quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ENTERRANDO O SETE DE SETEMBRO

image: flickr.com/photos/leley1/41038495/


Os tempos mudaram e o Sete de Setembro também.

Ainda me lembro, e não faz assim tanto tempo, todos os anos as escolas providenciavam com antecedência inúmeros ensaios com os alunos, criando em cada criança e adolescente a perspectiva de um desfile que, além de bonito, induzia subjetivamente um enorme orgulho pela farda, pela bandeira, elevando a auto-estima e, consequentemente, o orgulho de estar participando de uma festa cívica.
Cívica?
Que diabo quer dizer isto?
DIRÁ A GRANDE MAIORIA DOS ESTUDANTES...
Pois é, cívico quer dizer relativo à pátria e patriótico, quer dizer: relativo a patriota e este quer dizer: quem ama a pátria, manifestando esse amor por meio de serviços.
Quando se discute a falência ostensiva da educação ,associando-a ao aumento descabido da violência, logo surgem catedráticos e políticos ofegantes com suas bandeiras em defesa da classe, exibindo siglas de repasses financeiros, colocação de infocentros nas escolas, notas fiscais de compra disto ou daquilo, enumeram os diversos programas de recapacitação oferecidos pelos governos estaduais e federal aos profissionais da área e o escambal, e são tão veementes e contundentes que se bobear, nos calamos e pedimos desculpas.
Mas, no dia-a-dia, o que se constata são professores oríundos de um padrão já falido em sua maioria, inconformados com o própria limitação intelectual de ingressar em profissões mais valorizadas em todos os sentidos.
É claro que não é só isto que conta quando se analiza o desempenho educacional do país, afinal esta é a ponta do ice-berg, pois a falência é resultado de um conjunto diversificado de ações que se bem planejadas são mal aplicadas, assim como em sua maioria, totalmente destoantes das realidades que por si só são absolutamente díspares de uma região para outra.
O que se observa é a incapacidade operacional, seja pela inviabilidade logística, seja pela incompetência dos profissionais envolvidos.
O Brasil, ostenta hoje um mercado de trabalho vasto e diversificado, não dispondo de profissionais devidamente qualificados para ocupá-lo, e isto é terrível sob o ponto de vista social e econômico de um país.
Nunca, em tempo algum, houve tantos cursos e tantas pós, disso e também daquilo, assim como nunca se viu tantos incompetentes no mercado de trabalho ou na pretensão dele.
Longe de mim desqualificar gratuitamente seja que classe trabalhadora for, quanto mais a classe de professores, mas que a educação é prioridade máxima à qualquer cidade ou nação que vise um real desenvolvimento sustentável no tocante à saúde de sua sociedade, e que a nossa vai de mal a pior, esta é uma realidade assustadora, mas que continua sendo tratada com descaso em qualquer nível governamental.
Portanto, uma data como Sete de Setembro pode até parecer obsoleta frente a contemporaneidade em que vivemos, mas um educador consciente da conjunção dos fatores básicos que alicerçam a mente e consequentemente as posturas e o intelecto de suas crianças do ensino fundamental, sabe o quanto é importante resguardar-se as tradições cívicas, que, afinal, serão sempre o sustentáculo moral das civilizações.
O que se tem visto, principalmente nos locais mais atrasados do país, é o enterro gradativo das tradições referentes ao patriotismo, restando apenas as religiosas, que, também, certamente se esgotarão em um futuro assim nem tão distante, acompanhando os novos e surpreendentes valores, desprovidos da preservação das bases culturais.
Há, então, de se perguntar onde está a ordem, onde está o progresso?
Que coisa, heim!...

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