quinta-feira, 23 de setembro de 2010

COMO NÃO...

Como não participar dos processos políticos em minha cidade, quando me deparo com um passado, assim nem tão distante, registrado em fotos coloridas que acabo de encontrar junto a alguns papeis em minha escrivaninha.

Em cada uma das fotos, volto ao passado e parece que elas se tornam vivas e até sou capaz de ouvir os sons e sentir o calor humano que emanava de cada itaparicano em cada festa, comemoração de qualquer natureza, mas sempre de acordo com o calendário histórico ou religioso.

Foi um período em que o povo viveu alegremente com suas auto-estimas elevadas e isto se caracterizou em cada esquina de qualquer calçada, onde pessoas circulavam, acreditando que, finalmente, a cidade estava na rota do desenvolvimento.

Enquanto o povo aprendia a assimilar uma nova visão de progresso, onde a miséria e o abandono social, frutos de gestões descompromissadas ou simplesmente incapazes, estavam sendo gradativamente erradicadas, através de ações sérias e bem estruturadas, sem compactuar com arranjos políticos já naquela época bastante enraizados nas posturas dos líderes locais, um pequeno, mas diabólico grupo político, como ratos de esgoto, montava estratégias de união, para minar a credibilidade que passo-a- passo a gestão, do então prefeito Claudio da Silva Neves, vinha implantando com dinamismo e sem paternalismos cruéis que beneficiam poucos em detrimento de muitos.

Ah! Que saudades em ver nossas crianças participando de peças e coros, sendo direcionadas a crer que eram pequenos cidadãos merecedores de respeito.
Que beleza, rever nossos adolescentes, após meses de ensaios semanais, representarem para um grande público, como se profissionais fossem, deixando seus talentos, absolutamente natos, aflorarem e ganharem vida.

Penso, então, que nada, absolutamente nada é capaz de apagar tamanha emoção no coração e na alma de cada uma dessas crianças e adolescentes, que pela primeira vez se viram alvo de interesse real, sem pieguices ou esmolas.
Dois anos se passaram e nada mais aconteceu neste sentido, e o pouco que se tentou não passou de um arremedo triste e melancólico que desperta em mim, e creio que na maioria, uma dor sem remédio imediato.

Tudo, absolutamente tudo, foi desmanchado, interrompido ou totalmente destruído, como se a raiva ou as diferenças partidárias fossem de maior relevância que o desenvolvimento e a estruturação sócio cultural do povo.

Olho para as baianas sorridentes, carregando os estandartes representativos de suas lutas centenárias pela igualdade de direitos, respeito à pessoa humana e direitos civis e me entristeço em pensar no retrocesso arcaico desumano no qual elas e nós estamos expostos, única e exclusivamente por criaturas envolvidas em seus interesses pessoais, que nunca de verdade enxergaram o povo de Itaparica como merecedor de benesses que os colocassem no patamar próximo à outras cidades do mesmo porte que superaram suas deficiências e se tornaram majoritárias de si mesmas.
Como me esconder no anonimato frente a tantas conscientizações?

Como não subir em palanques e trios elétricos, defendendo e resgatando a alegria de se sentir no exercício da cidadania.

Como não defender uma gestão que se erros cometeu, repletos acertos houveram, registrados em fotos, vídeos, no corpo, na alma e no coração da cidade e de cada um de nós que participou vivenciando cada um deles, assim como uma parcela expressiva de muito mais de 4.500 votos que não se deixaram comprar ou manipular.

Como não subir em palanques e em trios elétricos, na tentativa de resgatar a alegria de estar se sentindo no exercício da cidadania, buscando resgatar o melhor que escapou por entre as dúvidas semeadas perversamente e o abuso malvado da exploração de uma lealdade infantil, mas que amordaçou, aprisionando por mais um duro período o progresso educacional, coerente às expectativas de crianças e adolescentes que vêem através da TV e da internet um mundo cotidiano real, no qual eles não participam, criando então a revolta e a marginalidade, hoje possível de serem encontradas em cada esquina ou calçada de todos nós.

A bandeira que levanto, não visa beneficiar este ou aquele, e sim, beneficiar toda uma comunidade, através do único meio capaz de reverter realidades amargas, que é a escola com a sua capacidade agregadora, progressista e renovadora.

Chamem a mim do que quiserem, mas ainda assim serei fiel à certeza de que sem educação não há humanização.

2 comentários:

  1. Oi Regina, estou contigo sobre a educação ser o caminho para a humanização. Hoje estou nostálgica dos melhores tempos vividos em termos de sociedade e comunidade. O que acontece por aí acontece por cá também.Como que os nossos representantes plantam idéias mentirosas que passam ser verdadeiras para os mais desavisados.Ainda bem que uns poucos escrevem nos lembrando das verdades escondidas, praticamente.
    Um abraço e Muita Luz!

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  2. Por que o prefeito Claudio da Silva Neves nao concorreu a reeleicao em 2008?

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