sexta-feira, 14 de junho de 2019

CONVERSANDO COM A VIDA



Entre os céus e a terra, sem dúvidas, é possível encontrar a cada milionésimo de segundo o inusitado, o quase inédito e o assombroso nos muitos ângulos e avaliações que o homem é capaz de observar.
Daí a cada dia pensares que o homem é incapaz de seguir uma única trilha, onde o amor seja o seu único condutor.
Se parares para analisar este teu sonho juvenil, com certeza perceberás que até mesmo o amor mais abrangente não está imune das temperanças da inquieta alma que o abriga.
Todo este amontoado de sentimentos e loucuras, chamamos de dor do mundo, que, afinal, dispensa amparos e reparos, pois por si só, se recicla, se renova e se perpetua a cada geração de humanos com uma nova vestimenta, aparatos e requintes de aperfeiçoamento.
Pensar nas dores do mundo, faz da criatura humana uma contínua estudiosa desta mente brilhante, mas absolutamente desequilibrada, frente a si próprio e sua própria acomodação em meio ao que, geralmente, lhe parece triste e obscuro.
A própria incapacidade de dominar a sua imortalidade tira dele a segurança do daqui a pouco, que mesmo não sendo conscientemente pensada e muito menos admitida, permanece como uma ameaça silenciosa à consumir-lhe a paz interior.
Compreendes o quanto é devastador não poder controlar sua permanência e estar continuamente exposto a um fim, em sua maioria desconhecido?
Esta é a forma mais expressiva de se mostrar os efeitos do “Diabo” na condução permanente das vidas, enquanto como consolo, o humano agarra-se à um “Deus Salvador”, esperando Dele os infinitos milagres à sua sobrevivência.
E quando por alguma razão este “Deus” não atua, recorremos à fé (lúdico amparo) mantendo viva pelo menos a certeza de que Ele, o “Deus”, sabe o que faz, já que sua pesada cruz também precisa ser carregada pelos pobres mortais para que, como Ele, possam estar ao lado do pai, que também é o filho de todos.
Não há como prever, talvez prorrogar, mas jamais evitar o fim, que por ser mal interpretado pode até parecer desastroso, mas para quem já se livrou da paranoia da sobrevivência, é tão somente um transmutar sem glórias ou derrotas.
Dirás, então, que até esta premissa é falsa, pois consola e ameniza a solidão da finitude.
Digo-te que para o leigo, tua afirmativa é verdadeira,  mas não para ti e outros mais que ao longo da sobrevivência encontraram a eternidade de si próprios.
Resta em ti, tão somente o ainda apego ao belo que te envolve, no primarismo inconsequente em creres que ao partires, tudo se perderá.
Qual nada! ...


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