sexta-feira, 21 de setembro de 2018

EU, NA CÂMARA DE VEREADOES ...


Esperar o início da sessão que geralmente atrasa já habituais 30/40 minutos, certamente é enfadonho, principalmente num local em que falta a refrigeração devida em uma cidade onde o calor não só pode ser abrasador, como estimulador do desencadeamento de um mal humor contagiante, ainda mais se levarmos em consideração as intenções de embates que, camuflados, se expressam através de apertos de mãos e sorrisos.
Para um razoável observador, não só o calor incomoda, como as péssimas condições da maioria das cadeiras, assim como a limpeza das mesmas que deixa a mostra teias de aranha e pó de poeira acumulados, sufocando a qualquer pessoa que, como eu, sofra mesmo levemente de problemas pulmonares.
Todavia, isso é só o começo de uma longa e desanimadora observação de pessoas que procuram enxergar bem mais além do lugar comum, buscando entendimento dos comportamentos humanos com o objetivo único de não ser mais uma a incorrer nos mesmos vícios de atacar ou se defender frente à qualquer demanda, seja pública ou não, pois na realidade todas se tornam privadas pela incapacidade do ser humano, salvo raras exceções, de se ater ao foco das questões que estão sendo discutidas.
Bem, aí começa a problemática, pois as ações em pauta são colocadas com o agravante da culpa, buscando castigo, e, consequentemente, a resposta vem através da vitimização, buscando perdão.
E aí, neste emaranhado confuso de intenções e prática, a única novidade, pelo menos para mim, foi o terno novo do “vereador Nixon” que o tornou, certamente, o mais elegante dos edis presentes, não esquecendo da sua sempre irreverência, que, afinal, contagia e nos faz sorrir.
Bom seria que os básicos propósitos das pessoas presentes fossem capazes de derreter a geleira da proteção da vaidade e dos interesses individuais, abrindo espaço para adentrar o contraditório respeitoso e, a partir daí, todos pudessem dialogar, ampliando e enriquecendo assim toda e qualquer perspectiva, independentemente dela ser pública ou privada, com o propósito único deste tal de BEM COMUM, tão falado, mas pouco exercitado, seja na mente ou na prática.
Mas o mais triste que constatei foi o fato das alunas do ensino fundamental, todas adolescentes saudáveis, não saberem que a casa da cidadania é a casa do povo e que nela o acesso é livremente permitida por lei. Afinal, precisou que uma se arriscasse a buscar autorização e, ainda assim, precisou insistir para que as outras acreditassem que poderiam adentar no salão nobre, mesmo enxergando a porta aberta e por ela passando dezenas de vizinhos e amigos de suas comunidades.
E aí, me pergunto:
Como cobrar cidadania desta juventude mal instruída nos seus mínimos direitos?
Como esperar que votem com consciência se sequer entendem as funções das instituições de seu país?
Que educação familiar e escolar os jovens estão recebendo, além de se tornarem megafones repetidores da improbidade sistêmica?
Ir à Câmara dos Vereadores de Itaparica, e provavelmente de qualquer outro local, é sempre muito revelador...

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