Ainda não são seis horas da manhã e cá estou sentada em frente ao computador, infelizmente com a janela fechada, sem poder apreciar o meu jardim, pois a grade ainda não ficou pronta, mas ainda assim, podendo imaginá-lo através do som dos pássaros que como ocorre a cada manhã, com ladrão ou não, aparecem para me inspirar a escrever e para não me deixar esquecer que viver é bem mais que as migalhas nem sempre doces e apetitosas que o cotidiano sistêmico nos oferece.
E aí, pensando nisto, lembro-me de Tom Jobim que, afinal, sempre foi uma referência poética de vida para mim e, é claro, também para milhares de outras criaturas. Se bem que nem todos tiveram o privilégio de ser seus vizinhos, assim como muitos que o foram, ao invés de apreciar suas músicas, o praguejavam, pois dia e noite seu piano não se calava, deixando seus acordes divinos transpassarem paredes, bailando na cadência das brisas marinhas do mar de Ipanema, para encantar uma garotinha esperta que sentada ou de pé no quintal da casa da avó, aguçava os ouvidos e a imaginação, fantasiando a vida, pincelando-a de cores suaves, tão carinhosamente como os acordes daquele também ainda jovem, mas certamente um mago para quem o mundo, mais adiante, se curvou.
Pois é, que privilégio, não é mesmo?
E aí, penso que para alguém que nasceu e se criou em um lugar tão mágico como a Ipanema dos anos cinquenta e sessenta, podendo também ver nascer e crescer talentos como Jobim, Edú Lõbo, Chico Buarque, Marcos Vale e tantos outros, não pode, porque simplesmente não tem o direito de perder o viço da vida, somente porque não pode abrir a janela, por medo e precaução .
Faço então dos sons dos pássaros meus voos de vida e liberdade, também atravessando as grossas paredes do concreto óbvio, com minha destemida imaginação, e como um cisne singrando em plácidas águas, percorro as possibilidades, descartando os impossíveis, conquistando o real e fazendo com ele tudo parecer possível, crendo por todo o tempo estar como os pássaros, a céu aberto, batendo minhas asas até quando aguentarem.
E neste instante, uma lágrima escorre sobre o rosto desta apaixonada e sonhadora senhorinha.
Bom dia à todos e que este domingo seja para cada um de vocês águas plácidas, translúcidas, com os reflexos prateados da certeza absoluta que para sermos e nos sentirmos livres, seja lá do que for, só precisamos da certeza, também absoluta, de que somos o máximo e que podemos tudo.
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Que bom quando acreditamos nisso, não é? Hoje veio-me a inspiração de que você vai nos ajudar com a edição do Livro que a Arlete quer editar, com as mensagens da Livia. Ela mesma tem dito à mãe que as pessoas apareceriam...estou achando que você pode ser uma delas.Estava arrumando a cozinha quando me veio a inspiração...Que Deus nos ilumine!
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