sexta-feira, 26 de junho de 2020

PODE SIM...



São cinco horas da manhã e a escuridão lá fora está enorme, também por aqui a internet falha, numa constante exploração do grau de paciência de quem já se encontra acordado e precisa ou deseja estar online.
Nesta madrugada, o frio se faz presente como um invasor que transpassa as vestimentas e se instala nos ossos, causando arrepios internos.
Saudades da minha Itaparica de águas mornas e amanheceres aquecidos.
Rodando pelo nosso Brasil como em tantas e tantas outras vezes, o fiz, indo do sul ao norte, ainda me surpreendo com as infinitas modificações que vejo ter acontecido ao longo do tempo e aí, baixa em meu coração um profundo desalento por ver o meu, o nosso pedaço de paraíso pelo menos a quase vinte anos estatizado nos mesmos problemas que conformados dizemos serem “históricos”.
Não há palavras que expliquem o que sinto em relação aos gestores executivos e legislativos, quando, vejo-os tentando justificar suas inoperâncias ou chalreando seus minguados feitos, afinal, eles viajam e assim como eu, enxergam a enorme distância existente em termos de qualidade de vida do povo em todos os setores sociais.
Sabem que poderiam e deveriam direcionar mais adequadamente os recursos públicos, afim de colocar a cidade e seu povo numa rota de desenvolvimento minimamente aceitável, mas não o fazem e isso, machuca a todo aquele que consegue enxergar o mais além.
Vejo como um ciclo vicioso ininterrupto que flagela material e emocionalmente cada cidadão, mantendo-o por todo tempo, escravo de um falso e ao mesmo tempo, consolador determinismo do “sempre foi assim.”
Dei-me ao trabalho de buscar as receitas do FTM de outras cidades com o mesmo número de habitantes e as mesmas extensões territoriais e algumas, bem distantes das suas respectivas capitais, o que não é o nosso caso, assim como incluindo o extra correspondente aos royalties que recebemos religiosamente a cada mês.
Pasmem, pois, todas se expandiram economicamente, visualmente e criaram para si, mecanismos educacionais que favorecem a todo o conjunto social, levando-me a sentir uma dolorosa tristeza e ao mesmo tempo raiva pelo despudorado cinismo em levar o povo a acreditar que como gestores eficientes, pensam e cuidam da cidade, numa maldosa sequência de desculpas, oferecendo migalhas e alterando silenciosamente, geração após geração, o bendito senso de pertencimento, fazendo os cidadãos acreditarem que a vida é assim no Brasil e que nada pode mudar verdadeiramente.
Pode mudar sim, exemplos não faltam, pois,  só não existiram mudanças aonde o cárcere do progresso se instalou, através da manutenção de um sistema atrasado, arcaico e viciado de administrar o erário público, fracionando-o em favoritismos de infinitas naturezas, fazendo dele caminhos políticos e pessoais ou experimentos desqualificados, onde o povo é apenas um espectador sofrido.


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