E começou tudo de novo e como foi bom, meu Deus!
Lá estava a Dona Regina de bandeira hasteada, vibrante, suada, mas absolutamente feliz, justo por estar fazendo exatamente o que desejava. Em dado momento, buscando uma pequena sombra e um copo de água bem fresquinha, pude, por instantes, riscar no espaço que se descortinava com o mar de Porto dos Santos, desenhos de lembranças recentes, onde alí mesmo, sobre um palanque, discursei com a emoção dos idealistas, cercada basicamente dos mesmos parceiros de jornada política e realizada por estar tendo a oportunidade de expressar livremente a minha cidadania.
Despertei de repente destas lembranças gloriosas, para em seguida perceber o quanto tudo mudou e se perdeu em apenas dois anos. Respirei fundo e percebi que se necessário fosse um discurso meu, nada eu conseguiria falar, pois não havia nada que eu pudesse dizer que não fosse:
- Que dor!
Dor por estar vendo a cidade que amo esfacelada, sucateada, desrespeitada e tal qual uma náufraga em desespero, não sei se luto para sobreviver ou deixo as braçadas já cansadas desfalecerem, afinal, por terríveis instantes, cri, nada mais valer a pena, frente às mentiras de poucos que se tornaram absolutas verdades .
E aí, como num filme fora de rotação, as cenas de horror, mentiras, falcatruas e indecências, desfilam diante de meus olhos e, então, milagrosamente, sacudo a cabeça, desembaralhando a mente e volto a sorrir, erguendo com orgulho a bandeira que ostento, pelo que ela representa e nela confiar.
Agora, quietinha, no sossego de minhas escritas, penso no quanto perniciosa e indutiva é a sensação de impotência quando se está em meio ao imponderável da vergonha institucional.
A podridão política local é tão somente uma cópia desbotada do lixão federal. Discorro em meus lamentos enquanto ainda posso, pois este filme de horrores que desde 2002 se formata, pelo falso brilhante que se faz ostentar aos incautos, infelizmente se estenderá em ainda muitas cenas e nelas gente como eu será calada se não na ponta de uma baioneta como no passado, com certeza pelo desespero de não ter mais consciências ativas para escutar ou simplesmente ler, entendendo.
O Brasil, em sua maioria carente, subjugou-se às esmolas, assumindo o emburrecimento e os demais, bem... alguns nada mais dizem ou fazem, pelo menos às claras e de forma efetiva, como se de um momento para o outro esperassem um ataque mortal e, tomados por um medo irracional, perdem a ação, restando alguns malucos belezas dando suas caras a tapas, pelo menos enquanto podem.
O lixão, veio com a intenção de ficar. Só não sei se conseguirei suportar por muito tempo o cheiro fétido desta vergonha nacional. E por temer a esta tortura sem grades e chicotes aparentes, levanto minha bandeira e grito pela vida e pela liberdade, que intuo estarmos prestes a perder.
MINHA BANDEIRA tem como Ordem e Progresso, JOSÉ RONALDO-Senador, BRUNO REIS-Deputado Estadual, ACM NETO-Deputado Federal, PAULO SOUTO-Governador, JOSÈ SERRA-Presidente.
Dou-me ao direito e ao dever de erguer minha bandeira pelo meu país, meu estado, minha cidade e a minha certeza absoluta de que, para se estar gozando as benécias do poder, não se tem o direito de sufocar o povo com a sua própria fragilidade.
A BOLSA FAMÍLIA, deixou de ser um amparo à carência do cidadão para se transformar em moeda corrente de compra do voto inconsequente, assim como um estimulador à inércia, já notória e historicamente latente nas posturas e no emocional do brasileiro.
Se a ditadura Militar fazia calar através da truculência, a Ditadura Civil faz calar através do suborno e do aprisionamento moral do cidadão e das instituições.
E aí, sinto as pernas doerem pela longa caminhada, a pele arder, pela exposição ao sol, mas confesso que voltei como há dois anos atrás a me sentir mais jovem e saudável, tal qual a certeza que me motiva que é a força, a tenacidade, a inteligência e o espírito de liderança de Cláudio da Silva Neves, a quem novamente agradeço por não deixar morrer ou esmorecer a fé na cidadania e o amor à Itaparica em mim e em todo um grupo de Malucos Belezas.
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