sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ÉTICA DO AURÉLIO

Aurélio, designou a palavra ética como: "estudo dos juizos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal".
Continuando nesta linha de entendimento, fui buscar o que significa "estudo de juízos" e encontrei o seguinte:
"estudo é o ato de estudar, aplicação do espírito de aprender, conhecimento adquirido com essa aplicação, trabalhos que precedem a execução dum projeto", enquanto "juízo" é "o ato de julgar, conceito, opinião, tino, ponderação, senso, bom senso, fôro ou tribunal onde se processam e julgam os pleitos, mente, pensamento".
Em meio à toda esta explicação linguística em um país onde o analfabetismo ainda é imenso e onde a educação jamais foi prioridade governamental é, portanto, de se supor que se ter ética é um ato heróico, reservado tão somente àqueles herdeiros universais de princípios de convivência, oríundos de base familiar que milagrosamente se preservou em meio aos constantes troca-troca de valores sistêmicos, como vem ocorrendo há décadas.
Entretanto, mesmo estes, vez por outra, se veem em dúvidas cruéis, afinal, os relacionamentos de quaisquer naturezas se atropelam frente a variedade de novas posturas, ditas corretas, exercidas por aqueles que são referências em seus postos, sejam públicos ou privados.
E aí, fico pensando no quanto está difícil vivenciar o dia-a-dia com tantos valores sendo soterrados sem aviso prévio, sem bom senso comum, sem tino avaliativo, sem ponderação em relação as consequências, fechando portas de uma possível e melhor convivência, justo com a antecedência de pensamentos avaliativos que pudessem, se não buscar projetos evolutivamente progressistas, pelo menos permitir que as mentes humanas pudessem assimilar dentro de parâmetros exemplificadores, como dantes ocorria, para então fazer a aplicação avaliativa pessoal, sem, no entanto, cada qual solitariamente decidir o que é bem ou mal, seja lá onde for.
Entre a Ética de Aurélio e a Ética Social, reside não só o não entendimento quanto a total inexistência de proximidade de aprendizado que, afinal, poderia certamente ser um dos caminhos da busca do conhecimento de se relacionar com respeito mínimo, que na realidade para poucos que pensam e estudam o juizo de direito, significa a aplicação do projeto maior de suas existências, que certamente é a concretização de um bem-comum, que suporte como uma forte estrutura o mal que sempre existirá.
E novamente me vejo escrevendo um texto complexo, mas nós seres humanos somos complexos, repletos de dúvidas e certezas.
Como, então, escrever algo simplório, se faço parte daqueles poucos infelizes sobreviventes frente ao mar de desvario afrontoso de desrespeito cotidiano?
Pago, portanto, de formas diversas pela minha cota de atraso ou talvez pela teimosia em permanecer acreditando que o Aurélio estava certo, que minha família ainda serviria de modelo, e que a educação abandonada pela qual tanto tenho lutado seja ainda o único caminho onde os juizos de direitos sirvam para nos manter trilhando condutas mais humanas, discernindo com senso o bem do mal.

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