segunda-feira, 17 de junho de 2019

MENTE AGITADA.



Acordo pensando, como se minha mente tivesse sido invadida por seres sem rostos e formas e que conversam entre si, fazendo de mim ouvinte não participante, o que a psicologia poderia chamar de esquizofrenia, já que produz vozes interiores e, de certa forma, estimuladores de condutas.
Entre as falações ininterruptas percebo que estou bem acordada, mas incapaz de mover-me, não sei se por impossibilidade ou tão somente, porque não quero perder uma única palavra dita, que deduzo ser de meu inconsciente agitado pelo excesso de bagagem.
Atenta, percebo que falam de minha velha mania em deixar legados após a minha morte, como se, sem eles, meu círculo de amigos e amores fosse ficar perdido com a minha partida, então, relatam detalhes de uma constante despedida que me parece, agora, apenas infantil, fruto de uma juventude romântica, colorida e abastecida com as águas benditas do mar de Ipanema, do meu sempre amado Rio de Janeiro, e do verde cheiroso de minha Guapimirim.
Esse constante acordar com a mente tagarelando, há muito não me assusta ou incomoda, na realidade até dele me aproveito para extrair inspirações para os milhares de textos escritos pela vida afora, na ilusão de que possam de alguma forma estimular aqueles que lerem com motivações pessoais, nem que seja por instantes, a fim de perceberem o quanto são ricos, lindos e perfeitos, verdadeira obra prima da natureza.
Começo a rir, agora escrevendo, pois esta frase parece feita e muito repetida na literatura motivacional, tão banalizada, desprestigiada, mas também absurdamente procurada, justo por colorir por instantes com o poder da esperança mentes e almas aturdidas com as incertezas de suas próprias vidas, num constante questionamento do: “de onde vim e para onde vou”.
E a cada amanhecer, quando finalmente saio da cama, corro para abrir portas e janelas, buscando a claridade das madrugadas ainda estreladas ou do sol brilhante do amanhecer, respirando os aromas deliciosos da minha sempre opção pelos quintais com mangueiras, acerolas, pinhas e amoras  onde pássaros e cães me saúdam carinhosamente, levando-me  a acreditar que acabo de renascer, prontinha para um novo e surpreendente recomeço.
E aí, percebo encantada que o ontem, não faz mais sentido, mas que o hoje é determinante, restando resquícios do ontem, tão somente como lembranças boas de instantes bem vividos, não permitindo assim que sejam jamais esquecidos.


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