sábado, 19 de outubro de 2019

MUTIRÕES DE SOLIDARIEDADE



Realmente sou uma criatura que parece que nasci para contrariar o andamento do sistema social, com seus rótulos e conceitos sem qualquer lógica racional, levando-se em consideração o universo que o ampara.
Pareceu-me sempre que a hipocrisia era o princípio básico de todas as normas e condutas disseminadas como corriqueiras nos relacionamentos  interpessoais, o que a meu ver, mais que necessário para que houvesse equilíbrio nas relações, mas que transformou-se em molde de uso contínuo em qualquer circunstância, anulando realidades e consequentemente, destruindo a naturalidade sagrada da originalidade.
Tudo é normal até que a criança na sua espontaneidade comece a incomodar, causando constrangimentos ao seu redor e então, sem a menor devida orientação, o que era até mesmo motivos de risos, passa a ser considerado como algo feio e inoportuno.
A partir daí, inicia-se a fase educacional, geralmente sem qualquer maior esclarecimento, além da utilização do “não” e do “feio”  e a amostragem de um sim, geralmente duvidoso, por ser incoerente à observação de qualquer criança que, aguçada na sua capacidade de observação, detecta a inconsistência, mesmo que não tenha capacidade cognitiva para avaliar com precisão absoluta.
Todavia, o subconsciente capta e armazena e mais adiante, faz o seu trabalho em ir fornecendo ao consciente, exemplos que vão permitir que brote a lógica racional que dará sentido ou não ao visto e ao ouvido.
Estas atribuições que dispomos biologicamente, são precisas, mas absolutamente contamináveis, portanto, não é por nada, que vivemos na maioria das vezes como baratas tontas sistêmicas, indo de um lado para o outro, mais por condicionamento postural, como por real necessidade de nossas aflitas afinidades pessoais que ao longo do tempo, vão se atrofiando e se perdendo e muitas delas desaparecendo entre o que o sistema exige e o que se é, verdadeiramente.
Esse ciclo vicioso machuca e em alguns casos, fere de morte, exemplificado pelo suicídio em números alarmantes, mas que a hipocrisia sistêmica camufla e cada um de nós, disfarça fingindo que não existe ou que não nos atingirá, seja direta ou indiretamente.
Lutamos por nossas bandeiras pessoais, pois queremos destruir o muro da vergonha que aprendemos a chamar de  TABU, disto ou daquilo que somos e que gostaríamos que fosse aceito, justo por ser de nossa natureza, mas como não nos foi permitido uma transição genuína nas devidas fases de nossas vidas, usamos a hipocrisia ou a invasiva imposição, violência como método maior de nossas lutas individuais.
Enquanto isso, vivemos e convivemos na mais hipócrita superficialidade, enxergando e ouvindo, tão somente o que nos convém e fechando todos os nossos atentos sentidos ao belo, puro e natural que é o que somos, com raríssimas exceções, como ocorre nos demais sistemas ao nosso redor, afinal, somos uma ínfima, mas importantíssima partícula deste universo, infelizmente, sempre em total dicotomia com o mesmo.
Comecei pensando em escrever a respeito dos chamados que recebemos para que venhamos a participar deste ou daquele mutirão solidário e acabei enveredando rumo ao sem sentido de quase tudo que fazemos em dicotomia conosco, numa simbiose que comprova o caos humano e sistêmico que provocamos a cada milionésimo de segundo, enquanto, vida possuímos no uso abusivo da hipocrisia, no ledo engano de sermos aceitos e amados.
Um sábado de paz interior, sorrisos espontâneos e abraços fraternos, afinal, tudo quanto, a nossa persistente resiliência, ainda nos permite oferecer de original e, portanto, sagrado como as cores, os aromas e os sabores da bendita natureza que nos criou.


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