segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Que coisa, viu! ...


Não importa o quanto tenhamos nos esforçado para nos tornarmos pessoas melhores em nossos cotidianos, pois somos a cada instante bombardeados com as inadequações que o sistema social nos impõe e, quando menos esperamos, lá estamos nós, como crianças despreparadas, inserindo-nos em tudo quanto sabemos não ser o ideal.
Daí a necessidade permanente da vigilância, não como ações paranoicas, mas simples e descomplicadas atenções amorosas a favor de nós mesmos, como uma espécie de vacina periódica que nos protege da tentação de copiarmos, por esta ou aquela razão, tudo quanto destrói a paz que devemos manter como base de equilíbrio para enfrentamentos inevitáveis, como perdas de todos os níveis que certamente em algum momento todos estamos expostos a ter.
É preciso ter cuidado com os quinhões alheios que se apresentam por todo o tempo como convites aparentemente irresistíveis, para nos tirar do rumo de nossas próprias vidas.
Não somos à palmatória do mundo e, tão pouco, vítimas dele, apenas estamos inseridos nele para, com sabedoria, usufruirmos o melhor com paz, equilíbrio e amor.


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

ELE TINHA RAZÃO


Em um certo dia, um líder comunitário escreveu em rede social que eu e outros mais não passávamos de ativistas das letras,  ou seja, ativistas das redes sociais e da mídia em geral.
Quando li, fiquei profundamente ofendida, pois passei grande parte de minha vida lutando com minhas letras e voz em prol de mais justiça social, todavia, na medida em que o tempo foi passando, a minha mágoa foi sendo substituída pela bendita lógica, como faço  com o tudo mais, ao ponto de, neste momento, reconhecer publicamente que ele tinha razão, afinal, sempre evitei passeatas, reuniões frente as costumeiras tragédias, enfim, portei-me como uma observadora atenta que, em seguida, tirava minhas conclusões, baseadas em tudo que via ou ouvia, ciente de que desta forma eu me colocaria isenta das emoções que estas situações podem fazer disparar em nossas mentes e que tiram grande parte da capacidade de se refletir sobre os vários ângulos que todo fato apresenta.
 Optei em ser o que sempre fui, uma cronista que pensa e analisa os fatos e leva ao público, querendo despertar nele, a também vontade de pensar mais profundamente, para que possa vir a tirar suas próprias conclusões, que podem ser absolutamente contrárias às minhas, mas pelo menos, não ficou apenas como mais um fato que, pela constância e volume, tornou-se banal.
Desde o início de meus trabalhos profissionais, compreendi que cada um tem o seu papel social bem distinto e esta é uma premissa tão verdadeira que, no ramo da comunicação, são inúmeras as especializações, até porque, existem as afinidades profissionais, havendo espaço largo e produtivo para todos.
Todavia, esta minha conscientização meio que tardia, traz à tona um tema bem mais importante para novos estudos e atenção, que é a sistemática mania que se tornou normal nos relacionamentos de qualquer natureza dos seres humanos em conciliar o que falam, pensam e até escrevem com suas posturas cotidianas.
Ah! Como é difícil não esbarrarmos na hipocrisia que nos acompanha em nossos cotidianos e que, generosamente, chamamos de pressão social e a justificamos com inúmeras situações, sejam práticas ou tão somente emocionais.
Penso, então, que por mais que nos coloquemos como defensores deste ou daquele lado, sempre esbarraremos nas conveniências do mesmo sistema que condenamos, mas no qual estamos sempre de uma forma ou de outra inseridos, soterrando, silenciosamente, qualquer chance de corrigirmos as mazelas deste mesmo sistema que criamos e mantemos, num aprisionamento a cada dia mais cruel.
Ao fugir dele, pois compreendi ainda muito cedo que jamais o mudaria, busquei fazer aquilo que me era possível, sem espadas ou lanças, sem glórias ou refletores, num compartilhamento contínuo com as mentes que me acompanham.



sábado, 20 de janeiro de 2018

TUDO OU NADA.


Vivi tantas experiências neste meu longo aprendizado de vida, mas foi o meu sempre interesse no estudo dos grandes pensadores da história, com suas curiosidades e constantes buscas dos conhecimentos que envolvem a existência humana e suas relações que me levaram a querer estudar filosofia.
Que grata experiência!!
A partir daí, nada mais foi como antes; fiz da filosofia mais que uma ampliação de meus conhecimentos, mas com certeza um caminho mais lúcido para um entendimento pessoal, muito mais esclarecedor, pois conseguia me enxergar sob vários ângulos, traçando um perfil bem mais real, quebrando assim o velho e corroído vício sistêmico de, tão somente, isto ou aquilo, bem ou mal, tudo ou nada.
E pensando nisso, penso na política e nos políticos, lembrando aos meus amigos que a lógica de seus bailados de ascensão e manutenção de suas conquistas, neste aspecto, jamais atenderá aos anseios de cada um de nós, simples mortais.
Olhando e pensando mais próximo, bem aqui em nossa Ilha de Itaparica, lembro que é sempre muito precipitado um enterro político, seja simbólico ou real, de nossa ilustre Prefeita Marlylda Barbuda, até porque, não seria justo, já que oferecemos aos seus antecessores toda uma gestão e, em alguns casos, mais de uma para que os mesmos mostrassem a que vieram.
Isto sem esquecer que o maior erro que se comete é o de subestimar a inteligência, os propósitos e, principalmente, a avaliação errônea quanto à capacidade de ser persistente e determinada, afinal, 12 anos de empenho para chegar ao poder não há de ser desperdiçado.
Pensem nisto, sosseguem os ânimos, deem tempo ao tempo, reconheçam o desperdício de energias na tentativa infrutífera de roubar-lhe a cadeira, muito porque, qualquer ação que a mesma venha a impedir por meio de uma liminar, não encontrará adversários firmes o suficiente para o enfrentamento com o Juiz que a emitiu.
 Questioná-lo, nem pensar, afinal, esta é uma cidade do interior e tudo tem seu limite.
Agora, se mudarmos o ângulo e olharmos para outros políticos que prematuramente foram enterrados na boca do povo e que se reelegeram, não uma, mas inúmeras vezes, quando na cantoria popular estavam mortos politicamente e que nunca mais se elegeriam, a exemplo do prefeito Antônio Magno, que não só se reelegeu como teria feito seu candidato na última eleição, se estivesse mais atento às alianças, isto sem esquecer dos vereadores que dão um verdadeiro banho se superando das próprias mazelas e se quisermos ser mais explícitos, vamos lembrar de Lula e o PT que, em 2016, estavam mortos e enterrados e que agora são francos favoritos, cegando com suas competências aliciadoras as mentes da maioria dos brasileiros, fazendo-os enxergar através do negro de seus desmandos, o puro e intocável vermelho.
Político que se preza, joga duro, afinal para eles é sempre tudo ou nada.
Enquanto os cães ladram, a caravana passa.
 Isto é a realidade que insistimos em não aceitar.
Que coisa, viu!!!!



POMBA LERDA


Às vezes ao longo de minha vida, pensei e me senti como se não fosse deste mundo.
Meu estranhamento advinha da minha constante sensação em não me sentir devidamente integrada ou compreendendo o cerne dos objetivos da maioria das experiências nas quais as outras pessoas esperavam me ver integrada.
“Desce do mundo da lua”, dizia constantemente minha mãe.
“Acorda mãe”, em que mundo a senhora está? Afirmativa sempre na ponta da língua de minha filha.
E por aí vão as críticas em relação a minha inexplicável, mas persistente, “viagem mental” e olha que sem precisar de nenhum tipo de aditivo alucinógeno.
Fico imaginando se eu em algum momento fumasse um back, aí é que eu faria um tour sem limites.
Mas falando sério, penso o que seria de mim, neste louco mundo se não houvessem estas escapulidas, tipo férias de momentos, instantes e até horas em que eu simplesmente me transmuto, sei lá para onde, mas que com certeza não se trata de lugares ruins, pois sempre retorno mais tranquila e inspirada me sinto.
Por outro lado, após cada “viagem”, elimino uma série de necessidades e pseudos quereres, que vejo aprisionando silenciosamente as pessoas que me cercam.
E para cada acessório que ao “viajar” me desfaço, para que a bagagem mental seja mais leve, mais no retorno à realidade, me sinto abastecida de surpreendentes valores, dantes soterrados sob a pressão de um sistema humano viciadamente inútil.
Então concluo que não passo de uma pomba lerda, sempre a pelo menos um passo atrás dos descolados e dos ligadões que, a cada dia, explodem seus corações na corrida frenética para lugar algum, que será igualzinho ao meu, cremada ou enterrada, levando consigo o peso do seu permanente “ter”, cuja entrada sei lá onde, definitivamente será vetada, pois é por aqui que tudo fica e esta é a única certeza.
Decepção que no final, não terei...
Afinal, alguma compensação deveria existir para uma pomba lerda.



quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

FIM DE TARDE


Quietinha lendo os comentários nas redes sociais e, ao mesmo tempo, ouvindo os deliciosos sons dos pássaros despedindo-se de mais um dia ensolarado e sentindo as brisas marinhas que, insistentes, fazem curva para, tão somente, me tocarem.
Então, degustando esta delicada maravilha, fico tentada a pensar que sem sentir a vida nas suas peculiaridades fica difícil para qualquer ser humano, sair de dentro de si mesmo para, pelo menos, tentar compreender o tudo mais.
Mas quem tem tempo em meio a tantas outras atrações, ir ao encontro do belo, do simples do apenas vida?
Os pássaros defecam nas roupas do varal, seus sons podem ser tão barulhentos que em muitos momentos incomodam.
As brisas insistentes só são percebidas quando transformadas em ventos fortes que, geralmente, são sentidas nas orlas, desarrumando os cabelos e levantando areia.
Como enxergar um belo jardim se não for através da inveja dos canteiros coloridos dos vizinhos.
Então, como adentrar nas emoções alheias se sequer é possível sentir as próprias?
Penso então olhando o sol que lentamente se despede no horizonte, que a esperança da chegada da deslumbrante negra noite é mais uma chance de repousar-se a mente, deixando –a livre na esperança de que a perspicaz lógica faça uma breve, mas consistente visita.



segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

 SURREAL, na falta de uma palavra mais adequada para definir o espetáculo das diferenças sistêmicas que se apresentou no Paço municipal de Itaparica, nesta manhã de 15 de janeiro de 2018, quando da posse da nova Secretária de saúde, senhora Estela de Souza.
Minhas observações são resultadas de um espanto generalizado de uma representação pra lá de inimaginável em uma terra abandonada pelos poderes públicos e que, como resultado, fez nascer e se desenvolver um povo acanhado, sofrido e marginalizado, incapaz de ter voz ativa associado à sensatez da busca do que acredita ser os seus direitos.
Enquanto, uma elite frajola, elegante, cheirosa e desconhecida à cidade e ignorante das reais necessidades da mesma, discursava no salão imperial, aplaudindo a si mesmo, meia dúzia de oposicionistas gritavam palavras de ordem em nome de um povo acovardado que se escondia atrás de muros e janelas, incapazes de ter voz ativa, além do anonimato das esquinas, bares e corredores, numa expressividade indubitável de sua submissão ao chicote do poder que por longas décadas a mantém refém do medo de simplesmente existir.
Sozinha diante das teclas de meu computador, penso e repenso no absurdo de contratarmos para secretariar a saúde uma profissional do nível e gabarito desta ilustre senhora, levando-me a concluir que é muita areia para um caminhãozinho tão insignificante como Itaparica que, sequer, consegue recursos necessários para abastecer com suficientes remédios sem interrupções as demandas dos munícipes.
E não fosse sério, diria que se trata tão somente, de uma piada de mau gosto.
Se sou contra, não, apenas gostaria de entender esta dança política desalmada que confunde e, até então, pouco esclareceu.
Todavia, na tentativa de uma isenção, que confesso não é fácil, já que minha mente é humanista e naturalmente me perco quando o assunto é política, penso então, que um líder precisa fazer articulações para a obtenção de recursos e que, talvez, não se esteja sendo devidamente justo na avaliação dos relacionamentos da Prefeita Marlylda com os donos atuais das bolas da vez, que é o PT e o Governador Rui Costa e seus aliados.
Sem querer ao pensar nisto, volto ao ex-Prefeito Cláudio Neves e sua capacidade de articulações políticas, tão aplaudidas pelo povo desta cidade, não me deixando também esquecer que a referida prefeita é cria dele e que, apesar de renega-lo, provavelmente em seu voo solo, apenas copie sua forma de singrar pelas entranhas do poder, obtendo assim, prestígio para sí e prováveis recursos para a cidade.
Sei lá... tudo que sei é que nada sei.
Assim como os que tudo sabem, não compareceram, talvez para não ser enquadrados no hall dos “ridículos da oposição barulhenta”, como foram chamados os seis cidadãos que ousaram gritar seus protestos, ou terem suas imagens comprometidas ao lado de um governo aparentemente forte que ostenta segurança e nenhum medo dos revezes políticos, talvez, certos que estão, da vontade enfraquecida do povo.
Concluo, finalmente, que antes de rejeitar uma nova Secretária, deve-se cobrar a omissão dos líderes políticos desta “Cidade Paraíso” que tal qual, qualquer outro candidato a cargo público, só aparecem nos meses eleitorais, distribuindo sorrisos, promessas e bandinhas, sempre prontos a fazerem o povo dançar.
Como esquecer as palavras de meu patrão, amigo inesquecível ex-deputado Federal pernambucano, cujo nome por respeito vou omitir, mas que ensinou a esta então jovem na época, a visão do poder sobre o povo ao eleger a canção “Fuscão Preto” na década de setenta, como o sagrado calmante à rebeldia da impaciência do povo brasileiro, quando o silêncio se apresentava nas aparições públicas, levando-me a fazer analogia com o Navio Negreiro de Castro Alves, sempre, infelizmente, muito atual.
“No entanto o Capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doídas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás

domingo, 14 de janeiro de 2018

HGI, INÉRCIA, ATÉ QUANDO?


Entra ano e sai ano e a problemática em relação ao HGI é sempre crescente, na mesma proporção da inércia de cada cidadão que não pensa que um dia pode vir a precisar da emergência daquele hospital, que é único na região.
“Pimenta só arde no olho alheio”, mas até mesmo aquele, cujos olhos foram atingidos, se calará frente às suas dores ou perdas.
Autoridades locais, coniventes com o descaso do governo Estadual, que insiste em trocar de gestão administrativa como paliativo às demandas ou, o que é pior, para atender politicamente a um novo grupo, sem que haja reais alterações no estabelecimento de uma nova visão de atendimento, alterando procedimentos para atender à crescente demanda.
Se o povo não se articular nas suas comunidades, colhendo assinaturas para que se possa dar entrada no MP, assim como fazer uma manifestação em Bom Despacho e depois no pátio do Hospital com a presença da mídia da capital, com certeza, ficaremos de braços cruzados, apreciando mais uma troca de seis por meia dúzia.
Raimundo da Hora, Zezinho da Politur, Cláudio da Silva Neves, Marcus Vinícius, Vereadores, Deputados e Senadores, assim como comerciantes e autoridades locais, deveriam unir suas forças financeiras e políticas para arregimentar uma ação de protesto, a fim de que o povo de Itaparica possa verdadeiramente ter ao seu lado pessoas, que de uma forma ou de outra, se beneficiam ou já se beneficiaram com o voto deste povo sofrido que sequer sabe como reivindicar seus direitos.
É chegada a hora de pensar sério em relação ao HGI e agir mais seriamente em favor do povo, pois se formos esperar melhoras por si só, estaremos todos sendo cumplices da ineficácia, assinando o nosso atestado definitivo de abestalhados e, quem sabe, de óbito.

SIMPLES e COMPLICADO


A falta do senso de cidadania, aliado ao hábito arraigado da submissão social, imposta pelo chicote, a espada e a dominação psicológica, fez do povo brasileiro uma massa manobrável, quase que incapaz de compreender que, sem direitos, não há deveres bem cumpridos.
Para sobreviver a um contínuo assédio manipulador, cada cidadão foi desenvolvendo com recursos próprios suas defesas e dando a elas o nome de “jeitinho”; esta receita foi se alastrando ao ponto de hoje estarmos vivendo a “era do jeitinho”, onde nada, absolutamente nada, funciona sem que ele esteja presente, beneficiando um lado em detrimento de outro.
Enquanto fomos dando os nossos jeitinhos, perdemos sem que nos apercebêssemos a capacidade do aperfeiçoamento, da disputa através dos conhecimentos e talentos, da conquista por méritos, pura e simplesmente para sermos gigolôs de nós mesmos, vendendo nossas ideias e ideais, geralmente por uns trocados que mal pagam a nossa sobrevivência.
Fomos doutrinados a acreditar que ao lutarmos pelo que acreditamos ser o melhor, automaticamente estamos indo contra a este ou aquele, soterrando assim, qualquer estímulo às ações participativas de âmbito coletivo, onde a visão de “bem comum seja prioridade”.
Somos espectros manipulados sem alma e sem intelecto que, tão somente, aplaude ou vaia, sem maiores convencimentos que pudessem embasar nossas opções de escolha, fazendo do quase nada, nosso ideal de pátria e de vida.
Pense nisso em cada momento em que optar pelo silêncio da omissão ou pelo falso conforto do partidarismo.

Tudo é simples para ser sentido e complicado para ser compreendido, restando-nos somente a bendita vontade voluntária de apenas ser bem mais que um fantoche no contexto do sempre “jeitinho brasileiro” que nos mantém reféns da ineficácia e do consolo dos trios elétricos.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

ASAS QUEBRADAS


O pássaro desgovernou-se, suas asas feridas não foram capazes de sustentar o plainar de seu voo.
E assim somos nós, quando feridos, tornamo-nos incapazes de mantermos o rumo e o prumo do nosso caminhar, por mais que o queiramos.
A diferença entre nós e o pássaro é que ele, só tem o físico para cuidar, pois seus sentidos aguçados, bem mais poderosos que os nossos, encontram o alimento o pouso e o plainar que mais lhe é apropriado, sem dúvidas, desvios ou variantes que o tire do rumo, além das tempestades, do fogo e das agressões predatórias, geralmente, oriundas dos humanos.
Ontem, testemunhei diante da escola Arco Iris, a perversidade humana, através de três adolescentes que, insistentes, tentavam com pedras esmagar os ariscos pássaros que ciscavam ao pé da árvore, evidenciando, a falta de empatia para com a vida, desvio comportamental que afeta o ambiente como um todo, criando arestas e fendas por onde o desequilíbrio se instala, como asas quebradas emocionais que flagelam o físico, o psíquico e o tudo mais.


quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

FALA SÉRIO...


O tempo vai passando e a gente vai se enfarando de algumas corriqueiras situações que dantes nos pareciam absolutamente dentro do contexto de nossas formas de tocar as nossas vidinhas.
E aí, se em alguns aspectos éramos sistemáticos, aos poucos vamos intensificando esta característica de nossas personalidades e, como se fosse assim, de repente, percebemos que nos tornamos chatos e, diante desta constatação, se somos educados, tentamos disfarçar, mas pelo amor de Deus, fala sério...
Penso, então, que não é à toa que existem as aposentadorias, justo para livrar-nos da irritante repetitividade de todos os dias vivenciarmos uma rotina para lá de enfadonha, mesmo que o prazer norteie o que fazemos.
Esta mesmice irritante, acontece em algum momento de nossas vidas e atinge inevitavelmente todos os aspectos repetitivos, e não me venham dizer que não é bem assim, porque é exatamente assim, seja num casamento longo, que gostaríamos de tirar férias, seja com as manias insuportáveis de nossos filhos, seja com o trabalho que em dado momento sonhamos em largar, com os amigos, vizinhos, conhecidos e, até mesmo, com a nossa cidade que daríamos qualquer coisa para, nem que fosse por alguns dias, simplesmente desaparecer para um outro lugar, que pode ser qualquer um, desde que seja bem distante da chatice que nos sufoca.
Nossa, quem me lê, neste instante, certamente dirá que eu estou enfarada e, certamente, estará certa, pois fecho os meus olhos e me vejo sozinha, no alto de uma colina, cercada de árvores frondosas e tendo como companhia, tão somente, meus preciosos pássaros.
Estou naquela fase em que até o cheiro do peixe sendo frito ou do feijão que a vizinha cozinha, me enjoa.
Affe!!!
Gosto mesmo de minha Itaparica bem quietinha, sem tanta gente, tantas bandas e tanta desnecessariedade.



domingo, 7 de janeiro de 2018

PÓ DE ARROZ


Que coisa, viu!!! De repente é bem capaz de mais ninguém lembrar deste produto tão utilizado pelas mulheres até meados dos anos setenta.
Paguei o mico mais absurdo do mundo, procurando nas farmácias os benditos “pó de arroz” que ganharam outros nomes mais atualizados e, até mesmo, chiques por estar em inglês, mas que na realidade é o mesmo pozinho delicado que colocamos após a base em nossos rostos.
Pensando nisso, lembro do tudo mais que permaneceu igual, mas com nova nomenclatura, assim como, penso fazendo uma analogia com a linguagem entre pessoas, que apesar de representarem exatamente suas intenções, ganharam expressões modernas que confundem o desavisado, tipo eu, por exemplo.
Sou o que se poderia comparar com uma “porca espanada”, sempre fora destas mudanças sistêmicas, mas pelo menos, sem vergonha de dizer:
- O que é isso mesmo?
Claro que para os descolados, antenados e ligadões em tudo e em todos, sou uma toupeira, mas e daí, quem disse que quero concorrer ao título de esperta?
- Acorda, você não sabia?
- Em que mundo você vive?
E quem disse que eu quero perder o meu precioso instante presente, atualizando-me junto ao modernismo que muda por todo o tempo, banalizando os “pós de arroz” que, assim como tantas outras coisas, ajudou durante décadas a eu ser uma pessoa mais fiel e menos volúvel?
Tenho como relíquia, guardado na gaveta da cômoda, uma embalagem das antigas do meu inseparável pó de arroz da juventude, símbolo real da minha personalidade tradicional, que preza a qualidade sem fazer dela uma constante mutação, abrindo espaço para o leviano e o banal.


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

NÃO ME PERTENCE MAIS...




Amanheci depois de uma noite abreviada, afinal, como não ficar acordada para ouvir os fogos da passagem para um novo ano?
Sair, nem pensar, afinal, jamais gostei de aglomerações, preferindo a tranquilidade em poder assistir a grandiosidade dos fogos na Praia de Copacabana e ouvir a minha vizinhança que este ano, assim como eu, optou em permanecer em casa, comendo seus churrasquinhos, bebendo suas cervejas e ouvindo, desta vez, graças a Deus, boas músicas e numa altura suportável.
Minha casa também bombou, tem gente pra todo lado, mas a casa é grande e a nossa felicidade em tê-los, maior ainda.
Ontem, depois das 11 horas, quando todos saíram para ir assistir ao show, eu e meu Roberto, sentamos na varanda e, como de costume, fizemos nossa resenha de um tudo, um pouco, inclusive, agradecendo a Deus por estarmos vivos e ainda produtivos, além de felizes.
Reconhecemos que já não podemos nos dar ao desfrute dos exageros que dantes nos pareciam normais, como comer e beber qualquer coisa, pois o organismo, imediatamente, dá o seu sinal de alerta. 
Mas quem precisa de verdade dos exageros?
O bom do amadurecimento saudável é que vamos aos poucos, de forma natural e sem ressentimentos, deixando a nossa natureza conduzir as nossas necessidades, induzindo a mente sutilmente de que isso ou aquilo, já não “nos pertence mais”.
E aí, tudo vai se adaptando a uma nova realidade que está longe de ser desagradável ou limitadora, pois, também aos poucos, vão se descortinando alternativas que jamais seriam cogitadas na juventude que, também por sua natureza, é rebelde, apressada e pouco degustadora.
Concluo que todas as fases da vida são deliciosamente degustáveis, se soubermos como pássaros ariscos, ciscarmos apetitosamente e sem ressentimentos, pelos canteiros que vamos deixando para trás

ESPLENDIDO GOZO

De onde surgiu o meu improviso, não sei precisar, mas, com certeza, sempre foi a minha mais autêntica realidade, custando-me em algumas ocas...