inércia, cobiça miserável ou herança maldita de um servilismo patológico.
E aí, como todo inconsequente alucinado, abraçamos o ilógico
como conquista de progresso, e num processo de dois pesos e duas medidas, como
hábito de transferência de culpa, nos dividimos idiotamente, esquecendo da
história, que mesmo corrompida em diversos aspectos, é bem clara em relação a
quem rouba e explora quem.
Desde quando, o Norte e o Nordeste precisaram de um líder
carioca ou Gaúcho ou de qualquer outra região, para escravizar o seu povo,
deixando-os em perpetuo atraso em relação ao restante do país?
E qual lança ou chicote em riste, foi forte o suficiente
para impedir um negro ou um branco de suplantar as dificuldades de origem, afim
de atingirem seus objetivos?
Os QUILOMBOS e os ZUMBIS, estão registrados na história e
ainda presentes para quem quiser conhecer a resistência com garra e
determinação, de homens e mulheres de um passado sem internet e telefone, mas
com sangue de lutadores e mente de brio de si mesmos, na luta da sobrevivência
da vida e da liberdade. Afinal, sobreviver a perseguição, a fome, a infinitas
doenças, assim como a dor causada pela maldade humana, acredito era mais
difícil que qualquer conquista que a atual cruel sociedade, seja capaz de impor
a negros e a brancos.
Da mesma forma, hipocritamente estamos aceitando todos os
modismos e paranoias sociais, como absolutamente normais, mas ao mesmo tempo,
ainda isolamos a prostituta, o deficiente mental, assim como discriminamos tudo
que não nos é afim, matamo-nos por qualquer estúpido motivo, e não satisfeitos,
elegemos e reelegemos o absurdo político ou de qualquer outra natureza, como
ídolos salvadores.
Confesso que estou cansada desta hipocrisia sem fim, destes
desmandos oficializados, desta confusa e doentia noção de convivência humana.
A impertinência é a amparadora perpétua do ostracismo.
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