Quando eu
era ainda apenas uma garota, mesmo sem a devida extensão quanto à compreensão
dos atos humanos e suas consequências, fui por outro lado que era o prático, o
empírico, aprendendo a tomar certo conhecimento quanto às interpretações dos
sinais e as atitudes das outras pessoas a minha volta e este mérito, certamente,
cabe em primeiro lugar a minha mãe, que sempre atenta, não permitia jamais que
o banal se estabelecesse no aprendizado do meu crescimento, tanto físico como
mental e principalmente o emocional, pois mesmo na sua total falta de
experiência acadêmica, era capaz de apresentar conteúdos que depois ao longo da
vida, fui percebendo desolada que estavam se perdendo.
Quando
adentrei na escola pela primeira vez, já levava comigo uma considerável bagagem
de conhecimentos de convivência humana que me permitiu ser respeitosa com os
demais, além do que, eu estava com apenas seis anos, mas já acostumada ao
exercício do ato bendito de pensar, o que me conferia a proteção contínua do
também exercício da avaliação fosse do que fosse, afinal, haviam-me ensinado
desde a mais tenra idade, o senso dos limites em favor do meu próprio bem estar
e dos outros a minha volta, o que, lamentavelmente, fui vendo desaparecer
juntinho com os avanços tecnológicos e científicos que se seguiram amparados e
estimulados pelo crescimento, principalmente, da comunicação globalizada.
Fui
percebendo e também lamentando que a tão forte e sábia educação doméstica foi
ficando órfã, pois as mães dentro de um novo conceito social passaram a
precisar ou optar pelo profissionalismo, e sem a devida preparação, foi
deixando a condução da formação postural social, a estruturação mental e
emocional de suas crianças, a cargo do acaso das soluções instantâneas que suas
posses ou possibilidades financeiras permitiam no que se incluem tios e avós,
creches e babás.
Se mães e
pais, não fossem necessários na formação e estruturação de base de suas novas
famílias, todas seriam apenas clãs que se desenvolveriam com critérios únicos e
com hierarquias definidas, mas também onde as vozes ativas seriam reduzidas a
tão somente aos líderes, e isto, ninguém de um modo geral quer para si, pois na
formação de novos pares, estabelecem-se novos hábitos e costumes, assim como
nova casa e nova prole, o que determina a privacidade familiar.
A incoerência
reside na falta deste mesmo critério quanto à condução educacional desta prole
que por conveniência ou necessidade é remetida as bases ou a outras conhecidas
opções, e estas em sua maioria não estão devidamente preparadas para substituir
o insubstituível.
Afinal,
educação doméstica se ampara nos preciosos valores agregativos que são a
audição, o olfato e o tato, para depois vir o paladar que, na realidade, se
define única e exclusivamente através das opções de afinidade, primeiro grande
impulsionador das escolhas.
Porque é
através deste sentido que a criança vai aprendendo a fazer escolhas quanto às
novidades que lhe são apresentadas por todo o tempo e é neste momento crucial
que ela precisa de amparo, de um guia que com discernimento e atenção redobrada,
estenda e estimule a sua capacidade adaptativa, ampliando seu campo de opções e
desenvolvendo a capacidade criativa, através da curiosidade que precisa ser
devidamente conduzida.
Isto não é
tarefa simples e muito menos transferível, e deveria estar inserida como tema
de aprendizado esclarecedor em todos os avanços de toda a natureza para que
cada criatura pudesse avaliar a responsabilidade de se colocar um ser racional
nesta vida.
Afinal, nem
mesmo os animais domésticos se habituam e se desenvolvem felizes e com posturas
aceitáveis sem que lhe sejam dado mais que ração e água, sem o devido aconchego
sensitivo e sem as devidas adestrações de convivência em seu habitat.
Portanto, ao
chegarem à escola, as nossas crianças em sua maioria esmagadora leva consigo
uma enorme bagagem de aprendizados diferenciados, infinitas informações, absolutamente conflitantes, pois foram
recebidas e armazenadas sem seleção e critério e fornecidas por uma gama de
pessoas e meios totalmente aleatórios.
Ora, de um
momento para o outro desejar que esta criança se adapte a regras pré-estabelecidas
e ainda por cima que mude instantaneamente, jogando por terra sua única forma
pela qual foi aprendendo na intuição a se portar e se defender seus raciocínios,
creio que é desumano por ser mais um ato de extrema agressão.
Portanto,
ela reage ou se submete, e ambas as posturas vão gradativamente destruindo as
possibilidades em conduzir esta pequena criatura a um mínimo de coerência de
convivência com ela mesma, com os demais e finalmente com o tudo no qual ela
não consegue se inserir.
Eu vejo,
simples assim...
Por esta
razão, busco através de estudos e observações contínuas um caminho de
equilíbrio, entre a capacidade do homem em “ser” em relação ao seu constante desejo
em “ter”, que resgate uma harmonia no estabelecimento das relações domésticas, abolindo
a culpa e criando um caminho único de base formadora de uma educação doméstica
que propicie uma continuidade saudável através da relação educacional formal
frente às mudanças que não mais podem ser desconsideradas ou, simplesmente,
ajeitadas de forma improvisada como vem ocorrendo ao longo dos últimos 80 anos,
mais precisamente, desde a segunda guerra mundial, mas que se aceleraram de forma
indelével nos últimos 50 anos.
Isto explica
a mim, e talvez também explique a vocês, uma parte fundamental de todo este
processo de violência que nos consome, seja lá onde for, matando nossos jovens
e tirando de nós o bendito direito de nos sentirmos verdadeiramente livres no
nosso ir e vir, no nosso estar e querer ficar.
Pense comigo
e dê sua opinião, se desejar, afinal, as melhorias e possíveis soluções, direta
ou indiretamente, atingirão a nós todos.
Que o dia de
hoje, seja abençoado para você e para mim também...
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