Quando o
tempo muda e o céu se acinzenta, trazendo chuvas incessantes, geralmente também
surgem mais fortemente em nossas mentes aqueles pensamentos de desânimos e com
eles vem as lamúrias em formas bem mais expressivas, pois não há o calor do sol
que nos aqueça e nos estimule a sair para novas aventuras.
E aí, a
nossa tendência é pensar no que ainda não temos ou naquilo que perdemos e, na
maioria das vezes, nos refugiamos em devaneios salvadores, onde tudo é perfeito
e conquistável. Porém, dura pouco, e logo a realidade volta ao seu espaço e com
ela, em dose dupla, volta o desânimo que lentamente vai se apoderando de nossa
mente, instalando-se confortavelmente e tirando de nós todo e qualquer resquício de serenidade, condição primeira
para que alguém possa enxergar com um mínimo de lucidez, todas as benécias de que já dispõe .
E aí, esta é
uma armadilha que nos condena a continuamente estarmos abertos às falácias emocionais, estimuladas por
valores sociais absolutamente despersonalizados e que, inadvertidamente, nelas
nos inserimos, numa busca frenética de desejos e ideais e sem qualquer
capacidade avaliativa para reconhecermos aqueles reais que nos pertencem e que,
muitas vezes, já possuímos ou que está a
nossa disposição e que simplesmente nossa mente nublada é incapaz de
identificar.
Penso, então,
que as chuvas deste inverno que já bate às nossas portas possam representar uma
excelente oportunidade de alterar o nosso próprio histórico emocional,
afastando vigorosamente a inércia mental de se deixar arrastar pelos devaneios,
que na realidade são infinitos e todos fornecidos por um sistema cruel que visa
unicamente manter-se na superfície de si mesmo, submergindo sem dó e piedade à
todo distraído ou ingênuo de plantão.
Que tal, nos
dias cinzentos, aproveitarmos para olhar à nossa volta, resgatando no aparente
vazio que nos consome um pouco que seja de gratidão por tudo que não
valorizamos como deveríamos, mas que nos pertence e está bem aqui, pertinho de
nós.
Afinal, o
lúdico e o distante, sempre nos parecerão perfeitos, mas será sempre o próximo
e tangível que nos dará sustentabilidade para irmos mais adiante em nossas pretensões
absolutamente pessoais.
Alô, alô, vida plena, aquele abraço!
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