segunda-feira, 8 de junho de 2020

POR UM LUGAR AO SOL



As redes sociais para quem gosta de estudar a psicologia da alma humana constituem sem dúvida uma “disciplina pedagógica” intensiva e esclarecedora,  mantendo as aparentes distâncias e os supostos anonimatos garantem, como drogas estimuladoras, visões fantasiosas de uma liberdade que não é real, abrindo falsas janelas, onde cada criatura projeta em painéis pessoais a essência transparente de si mesmo,  numa constante realidade visível aos demais.
Antes delas existirem, minhas pesquisas se centravam na sempre paixão pelas biografias, forma escancarada de narrativa que mesmo sendo manipulada ao estilo do escritor, reserva em si as características mais acentuadas e repetitivas do narrado, expondo seus cotidianos.
Outra forma eram as reportagens policiais que, seguindo as mesmas regras sensacionalistas dos títulos chamativos e dos exageros emocionais, trazem indiscutivelmente a infinita capacidade humana em deixar aflorar por variadas motivações a sua incapacidade cognitiva em integrar à sua realidade ao tudo mais, precisando continuamente criar um mundo pessoal paralelo, onde só ele, verdadeiramente importa.
Comparando os meios de participação individual interativa com o coletivo, as redes sociais, ganharam espaço e simpatia de forma indiscriminada, justo, porque descortina uma variante imensa de opções, além de permitir a cada pessoa um certo lugar ao sol que, fora dela, praticamente não existe.
Daí, o estonteante volume de bizarrices das mais variadas expressões que encontram adeptos fiéis e apaixonados, levando a cada um, um pouco ou muito do que gostaria de ser, num cruzamento de afinidades surreais, levando-me  também à conclusão que a solidão foi e continua sendo o vazio mais presente, como um silencioso e incômodo hiato, no cotidiano da alma de todos nós.
Explicação plausível para o determinismo extremista que se apresenta, onde o que eu penso ou acho é o que verdadeiramente importa, criando-se divisões de todas as naturezas, numa parafernália multifacetada de verdades que intensificam o maldito separatismo, expressão máxima da estupidez humana.


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