São quatro e
trinta de um novo amanhecer e tudo me parece estranhamente calmo e silencioso,
nem mesmo meus cães arranharam a porta para entrar, tudo que ouço é o barulho
das teclas cansadas de meu notebook.
O galo do
vizinho há dias se calou, penso então, que ou foi vendido ou virou iguaria no
prato alguém e, nem os pássaros até agora apareceram fazendo suas habituais
algazarras.
Concluo mais
uma vez que nada igualmente se repete, nem mesmo nós, criaturinhas difíceis,
repletas de hábitos e manias e conceitos, nos quais nos agarramos
freneticamente, querendo exatamente provar o quê, vai lá se saber...
Tudo que sei
é que quando, como burros empacados insistimos em não acompanhar as mudanças
que vão surgindo, vamos sendo naufragados, seja pelo sistema ou pela rudeza
sensitiva de não nos adaptarmos às naturais mudanças evolutivas.
Digo que são
mudanças naturais, pois todas são oriundas da mente humana, afora as intempéries
da natureza o que aliás, jamais foi impedimento adaptativo para nenhum ser vivo
que sobreviva a elas.
Penso que
estamos vivendo uma era de grandes e significativas mudanças em ambos os
aspectos e que como ignorantes existenciais, insistimos em resistir,
acreditando arrogantemente que poderemos reverte-las de uma forma ou de outra.
Qual nada, a própria história da humanidade afirma o contrário. Na realidade
tudo que conseguiremos é morrer lamentando, já que teremos deixado de
participar com a nossa própria visão, adicionando a elas argumentos que,
certamente, corroborariam com o seu mais rápido aperfeiçoamento.
É chegada a
hora de pensarmos em deixar de lado esta resistência sem sentido prático, numa
insistência tola em fecharmos os nossos olhos, acreditando que no nosso tempo
tudo era melhor, esquecendo-nos daqueles que obtusamente resistiram e se
perderam pelo caminho, deixando de vivenciar as delícias e conquistas que hoje,
nós que ajudamos a promover tais mudanças, recordamos sorrindo.
Trinta
minutos se passaram e tudo continua silencioso, todavia, o dia que renasce é
outro e nós também.
Que tal darmos
uma chance ao diferente e talvez, quem sabe, descobrirmos que não é tão ruim e assustador
como nos parece?
O sabiá
chegou solitário, mas já canta e é lógico que idealizo ser só para mim.
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