domingo, 13 de outubro de 2019

REFLETINDO SOBRE IRMÃ DULCE



Estou desde a madrugada, assistindo a canonização de Irmã Dulce, buscando tão somente, conhecer um pouco mais o verdadeiro milagre que continua a acontecer através de cada criatura que com algum tipo de sofrimento, seja físico ou emocional, recebe em sua gigantesca obra, o devido acolhimento.
Tudo o mais é para mim como um teatro litúrgico, uma cerimônia cênica que provoca muitas emoções, mas que só fazem sentido, se direcionarem também, muitas reflexões.
Em dado momento, após a cerimônia, tomei conhecimento do volume dos atendimentos, diários, mensais e anuais, não só no hospital como em relação ao apoio às crianças em tempo integral, observando que nada falta em ambas instituições para a realização de tão amplo trabalho de respeito a vida e de repente, senti profunda tristeza com o tudo mais que venho assistindo e presenciando ao longo de minha vida em relação a hipocrisia e desfaçatez que permitimos consolidar-se em nosso sistema social/político, onde tudo se tem e muito pouco pode ser realizado.
Pensei e comparei nossos hospitais públicos, nossas universidades, nossas polícias, tanto civil como a militar, nossas instituições públicas, nosso judiciário e o nosso tudo mais que emperrado pela burocracia e a ladroagem de todas as naturezas, impedem que o brasileiro receba como retorno dos impostos pagos, o devido respeito quanto ao atendimento de suas demandas cotidianas.
Pensei de imediato naquelas pessoas que tudo possuem e pouco produzem e que ainda defendem o indefensável e que aplaudem os abusivos de plantão, oferecendo a eles, carta branca para as suas pífias atuações administrativas e que, não satisfeitos, ainda agridem e afrontam todos aqueles, que por se colocarem isentos das paixões partidárias, lutam nos seus cotidianos nem sempre abastados, por um pouco mais de respeito para si e os demais.
As perguntas que deixo para que cada um responda são:
_Como uma instituição que atende milhares de pessoas por dia sem que absolutamente nada falte a começar pelo abrangente acolhimento, consegue esta proeza, apenas com os recursos do SUS e Doações, mesmo 30 anos depois do falecimento de sua idealizadora e os gestores de todas as instituições que vergonhosamente atuam em nosso país, excluindo-se as raríssimas exceções, estão sempre a beira da falência e culpando este ou aquele Governo, seja  Municipal, Federal ou Estadual?
_Que epidemia é esta que assola a ética de todos nós, impedindo-nos de enxergar o bendito bem comum, muito falado, mas pouco compreendido?
Que humanidade frágil é esta que precisa de heróis capengas que mentem, prometem, iludem e só oferecem migalhas como alimento e ilusão como esperança?
Penso que mais que um símbolo de santidade, a sempre Irmã Dulce dos pobres, seja um estímulo à conscientização da fraternidade, não apenas esporádica e material, mas basicamente, como transformação de atitudes, onde o Deus que buscamos nas igrejas, seja enxergado na vida, a partir de nós mesmos.
Um beijo no coração e um domingo de paz.


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