terça-feira, 25 de junho de 2019

MINHA AINDA HIPOCRISIA


Assim como num estalar mágico de dedos, deixei de ser uma pessoa contaminada pelos inúmeros preconceitos e, assim como eu, a grande maioria, num despertar fenomenal, graças aos movimentos variados em defesa das minorias que são os fracos e oprimidos que fogem aos modelos considerados normais com os quais convivemos.
Mentira, engodo, surrealismo em se tratando de hipocrisia de convívio, que é bem mais danosa que o preconceito em si, se é que é possível mensurar a imensa capacidade humana de apenas existir, deixando também o outro existir, tal qual a sua natureza e escolha.
Daí, talvez seja possível mensurar-se com um pouco mais de precisão os índices horrorosos de a cada 19 minutos haver um crime relacionado à homofobia. Penso, então, que tolerar não significa respeitar, assim como o respeito só acontece através do devido entendimento, assim como este só desabrocha com a devida educação, em uma corrente que vai se formando lenta mas consistentemente através da naturalidade do convívio entre as criaturas, uma carinhosa e devotada tarefa de ir-se corrigindo distorções e excessos, seja de franqueza, rejeição ou indiferença.
Ora, esta é uma tarefa que certamente no mundo atual se enquadraria nas sociedades que já estão há anos luz no quesito de formação intelectual e humana de seus cidadãos, mas não nesta maioria absurda de desordenados que vagueiam pelo mundo, sem rumos definidos sequer dos propósitos das existências de si mesmos, e cá no Brasil, isto é então ainda mais lúdico, já que sequer somos capazes de enxergar o mais elementar de nossos direitos à dignidade de apenas nascer.
Reconhecer que ainda precisaria de décadas para finalmente apenas conviver verdadeiramente respeitando e que no trajeto estou  arduamente me esforçando e buscando informações precisas que me orientem é o mínimo que posso fazer como verdadeiro à tudo e a todos que de uma forma ou de outra se apresentam diferentes daquilo que me foi passado como herança emocional e educacional, e até mesmo genética, por séculos de hábitos de profunda ignorância sobre a vida e sua preciosa diversidade.
Procuro não esquecer que tolerar não é respeitar, pois no respeito não se estabelecem limites.
Então, prefiro dizer que estou caminhando e aprendendo a erradicar de minha mente e consequentes atitudes esta chaga que faz doer toda e qualquer sociedade, a partir do reconhecimento da minha ainda hipocrisia.

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