São cinco
horas da manhã e a escuridão lá fora está enorme, também por aqui a internet
falha, numa constante exploração do grau de paciência de quem já se encontra
acordado e precisa ou deseja estar online.
Nesta
madrugada, o frio se faz presente como um invasor que transpassa as vestimentas
e se instala nos ossos, causando arrepios internos.
Saudades da
minha Itaparica de águas mornas e amanheceres aquecidos.
Rodando pelo
nosso Brasil como em tantas e tantas outras vezes, o fiz, indo do sul ao norte,
ainda me surpreendo com as infinitas modificações que vejo ter acontecido ao
longo do tempo e aí, baixa em meu coração um profundo desalento por ver o meu,
o nosso pedaço de paraíso pelo menos a quase vinte anos estatizado nos mesmos
problemas que conformados dizemos serem “históricos”.
Não há
palavras que expliquem o que sinto em relação aos gestores executivos e
legislativos, quando, vejo-os tentando justificar suas inoperâncias ou chalreando
seus minguados feitos, afinal, eles viajam e assim como eu, enxergam a enorme
distância existente em termos de qualidade de vida do povo em todos os setores
sociais.
Sabem que
poderiam e deveriam direcionar mais adequadamente os recursos públicos, afim de
colocar a cidade e seu povo numa rota de desenvolvimento minimamente aceitável,
mas não o fazem e isso, machuca a todo aquele que consegue enxergar o mais
além.
Vejo como um
ciclo vicioso ininterrupto que flagela material e emocionalmente cada cidadão,
mantendo-o por todo tempo, escravo de um falso e ao mesmo tempo, consolador determinismo
do “sempre foi assim.”
Dei-me ao
trabalho de buscar as receitas do FTM de outras cidades com o mesmo número de
habitantes e as mesmas extensões territoriais e algumas, bem distantes das suas
respectivas capitais, o que não é o nosso caso, assim como incluindo o extra
correspondente aos royalties que recebemos religiosamente a cada mês.
Pasmem,
pois, todas se expandiram economicamente, visualmente e criaram para si,
mecanismos educacionais que favorecem a todo o conjunto social, levando-me a
sentir uma dolorosa tristeza e ao mesmo tempo raiva pelo despudorado cinismo em
levar o povo a acreditar que como gestores eficientes, pensam e cuidam da
cidade, numa maldosa sequência de desculpas, oferecendo migalhas e alterando
silenciosamente, geração após geração, o bendito senso de pertencimento,
fazendo os cidadãos acreditarem que a vida é assim no Brasil e que nada pode
mudar verdadeiramente.
Pode mudar
sim, exemplos não faltam, pois, só não existiram
mudanças aonde o cárcere do progresso se instalou, através da manutenção de um
sistema atrasado, arcaico e viciado de administrar o erário público, fracionando-o
em favoritismos de infinitas naturezas, fazendo dele caminhos políticos e
pessoais ou experimentos desqualificados, onde o povo é apenas um espectador
sofrido.
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