quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

FIM DE TARDE


Quietinha lendo os comentários nas redes sociais e, ao mesmo tempo, ouvindo os deliciosos sons dos pássaros despedindo-se de mais um dia ensolarado e sentindo as brisas marinhas que, insistentes, fazem curva para, tão somente, me tocarem.
Então, degustando esta delicada maravilha, fico tentada a pensar que sem sentir a vida nas suas peculiaridades fica difícil para qualquer ser humano, sair de dentro de si mesmo para, pelo menos, tentar compreender o tudo mais.
Mas quem tem tempo em meio a tantas outras atrações, ir ao encontro do belo, do simples do apenas vida?
Os pássaros defecam nas roupas do varal, seus sons podem ser tão barulhentos que em muitos momentos incomodam.
As brisas insistentes só são percebidas quando transformadas em ventos fortes que, geralmente, são sentidas nas orlas, desarrumando os cabelos e levantando areia.
Como enxergar um belo jardim se não for através da inveja dos canteiros coloridos dos vizinhos.
Então, como adentrar nas emoções alheias se sequer é possível sentir as próprias?
Penso então olhando o sol que lentamente se despede no horizonte, que a esperança da chegada da deslumbrante negra noite é mais uma chance de repousar-se a mente, deixando –a livre na esperança de que a perspicaz lógica faça uma breve, mas consistente visita.



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