Realmente
sou uma criatura que parece que nasci para contrariar o andamento do sistema
social, com seus rótulos e conceitos sem qualquer lógica racional, levando-se
em consideração o universo que o ampara.
Pareceu-me
sempre que a hipocrisia era o princípio básico de todas as normas e condutas disseminadas
como corriqueiras nos relacionamentos interpessoais,
o que a meu ver, mais que necessário para que houvesse equilíbrio nas relações,
mas que transformou-se em molde de uso contínuo em qualquer circunstância,
anulando realidades e consequentemente, destruindo a naturalidade sagrada da
originalidade.
Tudo é
normal até que a criança na sua espontaneidade comece a incomodar, causando
constrangimentos ao seu redor e então, sem a menor devida orientação, o que era
até mesmo motivos de risos, passa a ser considerado como algo feio e inoportuno.
A partir
daí, inicia-se a fase educacional, geralmente sem qualquer maior
esclarecimento, além da utilização do “não” e do “feio” e a amostragem de um sim, geralmente duvidoso,
por ser incoerente à observação de qualquer criança que, aguçada na sua
capacidade de observação, detecta a inconsistência, mesmo que não tenha
capacidade cognitiva para avaliar com precisão absoluta.
Todavia, o
subconsciente capta e armazena e mais adiante, faz o seu trabalho em ir
fornecendo ao consciente, exemplos que vão permitir que brote a lógica racional
que dará sentido ou não ao visto e ao ouvido.
Estas
atribuições que dispomos biologicamente, são precisas, mas absolutamente
contamináveis, portanto, não é por nada, que vivemos na maioria das vezes como
baratas tontas sistêmicas, indo de um lado para o outro, mais por
condicionamento postural, como por real necessidade de nossas aflitas
afinidades pessoais que ao longo do tempo, vão se atrofiando e se perdendo e
muitas delas desaparecendo entre o que o sistema exige e o que se é,
verdadeiramente.
Esse ciclo
vicioso machuca e em alguns casos, fere de morte, exemplificado pelo suicídio
em números alarmantes, mas que a hipocrisia sistêmica camufla e cada um de nós,
disfarça fingindo que não existe ou que não nos atingirá, seja direta ou
indiretamente.
Lutamos por
nossas bandeiras pessoais, pois queremos destruir o muro da vergonha que aprendemos
a chamar de TABU, disto ou daquilo que
somos e que gostaríamos que fosse aceito, justo por ser de nossa natureza, mas
como não nos foi permitido uma transição genuína nas devidas fases de nossas
vidas, usamos a hipocrisia ou a invasiva imposição, violência como método maior
de nossas lutas individuais.
Enquanto
isso, vivemos e convivemos na mais hipócrita superficialidade, enxergando e
ouvindo, tão somente o que nos convém e fechando todos os nossos atentos
sentidos ao belo, puro e natural que é o que somos, com raríssimas exceções,
como ocorre nos demais sistemas ao nosso redor, afinal, somos uma ínfima, mas
importantíssima partícula deste universo, infelizmente, sempre em total dicotomia
com o mesmo.
Comecei
pensando em escrever a respeito dos chamados que recebemos para que venhamos a
participar deste ou daquele mutirão solidário e acabei enveredando rumo ao sem
sentido de quase tudo que fazemos em dicotomia conosco, numa simbiose que
comprova o caos humano e sistêmico que provocamos a cada milionésimo de segundo,
enquanto, vida possuímos no uso abusivo da hipocrisia, no ledo engano de sermos
aceitos e amados.
Um sábado de
paz interior, sorrisos espontâneos e abraços fraternos, afinal, tudo quanto, a
nossa persistente resiliência, ainda nos permite oferecer de original e,
portanto, sagrado como as cores, os aromas e os sabores da bendita natureza que
nos criou.
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